05 Janeiro 2017
“Merry Christmas and Happy Hanukkah from Priscilla, Max, Beast and me!”. Eram 6 e 50 da manhã de 25 de dezembro último quando Mark Zuckerberg – o homem que fundou o Facebook (na época, 4 de fevereiro de 2004, ele estava com apenas 20 anos) e hoje é o quinto bilionário mais rico do mundo (segundo a revista Forbes de dezembro) – postou os seus (e de sua esposa e filhos) votos de Natal na página do “seu” social network. Um post igual ao de milhões de pessoas, escritos naquele dia e publicados em todos os cantos do mundo, palavras que teriam passado despercebidas se um amigo (ou simplesmente um de seus tantos fãs) não tivesse se intrometido. Com uma pergunta bastante direta: “Mas você não é ateu?”.
A reportagem é de Alberto Flores D’Arcais, publicada por La Repubblica, 04-01-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Era o que se acreditava até o outro dia. O fato de Zuckerberg ser ateu, ou ao menos agnóstico, ele mesmo tinha dado a entender na época em que – após ter largado a faculdade de Harvard e ter se transferido a Palo Alto, meca da Silicon Valley (ali morava Steve Jobs e é a sede da universidade de Stanford) – o garoto de New York tornou-se rico e famoso. De família judia – pai dentista e mãe psiquiatra – cresceu em Dobbs Ferry, cidadezinha nas margens do rio Hudson a 35 km de Manhattan, desde pequeno um talento na área científica, Mark jamais mostrou grande interesse pela religião. No dia de seu bar mitzvah (13 anos) conseguiu impor aos revoltados pais que a música para a cerimônia fosse a trilha sonora de Guerra nas Estrelas; nos anos seguintes jamais foi um religioso praticante e quando famoso se autodefinia genericamente ateu.
“Não. Eu fui criado judeu e depois passei um período em que questionei as coisas, mas agora creio que a religião é muito importante”. Esta é a resposta que – no espaço conciso do post – Zuckerberg passou para José Antonio (desenvolvedor de web da Society.guru, também residente de Palo Alto), o amigo do Facebook que havia postado a pergunta no Natal. Numa troca de comentários sobre o assunto com outros “amigos” da popular rede social respondeu também de forma bem humorada (à pergunta “por que o Facebook não notifica que é o aniversário de Jesus”, com um “Você não é amigo de Jesus no Facebook?”) sem entrar em maiores detalhes sobre sua relação com a religião.
“Vendo os momentos de alegria e família compartilhados hoje no Facebook é um das minhas coisas favoritas sobre a nossa comunidade. Espero que todos vocês estejam rodeados de amigos, familiares, de quem vos ama e que tenham a possibilidade de refletir sobre todas as coisas que têm significado nas suas vidas. Que a luz da sua amizade continue a iluminar a sua vida e todo o nosso mundo”. Assim continuava Zuckerberg na sua mensagem de felicitações natalinas, e agora são muito que se perguntam se essa volta à religião seja um retorno às raízes familiares judaicas ou algo diferente. Não é um mistério que a esposa do fundador do Facebook seja uma budista praticante, uma religião a respeito da qual Zuckerberg vem demonstrando algum interesse há alguns anos. Durante uma visita ao Pagode do Grande Ganso Selvagem (templo budista e símbolo da cidade de Xi’An na China), em 2015, parou para rezar junto com a esposa. Há poucos meses teve oportunidade de encontrar o Papa Francisco, durante uma viagem com a mulher a Roma. “Falamos ao Papa quanto a sua mensagem de misericórdia e ternura sirva de inspiração para nós”, escreveu então no Facebook, “certamente trata-se de um encontro que não esqueceremos. Conseguimos perceber o seu calor e a sua ternura, e quão profundamente ele se importa com ajudar as pessoas”. Judaísmo, budismo ou catolicismo, uma coisa é certa: Zuckerberg é de novo um crente.
A reportagem é de Alberto Flores D’Arcais, publicada por La Repubblica, 04-01-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Era o que se acreditava até o outro dia. O fato de Zuckerberg ser ateu, ou ao menos agnóstico, ele mesmo tinha dado a entender na época em que – após ter largado a faculdade de Harvard e ter se transferido a Palo Alto, meca da Silicon Valley (ali morava Steve Jobs e é a sede da universidade de Stanford) – o garoto de New York tornou-se rico e famoso. De família judia – pai dentista e mãe psiquiatra – cresceu em Dobbs Ferry, cidadezinha nas margens do rio Hudson a 35 km de Manhattan, desde pequeno um talento na área científica, Mark jamais mostrou grande interesse pela religião. No dia de seu bar mitzvah (13 anos) conseguiu impor aos revoltados pais que a música para a cerimônia fosse a trilha sonora de Guerra nas Estrelas; nos anos seguintes jamais foi um religioso praticante e quando famoso se autodefinia genericamente ateu.
“Não. Eu fui criado judeu e depois passei um período em que questionei as coisas, mas agora creio que a religião é muito importante”. Esta é a resposta que – no espaço conciso do post – Zuckerberg passou para José Antonio (desenvolvedor de web da Society.guru, também residente de Palo Alto), o amigo do Facebook que havia postado a pergunta no Natal. Numa troca de comentários sobre o assunto com outros “amigos” da popular rede social respondeu também de forma bem humorada (à pergunta “por que o Facebook não notifica que é o aniversário de Jesus”, com um “Você não é amigo de Jesus no Facebook?”) sem entrar em maiores detalhes sobre sua relação com a religião.
“Vendo os momentos de alegria e família compartilhados hoje no Facebook é um das minhas coisas favoritas sobre a nossa comunidade. Espero que todos vocês estejam rodeados de amigos, familiares, de quem vos ama e que tenham a possibilidade de refletir sobre todas as coisas que têm significado nas suas vidas. Que a luz da sua amizade continue a iluminar a sua vida e todo o nosso mundo”. Assim continuava Zuckerberg na sua mensagem de felicitações natalinas, e agora são muito que se perguntam se essa volta à religião seja um retorno às raízes familiares judaicas ou algo diferente. Não é um mistério que a esposa do fundador do Facebook seja uma budista praticante, uma religião a respeito da qual Zuckerberg vem demonstrando algum interesse há alguns anos. Durante uma visita ao Pagode do Grande Ganso Selvagem (templo budista e símbolo da cidade de Xi’An na China), em 2015, parou para rezar junto com a esposa. Há poucos meses teve oportunidade de encontrar o Papa Francisco, durante uma viagem com a mulher a Roma. “Falamos ao Papa quanto a sua mensagem de misericórdia e ternura sirva de inspiração para nós”, escreveu então no Facebook, “certamente trata-se de um encontro que não esqueceremos. Conseguimos perceber o seu calor e a sua ternura, e quão profundamente ele se importa com ajudar as pessoas”. Judaísmo, budismo ou catolicismo, uma coisa é certa: Zuckerberg é de novo um crente.
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