Avós da Praça de Maio encontram o 121º neto

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Por: João Flores da Cunha | 07 Outubro 2016

As Avós da Praça de Maio encontraram mais um neto que foi retirado de sua família durante a última ditadura do país (1976-1983). O 121º neto encontrado pela organização, que tem hoje 40 anos e cujo nome não foi divulgado, é filho de Ana María Lanzillotto e de Domingo Menna, dois militantes opositores ao regime militar que estão desaparecidos até hoje. O anúncio oficial dos detalhes da recuperação de identidade ocorreu no dia 04-10-2016.

“Temos a imensa felicidade de anunciar que encontramos o neto 121”, afirmou na cerimônia a presidente da organização, Estela de Carlotto. O neto 121 é sobrinho de Alba Lanzilotto, de 88 anos, que fez parte da comissão diretora das Avós da Praça de Maio. Ela declarou que o fato significa um renascimento para o sobrinho.

Os pais do neto agora encontrado faziam parte do Partido Revolucionário dos Trabalhadores – PRT, que na década de 1970 adotou como estratégia a luta armada para a tomada do poder, e do Exército Revolucionário do Povo – ERP, braço armado desse partido. Após o golpe de 1976, o grupo foi combatido pela repressão militar e deixou de existir. Nascido na Itália, e portanto chamado de “Gringo”, Domingo Menna era um quadro importante da organização.

O casal foi sequestrado pelas forças de segurança em julho de 1976 – quatro meses após o golpe –, quando Ana María estava grávida de oito meses. O filho nasceu quando ela estava detida e tinha o paradeiro desconhecido até o último dia 03-10, quando um exame genético confirmou a sua identidade.

O neto 121 tem um irmão: Ramiro Menna Lanzilotto, de 42 anos, que nasceu dois anos antes do golpe que culminaria com o desaparecimento de seus pais. Os dois irmãos ainda não entraram em contato. Ramiro esteve presente na cerimônia de anúncio e disse que entende ser este um “momento difícil” para o irmão, em que se descobre repentinamente ser alguém que não se é. Ele disse que a família tem “40 anos de amor para dar” para ele. Estela de Carlotto enfatizou que ele irá encontrar pessoas que o “buscaram incansavelmente até encontrá-lo”.

Após a ditadura ser instaurada na Argentina, os militares desenvolveram uma política sistemática de sequestro de filhos recém-nascidos dos opositores do regime. Acredita-se que 500 bebês tenham sido sequestrados pela ditadura. Organizações de direitos humanos estimam em 30.000 o número de desaparecidos na Argentina por ação do regime militar.

A organização das Avós da Praça de Maio foi constituída em 1977 por mulheres cujos familiares haviam desaparecido. Elas realizavam protestos semanais nessa praça para cobrar informações sobre os desaparecidos e para tornar pública a situação dos atingidos pela repressão militar. As Mães e as Avós da Praça de Maio têm como símbolo os lenços brancos que usavam nessas marchas.

Imagem: Avós da Praça de Maio

Ao longo de quatro décadas, as Avós têm se dedicado a encontrar os filhos dos desaparecidos. Nos governos de Néstor Kirchner (2003-2007) e de Cristina Férnandez de Kirchner (2007-2015), a organização passou a contar com apoio oficial, e o governo desenvolveu uma política de direitos humanos que buscava responsabilizar judicialmente os responsáveis pela violência de Estado do regime militar.

Após o fim do governo de Cristina Kirchner, e com a chegada de Mauricio Macri ao poder, houve dúvidas sobre a manutenção dessa política. Macri foi criticado por uma declaração na qual disse não saber se foram 30.000 os desaparecidos durante a ditadura.

Na cerimônia desta semana, esteve presente Claudio Avruj, secretário de Direitos Humanos do governo. “A relação das Avós com o Estado, neste caso com o secretário Avruj, é boa, constante e permanente”, afirmou durante o evento Estela de Carlotto, de acordo com a agência de notícias Telám.

No final de junho deste ano, as Avós da Praça de Maio haviam anunciado a recuperação do neto 120, José Luis Maulín Pratto. Recentemente (28-09), um tribunal ordenou o cumprimento de pena em prisão a Cecilia Góngora, que o criou como se fosse seu filho, e a Elsa Nasatsky de Martino, uma médica que adulterou a documentação do parto para que nela constasse que aquela havia dado à luz, e não a mãe biológica de Maulín Pratto.

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