Felipe Berríos, jesuíta, sobre Karadima: A Igreja deve desprender-se desse abuso de poder

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14 Janeiro 2016

O padre citou como exemplo a atitude que tomou o contestado bispo de Osorno, Juan Barros, que se recusou a renunciar, apesar da oposição de grande parte da comunidade.

A reportagem foi publicada por La Nación, 11-01-2016. A tradução é de Evlyn Louise Zilch.

O padre jesuíta Felipe Berríos afirmou nesta segunda-feira na "Rede Nacional" do canal a cabo Via X que, para reverter a desaprovação, a Igreja Católica chilena precisa romper com o abuso de poder.

Quando questionado pelo jornalista Francesco Gazzella sobre a relação da Igreja Católica chilena com seus seguidores e sua queda na aprovação pública em algumas pesquisas, ele disse que para melhorar isto “não é suficiente que Karadima tenha sido condenado, mas também a Igreja deve se desprender desse abuso de poder e isso, a hierarquia, contudo, não faz”.

“O que a igreja começou a viver nos anos 60 foi abruptamente interrompido nos 70, inclusive houve até um retrocesso com João Paulo II como Papa (...). Nós vivemos isto no Chile, esse retrocesso da igreja comprometida com os direitos humanos, chegamos a viver esta primavera. E esse retrocesso leva também a um abuso de poder”, disse o padre.

Para Berríos a atitude que “vemos no bispo Barros hoje, ‘Deus falou com o Papa, o Papa nomeou-me, e o resto pouco me importam as outras pessoas’. Esse abuso de poder é o que protege, o que alimenta todos os outros abusos”.

Mentalidade de Karadima

Neste contexto, Felipe Berríos disse que a ideia de resolver os problemas da Igreja chilena verticalmente não é a solução, uma vez que aqueles que lideraram os protestos contra o bispo Juan Barros eram cidadãos: “A ideia de transformar a ponta da pirâmide, isto vai mudar o resto, isto é uma ideia de mais de dois séculos. Eu acredito que as coisas mudam empoderando as pessoas. O que está acontecendo em Osorno, os leigos estão tomando o tamboril, não são os sacerdotes”.

“A mentalidade que é expressa (bispo Barros) é a mesma mentalidade eclesiástica que tinha Karadima, uma coisa ‘verticalista’”, acrescentou Berríos, que, aliás, sustentou que a questionada autoridade eclesiástica de Osorno “deveria renunciar pelo bem dele, pelo bem das pessoas e para apaziguar as coisas. Não pode continuar”.

Papa Francisco

Felipe Berríos também referiu-se à gestão do Papa Francisco e como tem sido a recepção de sua política nos distintos grupos católicos nacionais: “A Igreja em algum momento no Chile, (...) começou mais preocupada em dar permissão para uma poderosa elite econômica do que realmente atender às necessidades do povo de Deus”.

“Há um certo conflito e está claro que o Papa Francisco vem das comunidades de base. Há um grupo que nunca quis este Papa, um Papa latino-americano, há outro grupo que o apoiou e que se sente um pouco traído porque acreditavam que era mais conservador e acabou sendo um Papa assim. E outro grupo grande, no qual acredito que se encontra a maioria dos bispos chilenos, que está em silêncio, esperando o que virá”, finalizou o padre.

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