4º Domingo do Advento – Ano C – A alegre certeza do cumprimento da promessa de Deus

17 Dezembro 2021


“A presença de Jesus provoca a alegria, o estremecimento gozoso de todos aqueles que esperam a concretização das promessas de Deus e que veem na chegada de Jesus a realização das promessas de um mundo de justiça, de amor, de paz e de felicidade para todos os homens. Através de Jesus, Deus vai oferecer a salvação a todos; e isso provoca um estremecimento incontrolável de alegria, por parte de todos os que anseiam pela concretização das promessas de Deus.”

 

A reflexão é de Izabel Patuzzo, religiosa da Congregação das Missionárias da Imaculada - MdI. Ela é mestra em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e possui graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (1992). Atualmente é membro da Comissão Regional Sul 1 da CNBB para Animação Bíblica da Pastoral. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Teologia Prática, atuando principalmente nos seguintes temas: manual catequese ticuna, tradições sagradas, resistência, poder pastoral, Papa Francisco, povos originários, histórias sagradas e antigo testamento. Escreve roteiros homiléticos para a Revista Pastoral.

 

 

Leituras do Dia

 

1ª Leitura - Mq 5,1-4a
Salmo - Sl 79 2ac.3b.15-16.18-19
2ª Leitura - Hb 10,5-10
Evangelho - Lc 1,39-45

 

A Palavra de Deus para o último domingo do Advento refere-se à missão de Jesus: propor um projeto de salvação e de libertação que leve os homens à descoberta da verdadeira felicidade.
A primeira leitura sugere que este mundo novo que Jesus, o descendente de David, veio propor é um dom do amor de Deus. O nome de Jesus é “a Paz”: Ele veio apresentar uma proposta de um “reino” de paz e de amor, não construído com a força das armas, mas construído e acolhido nos corações dos homens.

 

“De ti, Belém-Efratá, pequena entre as cidades de Judá, de ti sairá aquele que há de reinar sobre Israel. As suas origens remontam aos tempos de outrora, aos dias mais antigos”.

 

A segunda leitura (Hb 10,5-10) sugere que a missão libertadora de Jesus visa o estabelecimento de uma relação de comunhão e de proximidade entre Deus e os homens. É necessário que os homens acolham esta proposta com disponibilidade e obediência – à imagem de Jesus Cristo – num “sim” total ao projeto de Deus.
“Eis-Me aqui; no livro sagrado está escrito a meu respeito: Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade”.

 

O Evangelho (Lc 1,39-45) sugere que a presença de Jesus neste mundo é, claramente, a concretização das promessas de salvação e de libertação feitas por Deus ao seu Povo. Com Jesus, anuncia-se a eliminação da opressão, da injustiça, de tudo aquilo que rouba e que limita a vida e a felicidade dos homens. Jesus, ao “nascer” entre nós, tem por missão propor um mundo onde a justiça, os direitos humanos, a dignidade, a vida e a felicidade das pessoas são absolutamente respeitadas. Dizer que Jesus, hoje, nasce no nosso mundo significa propor esta mensagem libertadora e salvadora.

 

“Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá”.

 

O texto da visita de Maria à Isabel nos descreve a mãe do nosso Senhor como modelo de discípula que é capaz de dialogar com Isabel para se colocar a seu serviço, porque é sensível às suas necessidades. O diálogo se expressa em um exercício de acolhida e disponibilidade. Tal atitude evoca a liberdade, pois somente quem tem um amplo domínio de si mesmo pode colocar-se à disposição de outra pessoa, sem se deixar escravizar de algum modo. As duas mães, assim como importantes matriarcas da literatura veterotestamentária, se dispuseram a colaborar com Deus no plano de salvação.

 

 

Maria, dócil ao anúncio, decide ir ver sua prima Isabel. Ela não fica de braços cruzados, pensando em si mesma, no que lhe havia dito o anjo Gabriel e inquietando-se além da conta por assuntos que não podia resolver por si mesma. Levantou-se. Por que dizer que se levantou? O verbo levantar-se indica uma força espiritual intensa que impulsiona Maria a visitar a Isabel. É a força interior do amor, o desejo de compartilhar a alegria da Boa Nova e a vontade de servir que faz com que Maria vá imediatamente à casa de Isabel.

 

Maria foi “às montanhas” para encontra-se, escutar e servir. O diálogo exige prontidão, disponibilidade para ouvir e acolher o outro, a outra na realidade em que se encontra. "Ir às montanhas" é caminhar sem temer os perigos que nosso serviço de caridade vai implicar. É deixar-se interpelar pelo outro, pelo diferente. Não é a imprudência de quem se atira de um precipício sem medir o perigo. É a audácia de quem sabe que, se não fizermos o que devemos, ninguém vai nos substituir. É a coragem de ir por onde talvez possa me incomodar mais, mas que ao mesmo tempo me faz ir por onde o outro mais necessita. A atitude de Maria com Isabel nos ensina a sermos audazes e às vezes caminhar por regiões montanhosas.

 

A presença de Jesus provoca a alegria, o estremecimento gozoso de todos aqueles que esperam a concretização das promessas de Deus e que veem na chegada de Jesus a realização das promessas de um mundo de justiça, de amor, de paz e de felicidade para todos os homens. Através de Jesus, Deus vai oferecer a salvação a todos; e isso provoca um estremecimento incontrolável de alegria, por parte de todos os que anseiam pela concretização das promessas de Deus.

 

Maria, após ter conhecimento de que vai acolher Jesus no seu seio, parte ao encontro de Isabel e fica com ela, solidária com ela, até ao nascimento de João. Temos consciência de que acolher Jesus é estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades?

 

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