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09 Setembro 2009

"A injustiça social grita por vingança. Na crise da economia mundial, os ricos pagam – no pior dos casos – em valores acionários, enquanto os mais vulneráveis, que justamente não têm nada a ver com a crise, "pagam-na" com a moeda líquida da sua chamada existência. Não são mais "pobres" – o conceito é muito frágil. Falar de "classe" seria um cínico eufemismo."

Zygmunt Bauman as chamou de "wasted lifes", em uma analogia que tem dificuldade para tolerar as montanhas de rejeitos produzidos permanentemente pelo "capitalismo sempre mais veloz e sempre mais belo". Bauman fala das subcidades invisíveis, nas quais esses "wasted humans" vegetam. Já não é um progresso que eles estejam onipresentes nas principais ruas de San Francisco?

Certamente, a coexistência reconciliada entre a pobreza mais desoladora e a riqueza não é nada nova. Mas, na política interna mundial, é uma injustiça que grita por vingança hoje, quando a igualdade social se tornou uma expectativa difundida em todo o mundo, e as crescentes desigualdades não podem ser justificadas como queridas por Deus, nem ser escondidas atrás dos muros dos Estados nacionais. Mas também é um problema moral para mim, para a minha geração, para o sociólogo alemão. Jogamos na cara de nossos pais: "Como puderam!". E hoje? Milhares de cidadãos do mundo norrem nas fronteiras marítimas da União Europeia, milhões de crianças morrem de fome por ano. Mas nós viramos a cabeça para o outro lado. Tudo isso é, ao mesmo tempo, banal, desarmante e profundamente vergonhoso.

(cfr. notícia do dia 09-09-09, desta página).