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O Levante Popular pela Legalidade, um Sinal dos Tempos?

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04 Setembro 2011

"Não seria o caso de, no cinquentenário comemorativo, começar a pensar em substituir os pseudo heróis farroupilhas, que de heróis nada tem, pelo Levante Popular pela Legalidade de tão grandiosa repercussão e que foi capaz até de postergar por três anos um dos capítulos mais tristes da história do Brasil, este sim, fazendo parte não da história da salvação mas da perdição?", pergunta Antonio Cechin, irmão marista, miltante dos movimentos sociais, autor do livro  Empoderamento Popular. Uma pedagogia de libertação. Porto Alegre: Estef, 2010.

Eis o artigo.

O mês de agosto findou e com ele, as comemorações dos 50 anos do Levante Popular pela Legalidade. A importância atribuída ao evento histórico em seu cinquentenário, especialmente na capital Porto Alegre, causou-nos forte impressão, tal o volume de depoimentos das testemunhas oculares do fato, quer como protagonistas principais; quer como apoiadores ou simples observadores; quer como analistas ou historiadores em conferências e entrevistas, sobre os 15 dias em que se desenrolou o episódio.

Não vivi de perto os acontecimentos pois me encontrava muito longe daqui, na França, precisamente na cidade de Saint-Paul-Trois-Château, recolhido que andava, durante seis meses, numa antiga cavalariça de um castelo medieval, hoje restaurada e transformada em casa de Segundo Noviciado dos Irmãos Maristas. Sem possibilidade de acesso a jornais, as únicas informações que recebía do nosso país, era somente através das cartas dos amigos.

Retornado da França em 1962, já quase ninguém mais aludia ao tal Levante. É verdade que também não demonstrei curiosidade a fim de me inteirar dos detalhes históricos, por tratar-se, segundo convicção já consolidada, de um fato de somenos importância, com apenas 15 dias de duração. Visto do exterior, o havia classificado em meu inconsciente, como uma simples quartelada, bem ao estilo das nações latino-americanas, tantas vezes apelidadas de "repúblicas de bananas", em castelhano muito bem descritas no dito: "Hay gobierno acá?... Soy contra!".

Por isso a surpresa tomou conta de mim, impactado que fiquei pelo verdadeiro dilúvio de loas e panegíricos à Legalidade, ao longo de todo o mês de agosto recém findo. Por isso procurei acompanhar ao máximo, as memórias divulgadas sobre a efeméride histórica, nos grandes meios de comunicação social: jornais, rádios e TVs.

Nas cartas que recebi há 50 anos atrás, já desde a França, assim como hoje, no tsunami dos memoriais que ouvi, li e vi, todos altamente laudatórios, sem absolutamente nenhum de caráter negativo, me firmaram na convicção de que se tratou de um Levante de categoria eminentemente Popular.

À notícia da renúncia do presidente Jânio Quadros seguida do veto ao vice João Goulart pelos comandantes militares, o Povo começou a se movimentar, saindo das casas em direção às ruas e praças. Num segundo momento, bem distinto, o governador Leonel Brizola, aliás como da boca dele próprio ouvi e vi pela televisão, os porto-alegrenses já haviam começado a se reunir na Praça da Matriz. Quando, ele mesmo, da sacada, viu algumas pessoas que até já tinham entrado no Palácio Piratini, começou a aderir, apoiando a revolta popular.

Num terceiro momento, tratou de organizar com a máxima presteza possível, a "Rede da Legalidade",
constituída de 104 emissoras de rádio, espraiadas por todo o estado do Rio Grande do Sul. O resultado dos discursos inflamados foi um grande arrastão de gente, acorrendo aos borbotões, engrossando sempre mais o ajuntamento que já existia na praça, defronte à sua residência.

Como eu embarcara para minha estada na França como bolsista, e havia sido secretário da PUC de Porto Alegre, um colega, em sua missiva, me informara que até a futura rádio Setembrina, ainda dentro das caixas no porão da PUC, à espera de instalação, também constava da lista das 104 emissoras da Rede. Apesar de encarcerada, pressentia-se a Setembrina numa maluca predisposição para vibrar também em consonância com a centena das outras, agitadas a partir do porão onde um Brizola inflamado, discursava a todo momento.

O testemunho de Lauro Hagemann, locutor principal da Rede da Legalidade, tanto em rádio como pela TV, neste cinquentenário comemorativo, deu ênfase total à versão de que o Levante foi primeiro do povão. Brizola depois polarizou o evento e acabou aparecendo como se fosse ele o iniciador do motim. Esta ultima versão não corresponde à realidade dos fatos, reafirmou com veemência Hagemann, em sua entrevista à TVE.

O cacoete secular de sempre atribuir a responsabilidade pelas vitórias históricas, a generais, presidentes, governadores, ou autoridades de qualquer instância do poder, apareceu até demais, nestes últimos dias quando testemunhas oculares da história, atribuíam a honra, a glória e o louvor, em primeiríssimo lugar e com quase exclusividade, ao Governador Leonel Brizola.

Nas palestras a que assisti, desde a metade do século passado, sobre matéria religiosa,  como por exemplo, de uma dupla famosa do estado de São Paulo, o dominicano Frei Gorgulho e a leiga Ana Flora, especialistas em Pastoral Evangelizadora da Igreja Católica, a categoria Povo foi colocada em destaque, em primeiro lugar pela Bíblia, séculos antes de constituir-se em termo sociológico. O vocábulo é milhares de vezes citado em todas as sete dezenas de livros, tanto do Antigo como do Novo Testamento que compõem a Sagrada Escritura.

Certamente foi a fé ínsita no povo brasileiro, cristão em sua maioria, que acabou se transfigurando em provérbio: "a voz do povo é a voz de Deus". Notemos bem que é a voz do Povo, não a voz das massas que é a voz de Deus. Povo exprime sempre gente organizada. Massas geralmente vem acolherada com a palavra populacho, sumamente depreciativa.

Como ressaca do tsunami de esclarecimentos e informações que nos entraram pelos olhos, nas TVs, jornais e livros históricos; que ressoaram pelos nossos ouvidos, durante todo um mês, hoje me pergunto: Até que ponto o Levante pela Legalidade, pode ser considerado um Sinal dos Tempos ou não ?

A expressão Sinal dos Tempos foi usada várias vezes por Jesus. O papa João XXIII, de saudosa memória, ficou marcado como o recuperador da expressão para os dias de hoje, bastante usada por ele nas encíclicas e discursos. A expressão é muito próxima de outra, kairós que, em língua grega, significa tempo favorável, ou tempo de "Graça e de bênção".

Os Sinais dos tempos ou o Tempo de Graça e de Bênção nada mais são do que fatos do cotidiano de uma única história que é a grande História Universal, em cuja transparência, através de uma espécie de sexto sentido com que a fé nos dota, consegue ler a vontade de Deus em relação à humanidade. À sequência de fatos que tecem um processo histórico, lidos como Sinais dos Tempos, pelas pessoas de fé, chama-se História da Salvação.

Contudo não há duas histórias paralelas: uma, História Universal e outra, Historia da Salvação. Para quem é ateu, isto é pessoa que não acredita em Deus, que não tem fé, só existe História Universal. Porém para quem acredita no Homem Jesus de Nazaré que é Homem-Deus, através de um olhar penetrante, consegue ler os fatos em sua transparência. Esses fatos entretecidos e formando um processo histórico, é o que costumanos chamar de História da Salvação. Naturalmente, como o projeto divino da Salvação é eminentemente comunitário e de todo um Povo, só tem valor de Sinal dos Tempos, quando sua leitura é também da Comunidade de Fé Comunitária e não apenas individual.

A instituição que congraça as Comunidades de Fé, é a Igreja. A pergunta que insiste em não me ficar presa na garganta é: A Igreja de ontem, ano 1961, e a Igreja de hoje, ano 2011, como é que leram e lêem hoje ainda, o episódio "Levante pela Legalidade" quando em realização no passado, e como o estão lendo neste ano por ocasião das comemorações cinquentenárias ? Para a Igreja Católica, Apostólica e Romana, o acontecimento, já fazendo parte da grande História Universal, foi e continua sendo tratado com o devido respeito, por se tratar de um autêntico SINAL DOS TEMPOS? Sentimos todos que se trata de um fato prenhe de sentido, ou de pouca ou nenhuma significação para a História da Salvação do povo brasileiro?

Para responder com alguns fatos mais do cotidiano de 1961 e do também cotidiano de hoje, ano de 2011, confesso que o tema "Igreja Católica e LEGALIDADE" praticamente não se fez presente na narração histórica do passado e também nas ressonâncias de 50 anos atrás, isto é na Igreja local, hoje, na catadupa das notícias e comentários dos Meios de Comunicação Social.

Na Igreja Católica costumamos sempre distinguir dois níveis: Hierarquia ou cúpula, e na base Povo ou laicato. Estas duas últimas palavras Povo-Laicato, são absolutamente sinônimas. Apenas diferem em suas origens: Povo vem do latim populus e laicato vem do grego laos.

Relativamente a fatos relativos à Hierarquia e ao Povo, um me atraiu a atenção em relação à hierarquia e outro ao Laicato.: Ante-ontem foram proclamadas as 60 pessoas vivas e falecidas mais destacadas no episódio de 196l com direito a prêmio. O último da lista é o Arcebispo Dom Vicente Scherer. Já tinha escutado num depoimento que o arcebispo tinha permitido que instalassem uma metralhadora na cripta da catedral metroopolitana. Aliás iniciativa mínima para o mínimo de defesa do Palácio Piratini que é vizinho e mesmo contíguo da catedral e da cúria metropolitano.

Sabemos que D. Vicente gozava até de respeitável admiração, mesmo da parte do governador. Quando Brizola se candidatou para as eleições de Governador do Estado, lembro que fez alguns agrados à Igreja do Rio Grande, coisa até bastante normal em eleições da época. Ninguém, absolutamente ninguém mesmo ousava criticar, nem no interior da Igreja e nem na sociedade civil. Exemplo digno de nota foi o asfaltamento da estrada Porto Alegre-Viamão. Na época era uma estrada quase intransitável, de chão batido. O interessante é que o asfalto não chegou até o centro de Viamão, parou na porta do Seminário.

Ainda outro fato na cúpula da Igreja foi o narrado hoje, dia 2 de setembro, no jornal Zero Hora. Na Igreja da Conceição, era pároco um Monsenhor, por sinal muito meu amigo, que obrigou um casal que, com mais de um mês de antecedência, havia fixado dia e hora do casamento, a anteciparem de duas horas o sacramento do matrimônio. Resultou num casamento às pressas porque o pároco estava apavorado com o anunciado bombardeio que Porto Alegre teria que sofrer imediatamente, conforme o alerta do Governador Brizola. O pároco em desespero por aquilo que poderia acontecer, programou fuga imediata da cidade a fim de seguir viagem de ônibus até casa na praia. Os noivos igualmente, assustados pelo vigário, também fugiram de ônibus depois do casamento feito de afogadilho, sem poder avisar nem sequer algum parente próximo. Os verdadeiros convidados chegaram na hora aprazada e receberam o recado de que não haveria mais a administração do matrimônio.

Neste fim de semana, 50 anos depois, farão na mesma Igreja da Conceição, o casamento solene, a noiva de véu e vestido ad hoc, rodeados de vários filhos, noras e netos, além dos muitos convidados de 50 anos atrás ainda vivos e inúmeros outros pelo ineditismo da cerimônia. Não faltará nem mesmo o banquete solene em algum restaurante vizinho que, às pressas teve que ser suspenso na trágica ocorrência de 1961 e da qual, certamente, tiveram que acertar a conta.

Um segundo fato, agora na base da Igreja, narrado pelo jornal Zero Hora do dia 24 de agosto próximo passado, sob a manchete "Se houvesse confronto, a maioria desertaria." Os soldados do III exército, nas primeiras horas e dias em lado oposto ou inimigo do povo que se levantara unido, conclamado por Brizola tomaram o predio da Rua Riachuelo, esquina com a Gal. Portinho: o Instituto Imaculado Coração de Maria, à época um colégio de preparação de freiras.

As noviças foram transferidas para Gravataí. Eram quase uma centena e todas levadas em jipes do exército em caravanas sucessivas e cuja movimentação assustava pedestres em todo o percurso, a fim de que o prédio ficasse à disposição do III Exército. Para o porão foram levadas  armas, munições e mantimentos. Apesar da preocupação constante de um ataque, dentro da congregação o clima era amenizado graças à genileza da diretora do instituto, Maria Imilda Giordani.

Todos os finais de tarde, após seu retiro espiritual, dentro do princípio cristão de "fazer o bem sem olhar a quem", a madre superiora mandava uma irmã auxiliar distribuir à soldadesca, cesta com bolinhos salgados e pedaços de cuca. Até santinhos com imagens da irmã Bárbara Maix, fundadora da Congregação cujos restos mortais, hoje canonizada, chegaram às mãos dos soldados. No verso, uma mensagem: "Tenham fé! Nada vai acontecer de ruim. Rezo por vocês!"

A certa altura passaram a ser frequentes entre os soldados perguntas como "o que estamos fazendo aqui"? e "quem são nossos inimigos"? a denotar certa insubordinação. O dia 28 de agosto foi de alívio. "Bastou um um soldado nosso acenar uma toalha branca em direção às bases "inimigas" para o pessoal da Brigada Militar sair de seus esconderijos, esfregando as mãos de alegria, indo ao nosso encontro para abraços e confraternizazão" – lembra Nazzari, comandante do contingente do III Exército, de ocupante do Colégio das Freiras.

O Levante Popular aos gritos de respeito para a Constituição Brasileira, clamando em favor de Democracia e Paz, enquanto todos se davam abraços de alegria em praça pública, conseguiu que o exército brasileiro ensarilhasse as armas, deixando enraivecidos seus comandantes, na ocasião despreparados para o bote sobre a Paz. a Legalidade e a Democracia. Mais preparados estrategicamente, retornaram em 1964, postergando o Golpe por três anos. Mas o povo brasileiro também teve três anos mais para estar mais bem preparado.

Paz, Democracia, Legalidade, Libertação, são valores profundamente humanos e absolutamente necessários na organização de um Povo. Quanto mais profundamente humanos os valores, tanto mais divinos também serão. São portanto perfeitos "Sinais dos Tempos".

Nossos teólogos resumem nossa reflexão dizendo que o Homem Jesus de Nazaré foi de tal maneira humano que só podia ser mesmo o próprio Deus.

Concluindo e "para não dizer que não falei de flores" na expressão do poeta-cantor, uma pergunta intrigante: "Não seria o caso de, no cinquentenário comemorativo, começar a pensar em substituir os pseudo heróis farroupilhas, que de heróis nada tem, pelo Levante Popular pela Legalidade de tão grandiosa repercussão e que foi capaz até de postergar por três anos um dos capítulos mais tristes da história do Brasil, este sim, fazendo parte não da história da salvação mas da perdição?


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