O ativista chinês e o cachorro de Mark Zuckerberg

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14 Março 2011

O Facebook tem atraído críticas devido a uma política que impede que os usuários adotem pseudônimos, mesmo em países onde a divulgação de suas identidades reais os coloca em risco de prisão. Agora, o proeminente blogueiro chinês Michael Anti apontou para o estranho fato de que o Facebook se dispõe mais a dar uma conta a um cachorro do que para ele.

A nota é de Evan Osnos, publicada no blog Letter from China, do sítio da revista New Yorker, 15-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Por uma década, Michael Anti foi o pseudônimo de Zhao Jing, um prolífico escritor e ativista pela liberdade na Internet. Em 2005, o seu blog em um site hospedado pela Microsoft foi fechado sob pressão do governo chinês. Desde 2007, ele usava o seu pseudônimo em uma conta no Facebook, até que foi deletado abruptamente em janeiro, desfazendo a sua rede de mais de mil contatos, segundo ele.

"Estou muito, muito irritado. Eu não posso usar o meu nome chinês. Hoje, eu descobri que o cachorro de Zuckerberg tem uma conta no Facebook. Meu trabalho jornalístico e acadêmico é mais real do que um cachorro", disse ele esta semana.

De fato, dado os tempos em que vivemos, Zuckerberg e o cachorro de sua namorada Priscilla Chan, da raça komondor, têm um perfil com fotos e atualizações pessoais: "Recém aprendi a subir escadas. Eu sou um campeão". Agora, eu já me acostumei com cães online, mas, por favor, expliquem-me por que esses fatos deveriam nos convencer de que Zuckerberg realmente entende as questões em jogo?

A justaposição entre privacidade e tecnologia é menos divertida quando lembramos o destino de Shi Tao, um repórter que está cumprindo uma pena de dez anos por vazar segredos de Estado, depois que o Yahoo! China divulgou suas informações pessoais para o governo.

A página do cachorro não colide com a política do Facebook, porque não é um perfil pessoal, mas sim uma página para figuras públicas. Até agora, o Facebook disse a Anti por e-mail: "Nós tentamos manter as regras simples e justas, dizendo que os perfis pessoais devem sempre ser criados no nome jurídico real da pessoa em questão".

Perguntei a Anti sobre o caso hoje, e ele ressaltou que seu pseudônimo está tão consolidado que até a Universidade de Harvard usou-o em 2008 no certificado que ele recebeu depois de sua Nieman Fellowship [curso de especialização em jornalismo].

Por enquanto, porém, a única solução lógica para esse retrato da evolução do Facebook é que o cachorro de Zuckerberg use a sua plataforma pública para defender a proteção de escritores chineses.

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