Loira, Hebe se firmou como uma apresentadora maliciosa

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01 Outubro 2012

"Hebe se vai em tempos em que o Brasil celebra a sociedade do consumo que ela, em sintonia com a TV, ajudou a construir", escreve Esther Hamburger, antropóloga e professora da ECA-USP, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 30-09-2012.

Segundo ela, "a menina do interior morre poderosa. Seu velório no Palácio dos Bandeirantes é emblemático das relações perniciosas entre a política e a TV".

Eis o artigo.

A trajetória de Hebe Camargo se confunde com a história da TV no Brasil.

Apresentadora popular e polêmica, com incursões na política conservadora - chegou a apoiar Paulo Maluf -, Hebe fez sua carreira em emissoras paulistanas.

A "moreninha do samba" chegou à TV em 1950. Experimentou ser atriz, mas se firmou como apresentadora sensual e maliciosa de programas em torno de sua persona, com seu nome no título.

Com passagens pela TV Paulista, Continental do Rio, Record, Tupi, Rede TV! e SBT, Hebe se especializou em entrevistar celebridades.

Foi nessa função que, nos anos 1950, tingiu os cabelos. Nos anos 1960, quando as novelas ainda não dominavam o horário nobre, seu "Programa da Hebe", na Record, era líder de audiência.

Loira, Hebe se associou a figuras como Marylin Monroe e Brigitte Bardot. Como elas, Hebe encarnou o estereótipo da loira. São personagens populares na primeira metade do século passado, antes que os movimentos dos anos 1960 embaralhassem os limites entre as formas populares e as eruditas.

Ao tingirem seus cabelos, Marylin e Bardot se aproximaram do biotipo médio em seus países. Sintetizaram o polo feminino, popular, emocional, sensual e traiçoeiro, que se opõe, mas também alavanca, um polo masculino, racional e erudito.

Hebe recebeu com desenvoltura e fantasia uma lista eclética de convidados.

Personalidades da política e das artes compareciam a seu programa e sentavam no sofá que era palco da performance da apresentadora.

Com um sorriso que enquadrava interlocutores, Hebe resistiu mais tempo que figuras populares como Flávio Cavalcanti e Chacrinha.

Ela se vai em tempos em que o Brasil celebra a sociedade do consumo que ela, em sintonia com a TV, ajudou a construir.

A menina do interior morre poderosa. Seu velório no Palácio dos Bandeirantes é emblemático das relações perniciosas entre a política e a TV.