Nigéria: ''Um extermínio sistemático. A estratégia é provocar uma guerra civil''

Mais Lidos

  • Para a professora e pesquisadora, o momento dos festejos natalinos implicam a escolha radical pelo amor, o único caminho possível para o respeito e a fraternidade

    A nossa riqueza tem várias cores, várias rezas, vários mitos, várias danças. Entrevista especial Aglaé Fontes

    LER MAIS
  • Frente às sociedades tecnocientífcas mediadas por telas e símbolos importados do Norte Global, o chamado à ancestralidade e ao corpo presente

    O encontro do povo com o cosmo. O Natal sob o olhar das tradições populares. Entrevista especial com Lourdes Macena

    LER MAIS
  • Diante um mundo ferido, nasce Jesus para renovar o nosso compromisso com os excluídos. IHUCast especial de Natal

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

19 Junho 2012

"Este não é um pequeno episódio, mas sim um extermínio sistemático. Se morre um ser humano, morre o mundo. Mas aqui quantos homens, mulheres e crianças estão perdendo a vida?".

A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal Corriere della Sera, 18-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

De Nápoles, onde, como fundador da Comunidade de Santo Egídio, ele organizou junto com a arquidiocese um congresso sobre os amigos dos pobres, Andrea Riccardi acompanhou com apreensão as notícias provenientes da Nigéria. A África é um continente ao qual o ministro italiano para a Cooperação Internacional e para Integração presta uma atenção particular.

"Porque esse é um país complexo. Um grande Líbano de convivências entre cristãos e muçulmanos com uma fragmentação forte, não resolvida pelo federalismo. Um país rico em petróleo, mas também de grandes pobrezas. Onde o movimento fundamentalista islâmico de Boko Haram quer fazer a limpeza".

"Porque são cristãos. Porque atingi-los gera notícia no mundo. E porque os muçulmanos querem a hegemonia em uma jihad anticristã. Uma situação explosiva".

Eis a entrevista.

E todos os domingos as igrejas passam a ser alvo.


Os cristãos se tornam uma presa fácil. Ao bispo de Jos os seus fiéis dizem: "Não devemos nos armar". Mas hoje me chamou atenção o fato de que, por parte dos cristãos, houve uma resposta.

Os atentados desencadearam represálias contra os muçulmanos, linchados e mortos no local.

As represálias devem ser sempre condenadas. É claro que existe o direito de uma legítima defesa, e ninguém pode pedir que os cristãos sejam martirizados. Mas os Boko Haram quer provocar uma frente anticristã que hegemonize os muçulmanos nigerianos locais. O que a Al Qaeda fazia em uma escala maior. Esses cristãos aparecem como vítimas-cordeiro: as crianças mortas, no momento mais sagrado da função religiosa. Enfim, uma situação que corre o risco de dividir a Nigéria. Essa é a estratégia perversa dos Boko Haram: atingir os cristãos e provocar uma guerra civil. Além disso, no Mali do Norte, constituiu-se um Estado islâmico. Depois, também foram atingidos locais muçulmanos e as escolas. É evidente que a Nigéria não consegue fazer com que a ordem seja respeitada e proteger as minorias.

O padre Federico Lombardi fala de ataque "inaceitável". A Santa Sé pode agir de algum modo?

Eu acredito que a Santa Sé não tem os instrumentos operacionais para fazer isso. Mas ela convoca, como é justo fazer, a comunidade internacional e a Nigéria a assumirem suas responsabilidades.