A “maturidade eclesial”. Característica de uma Igreja em diálogo com a sociedade contemporânea

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31 Mai 2012

Mario de França Miranda A semântica do Mistério da Igreja no contexto das gramáticas contemporâneas. Uma nova configuração eclesial para hoje? Trata-se de uma indagação que estará em debate no XIII Simpósio Internacional IHU. Igreja, Cultura e Sociedade: a semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica, em outubro, na Unisinos.

Para desenvolver essa temática, o conferencista convidado é o padre jesuíta e doutor em teologia Mario de França Miranda.

Miranda, natural do Rio de Janeiro (1936), é graduado em Filosofia pela faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira (São Paulo), mestre em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade de Innsbruk (Áustria) e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). Atua também como professor no Departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

O diálogo da Igreja com o mundo moderno e pós-moderno é uma temática frequente nos escritos do teólogo em pauta. É o que se pode observar em obras como Existência cristã hoje (Loyola, 2005), A Igreja numa sociedade fragmentada (Loyola, 2006), Igreja e sociedade (Paulinas, 2010). A partir dessa relação Igreja e mundo contemporâneo, o autor desdobra questões como da pluralidade, sociedade secularizada, democracia, diversidade religiosa e promoção da justiça.

Em seu artigo intitulado Maturidade eclesial, publicado em seu sítio pessoal na internet, Miranda faz referência à atual crise da Igreja, com as seguinte palavras: “nenhum de nós ignora que hoje a Igreja Católica atravessa uma crise, como, aliás, também outras instituições da sociedade. Embora sua história apresente outros momentos difíceis por ela vencidos, parece-nos que a atual crise se diferencia das anteriores, mesmo da crise do século XVI, pelos desafios inéditos que traz em seu bojo”.

Entretanto, para o teólogo, essa crise deve ser entendida a partir da própria missão da Igreja que deve se desenrolar no seio da sociedade. Em outras palavras, a Igreja não se constitui numa realidade fora da sociedade, mas numa perspectiva relacional. Segundo o autor, as “rápidas e sucessivas mudanças socioculturais, a sociedade pluralista e secularizada, a hegemonia do fator econômico na vida social e familiar, a emergência da subjetividade, a desilusão e a desconfiança diante da capacidade da razão humana, a proximidade das outras religiões, são alguns fatores que transformaram a nossa sociedade e nossas vidas e que inevitavelmente incidem na vida da própria Igreja, visto que sua existência só se justifica enquanto esteja voltada para a sociedade levando-lhe a mensagem e a realidade do Reino de Deus”.

Para que a missão evangelizadora e transformadora frutifique na sociedade, a Igreja deve conhecer bem os interlocutores, levando em conta “suas linguagens, suas deficiências, seus valores, suas preocupações, seus sonhos, seus sofrimentos e suas realizações”. Caso contrário, alerta Miranda, a Igreja “não conseguirá ser uma realidade pertinente e significativa para seus contemporâneos”.
Os desafios contemporâneos não impactam apenas na linguagem da proclamação da fé, mas envolvem também a realidade da Igreja enquanto instituição. Por isso a Igreja deve “mudar para poder ser Igreja, a saber, sinal salvífico que seja, de fato, captado como tal pela sociedade”. Trata-se de uma tarefa exigente, na medida em que as “transformações de mentalidades, de práticas, de hábitos que nos são familiares só se realizam lentamente, mesmo quando pressionadas pelo contexto vital em que nos encontramos”.

Diante do novo contexto de mundo e de Igreja, abrir-se para uma perspectiva de mudança demanda uma maturidade inédita. Isto é, a “atual realidade eclesial pede de nós uma maturidade inédita, uma atitude nova, um posicionamento original, condizentes com a hora presente, já que a história jamais se repete como bem sabemos”. Trata-se, em outras palavras, de uma maturidade que implica a Igreja como um todo. Daí o sentido da maturidade eclesial mencionada por Miranda.

A nota é de Luís Carlos Dalla Rosa.

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