Abel, pai e referência da bioética na Espanha

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13 Janeiro 2012

O jesuíta e bioeticista espanhol Francesc Abel i Fabre, falecido no último dia de 2011, sempre compreendeu e defendeu a necessidade de construir uma ética liberal e laica, de mínimos mais do que de máximos.

A opinião é da filósofa espanhola Victoria Camps, presidente do Comitê de Bioética da Espanha e ex-vice-reitora da Universidade Autônoma de Barcelona. O artigo foi publicado no jornal El País, 10-01-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

No último dia 31 de dezembro, falecia em Sant Cugat del Vallès o jesuíta Francesc Abel, doutor em medicina, teólogo, fundador e diretor do Instituto Borja de Bioética. Foi precisamente a bioética que me conduziu até ele há muitos anos. O Dr. Abel foi o primeiro na Espanha e, se não me engano, na Europa a criar uma instituição dedicada à pesquisa e à formação em bioética, inspirada no Kennedy Institute of Ethics, de Washington. Também foi o primeiro a impulsionar os comitês de ética hospitalares, pondo em marcha o primeiro deles no Hospital de San Juan de Dios, em Barcelona. Isso ocorreu em 1976, muitos anos antes de começarem a proliferar os mestrados e as instituições universitárias dedicados à bioética.

A capacidade organizativa, o espírito inovador e, especialmente, o caráter aberto e dialogante do Dr. Abel converteram-lhe muito rapidamente na referência imprescindível em toda iniciativa que tivesse a ver com a ética das profissões da saúde. Sem dúvida, inspiravam-lhe a sua dedicação profissional em um hospital de explícita vocação cristã, assim como o seu próprio pertencimento à Companhia de Jesus.

Isso, no entanto, nunca foi óbice para que sempre compreendesse e defendesse a necessidade de construir uma ética liberal e laica, de mínimos mais do que de máximos, de modo que a maioria pudesse se sentir confortável nela. Nem sempre lhe foi fácil manter-se nessa posição, especialmente quando se tratava de tocar os temas menos propícios para obter o beneplácito das autoridades eclesiásticas, como o aborto ou a eutanásia.

Francesc Abel era valente e prático, entendia perfeitamente a incumbência do que tinha em mãos e não vacilava na hora de assinar um documento que ele considerava um passo à frente no tratamento ético de questões difíceis e polêmicas. Seu caráter brincalhão e seu senso comum eram um bom antídoto contra a dramatização das discussões.

A herança de Francesc Abel está manifesta no prestígio adquirido pelo Instituto Borja de Bioética, que continua sendo um dos centros de referência na matéria e que conta com uma poderosa estrutura que garante o seu funcionamento. Nós, os membros passados e presentes do Comitê Consultivo de Bioética da Catalunha, que ele contribui para criar, também nos sentimos devedores seus.

Ele deixa uma obra abundante e pioneira sobre questões tais como os comitês de ética, o consentimento informado, o tratamento da infertilidade, as decisões no fim da vida, o diagnóstico pré-natal e a docência da bioética, apenas para nomear uma amostra. Acima de tudo, ele foi um dos pilares que ajudou a edificar e a consolidar a bioética em nosso país [Espanha].

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