Onde estava Deus quando o Haiyan destruiu tudo em sua passagem?

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Por: André | 20 Novembro 2013

Onde estava Deus nas Filipinas? Esta é a pergunta que Daniel Burke se faz. Burke é jornalista da cadeia americana CNN e também um dos cronistas do blog Belief, hospedado no sítio da cadeia. Onde ele estava quando o tufão Haiyan se abateu sobre o arquipélago, já tão duramente castigado pela pobreza e que conta agora com mais de 10 milhões de desabrigados?

A reportagem é de Anne-Cecile Juillet e publicada pela revista francesa La Vie, 12-11-2013. A tradução é de André Langer.

Esta pergunta, que tanto crentes como não crentes se fazem, após cada grande catástrofe natural. Nesse país massivamente católico – o maior da Ásia –, quantos homens e mulheres que tiveram suas vidas devastadas não se fizeram esta pergunta? Daniel Burke tentou responder a ela, fazendo-a a representantes de diferentes confissões religiosas. Se não é para dar assertivas definitivas diante do infortúnio, mas para acompanhar a reflexão.

Para conseguir isto, Burke recorda uma pesquisa: para 58% dos norte-americanos, é o aquecimento climático, mais que uma “divindade encolerizada” (38%) que está por trás de tempestades tão violentas. “A maioria de nós interpreta esses acontecimentos não pelos estrondos de que fala o profeta Jeremias, ou pelas visões terríveis embora poéticas do Livro do Apocalipse, mas pelas verdades científicas de pressão do ar ou de placas tectônicas...”, lembra Burke.

O que não impede que para os ateus, tempestades como o Haiyan são “a prova de que Deus não existe”, prossegue. “Ou Deus não pode fazer nada para evitar catástrofes desse tipo, ou ele não tem nada a fazer, ou ele não existe. Portanto, ou Deus é impotente, ou ruim, ou uma ficção”, declarou Sam Harris, ativista ateu americano, após o tsunami que varreu o Japão em 2011.

Burke não decide, mas deixa a palavra a esses “líderes religiosos que sentem uma presença divina nas pegadas, especialmente porque pessoas de todo o mundo se mobilizam para ajudar”.

O rabino Harold Kushner estima que a natureza pode se revelar uma força “destruidora que respeita a igualdade de oportunidades: ela não fez nenhuma distinção entre os santos e os pecadores”. Mas Kushner vê a mão de Deus na resiliência das pessoas, cujas vidas foram destruídas, e na bondade e na generosidade dos estrangeiros, que ajudam e rezam pelos sobreviventes.

Para o jesuíta James Martin, “não existe nenhuma boa resposta” diante do sofrimento humano. “Não existe resposta mágica, mas a ideia de Deus que sofre conosco pode ser útil”, analisa ele.

Continuando sua pesquisa, Daniel Burke interroga Sayyid Syeed, líder muçulmano: “Nós acreditamos que Deus prova aqueles que ele ama, e essas tragédias servem de chamada de atenção: devemos ser gratos para com Deus quando nos cumula com suas bênçãos, e conscientes do fato de que devemos apoiar aqueles que estão em necessidade”.

Para concluir, o autor interroga um mestre budista vietnamita, cujo país de origem foi atingido pelo Haiyan. “A melhor coisa que podemos fazer pelos mortos é viver de tal maneira que eles possam se sentir sempre vivos em nós, de maneira mais atenta, profundamente e bela, aproveitando cada minuto da vida para nós e para eles”.

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