Entre a dúvida e a confiança: as razões da fé. Artigo de Enzo Bianchi

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16 Mai 2013

No Salão Internacional do Livro de Turim, na Itália, no próximo sábado, 18 de maio, Enzo Bianchi, prior da comunidade monástica de Bose, proferirá uma lectio magistralis sobre o tema "Fé e confiança", assunto sobre o qual ele acaba de publicar pela editora Einaudi um livro com o mesmo título. Publicamos aqui um trecho da sua reflexão.

O artigo foi publicado no jornal Avvenire, 15-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Educar para a fé é, para a Igreja, para os cristãos, a tarefa principal. Mas, na tentativa de realizá-la, pode-se tomar muitos caminhos, alguns decisivamente equivocados, outros pouco eficazes. Tudo depende, na verdade, e não pode ser de outra forma, da capacidade dos cristãos de assumir a mesma pedagogia vivida por Jesus ao encontrar os homens e as mulheres.

Hoje também a fé pode ser gerada, despertada, feita emergir por aqueles que, querendo ser testemunhas e evangelizadores de Cristo, sabem encontrar as pessoas de modo muito humano; sabem ser uma pessoa confiável, cuja humanidade é crível; sabem estar presentes para o outro, sabem fazer o dom da própria presença; sabem, em um descentramento de si mesmos, sinalizar para Jesus e, através dele, indicar Deus, o Deus que é amor.

Pode acontecer – como muitos afirmam – que hoje o discurso sobre Deus deixe as pessoas indiferentes: eu mesmo penso que essa observação contém alguma verdade. É possível que hoje "a Igreja – como escrevia há mais de 40 anos o teólogo Joseph Ratzinger – se tornou para muitos o principal obstáculo para a fé". Mas continua sendo verdade que as pessoas são sensíveis ao fato de crer ou não crer no amor, porque disso depende o "sentido dos sentidos" da vida.

Continuo convencido que ainda hoje muitos perguntam aos cristãos: "Queremos ver Jesus!" (Jo 12, 21), porque sentem que a sua humanidade lhes diz respeito e os envolve. Mas os cristãos sabem como responder a essa pergunta, a esse anseio profundo, ou não a ouvem, a ignoram?

Eles deveriam saber testemunhar com a vida e, consequentemente, anunciar que "o que Jesus tinha de excepcional não era de ordem religiosa, mas sim humana" (Joseph Moingt): ele, a verdadeira imagem do Deus invisível, à semelhança do qual fomos criados e nos tornamos seres humanos, nos ensinou a viver neste mundo (cf. Tt 2, 12), nos deixou pegadas humaníssimas sobre as quais podemos caminhar para ser seus irmãos e filhos de Deus.

Devemos apenas crer no amor que ele, Jesus, viveu até o fim, até o extremo. Essa é a fé cristã, porque Jesus não trouxe uma novidade apenas moral, nem somente espiritual, mas "trouxe toda novidade trazendo a si mesmo" (Irineu de Lyon, Contra as heresias IV, 34, 1); e, trazendo a si mesmo, trouxe "o Evangelho de Deus", Deus como boa notícia.

Essa boa notícia diz respeito e interessa a todos os homens e mulheres, porque pode ser expressada como faz o apóstolo João: "Nós passamos da morte para a vida quando amamos o outro, os outros" (cf. 1Jo 3, 14).