25 Novembro 2014
A maioria dos norte-americanos dizem que sentem uma profunda conexão com o resto do universo. Mas toda essa espiritualidade não faz diferença nenhuma na maneira de ver os fatos sobre a mudança climática e o aquecimento global, constata um novo estudo.
A reportagem é de Cathy Lynn Grossman, publicada no sítio Religion News Service, 21-11-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Fonte: Religion News Service |
Apenas 5% dos norte-americanos pensam que a mudança climática é a questão mais importante nos EUA hoje. E a religião é uma linha divisória para definir quanto - ou quão pouco - eles acham que é um motivo de preocupação, de acordo com uma nova pesquisa realizada pelo Public Religion Research Institute (PRRI).
"Nós avaliamos fatores espirituais como a admiração pelo universo, e você poderia pensar que esses fatores se correlacionam com as visões sobre o universo. Mas, na verdade, eles têm muito pouco relacionamento", disse Robert Jones, CEO da PRRI, que realizou a pesquisa sobre as posturas dos adultos dos EUA em relação à mudança climática, política ambiental e ciência.
A pesquisa constatou:
• 70% dos norte-americanos disseram que "experimentam uma conexão com todo o tipo de vida" todos os dias ou quase todos os dias.
• 69% disseram que "sentem profunda paz interior ou harmonia".
• 64% "sentem uma profunda ligação com a natureza e a Terra".
• 53% "sentem um profundo sentimento de admiração sobre o universo".
No entanto, quando perguntados sobre o aquecimento global e as alterações climáticas, a pesquisa constatou três divisões.
• O maior grupo, apelidado de "crentes" (46% do total), disse que o aquecimento global é um fato, e eles colocam a culpa na atividade humana. Eles são os que tem a maior probabilidade (74%) de estar muito ou moderadamente preocupados com a mudança climática.
• Os simpatizantes (25%) acreditam que a Terra está aquecendo. No entanto, eles atribuem isso a causas naturais ou disseram que não têm certeza por que o aquecimento global está acontecendo. Cerca de 42% manifestou preocupação com as mudanças climáticas.
• Os céticos (26% do total) dizem que "não há nenhuma evidência sólida" da temperatura da Terra estar subindo nas últimas décadas. Isso também não os preocupa: 82% dizem que eles estão um pouco ou nada preocupados com a mudança climática.
A identidade religiosa foi um maior definidor de postura do que a espiritualidade em geral. Apenas 27% dos protestantes evangélicos brancos acreditam nas alterações climáticas, enquanto 29% são simpatizantes e 39% são céticos.
Ouvir falar sobre a mudança climática do púlpito fez a diferença, disse Jones.
"Apenas um em cada três norte-americanos disse ter ouvido alguém do clero falar sobre isso, muitas vezes ou às vezes", disse Jones. "Mas entre aqueles que ouviram, 49% acreditam nas alterações climáticas".
Quando perguntados sobre o seu nível de preocupação com as mudanças climáticas, membros de grupos religiosos minoritários tinham maior probabilidade de ser moderadamente ou muito preocupados. As estatísticas são: católicos hispânicos (73%), pessoas não filiadas a nenhuma religião (60%), protestantes negros (58%), não cristãos (56%) e judeus (53%).
O nível de preocupação cai drasticamente entre os que são brancos e religiosamente mais conservadores. A questão incomoda apenas 35% dos evangélicos brancos, 41% dos católicos brancos e 43% dos protestantes tradicionais brancos.
Os pesquisadores contabilizaram as razões pelas quais os céticos têm dúvidas sobre o aquecimento global:
• 33% disseram que "eles não têm notado mudança no clima em sua volta". Uma resposta típica: "Eu moro em Chicago e é frio pra caramba";
• 18% disseram que as temperaturas sobem naturalmente;
• 12% dizem que as evidências são conflitantes ou insuficientes.
Apenas 2% disseram que Deus está no controle.
O PRRI encontrou um pequeno crescimento no número de norte-americanos que disse que os desastres naturais são evidência do fim dos tempos ou apocalipse. Em 2011, 44% dos norte-americanos disseram que a gravidade dos recentes desastres naturais é um sinal do fim dos tempos. Hoje, 49% sustentam essa visão.
A pesquisa foi lançada na conferência da American Academy of Religion e está baseada em entrevistas feitas em inglês e espanhol com 3.022 adultos norte-americanos, realizadas entre 18 de setembro e 8 de outubro. A margem de erro é de mais ou menos 2,8 pontos percentuais.