06 Agosto 2014
No dia 2 de agosto de 1981, o padre Alonso Perez deixou um hospital militar na cidade da Guatemala depois de rezar missa por volta do meio-dia. Ele foi sequestrado por vários homens armados em frente ao hospital e nunca mais foi visto.
A nota é publicada por Jesuit Restoration 1814, 02-08-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
A Guatemala, na América Central, foi o local da antiga civilização maia. Após a colonização espanhola, obteve sua independência em 1821 e experimentou tanto governos democráticos quanto ditatoriais. De 1960 a 1996, houve uma guerra civil entre grupos de esquerda e o governo de direita. Vinculados ao governo, grupos paramilitares de direita constituíram os infames "Esquadrões da Morte".
Conselheiros militares das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos (boinas verdes) foram enviados para a Guatemala para treinar essas tropas e ajudar a transformar seu exército em uma força de contrainsurgência moderna, que eventualmente tornou-se o mais sofisticado da América Central. Tortura, desaparecimentos forçados e uma terra arrasada pela guerra tornaram-se coisas normais em ambos os acampamentos.
Ambos os lados rotineiramente pisotearam os direitos humanos - com ataques de guerrilha e de uma campanha de contrainsurgência violenta que resultou em dezenas de milhares de mortes de civis. Mais de 45.000 guatemaltecos fugiram pela fronteira para o México. O governo mexicano colocava os refugiados em acampamentos em Chiapas e Tabasco.
Em 1979, o presidente dos EUA, Jimmy Carter, que até então estava prestando apoio público para as forças do governo, ordenou a proibição de toda a ajuda militar ao Exército da Guatemala por causa de seu abuso difundido e sistemático dos direitos humanos. No entanto, a ajuda continuou ao longo dos anos Carter, através de canais clandestinos.
Muitos padres católicos foram pegos no fogo cruzado, e no dia 2 de agosto lembramos um jesuíta espanhol que desapareceu há 23 anos. O padre Carlos Alonso Perez nasceu em 24 de outubro de 1936 na localidade de Briviesca em Burgos, Espanha. Juntou-se à província de Castela da Companhia de Jesus e tornou-se pároco assistente na paróquia de San Antonio, na Guatemala, atuando como capelão do hospital e da prisão em 1971.
Ele também atuou como capelão de uma escola secundária, Liceo Guatemala, e como diretor dos Cursilhos. Em 2 de agosto de 1981, o padre Alonso Perez deixou um hospital militar na cidade da Guatemala depois de rezar missa por volta do meio-dia. Ele foi sequestrado por vários homens armados em frente ao hospital e nunca mais foi visto.