"Em 10 anos, ter bitcoins vai ser tedioso, todo mundo usará", diz especialista americana

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12 Mai 2014

"Em 10 anos, ter bitcoins vai ser tedioso, todo mundo estará usando, não será tão excitante ter bitcoins como é hoje. Se tornará uma forma comum de transação. Pessoas mandando bitcoins para suas famílias em outros países, usando para consumo, compras na internet, doações. Hoje, 30 mil empresas no mundo aceitam bitcoins, e chegarão a centenas de milhares rapidamente", afirma Elizabeth Ploshay, membro do conselho diretor da Bitcoin Foundation.

A entrevista é de Erik Farina, publicada no jornal Zero Hora, 08-05-2014.

A americana Elizabeth Ploshay, membro do conselho diretor da Bitcoin Foundation, prevê um futuro até enfadonho para os que hoje são entusiastas dos bitcoins – a moeda virtual que se alastra pelo planeta. Em uma década, o uso de bitcoins será tão corriqueiro quanto o cartão de crédito, projeta:

– Não será tão excitante como é hoje. Pessoas comprarão comida, roupas, passagens aéreas transferindo bitcoins para centenas de milhares de empresas.

Para chegar lá, no entanto, o bitcoin precisará superar uma série de desconfianças. Sem regulação de um banco central, o valor da moeda sobe e desce bruscamente, o que tem despertado questionamentos sobre uma bolha especulativa.

Em fevereiro passado, uma plataforma japonesa de trocas e armazenagem fechou do dia para noite, causando perdas estimadas em US$ 450 milhões.

Eis a entrevista.

Como encorajar mais pessoas a trocarem seus reais ou dólares por bitcoins, sem um governo ou banco central que dê segurança a essa moeda?

O uso dos bitcoins representa uma relação de confiança entre comunidades, não em apenas uma autoridade. As pessoas estão acostumadas a confiar em um banco ou no governo, então é normal que haja dúvidas – o bitcoin tem apenas cinco anos. Na realidade, o uso dos bitcoins é muito transparente, pois há registro de quem compra e vende as moedas, e o quanto movimenta.

O efeito montanha-russa na cotação nos últimos meses torna inseguro manter bitcoins?

O valor está há alguns meses em torno de US$ 450, isso é bom, pois encoraja mais gente a utilizar. Como o bitcoin é algo novo, ainda não há muita gente negociando. Por isso, o preço varia muito. Se o projeto der certo, a quantidade de bitcoins em circulação chegará a 21 milhões (leia ao lado como são gerados), e haverá queda gradativa na cotação. Mais gente usará e mais empresas aceitarão, levando a moeda a um valor estável – que muitas pessoas calculam ser de US$ 100.

A quebra da japonesa MtGox não reforça a sensação de que o sistema de trocas e armazenagem de bitcoins é frágil?

O que ocorreu com a MtGox foi uma falha de negócio, não um problema no sistema de bitcoins. Há muitos casos de sucesso de locais de trocas e armazenagem de bitcoins, exatamente bem-sucedidos. Houve problema de transparência nas operações no Japão, apenas uma pessoa era a guardiã de todos os bitcoins de alguns usuários. Os usuários passam a perceber que precisam guardar seus bitcoins em diferentes carteiras (sistemas de armazenagem de bitcoins), é um processo de aprendizagem.

Alguns países falam em limitar o uso de bitcoins ou criar regulação, com a preocupação de evitar lavagem de dinheiro e transações ilegais?

Na verdade, é mais difícil fazer operações ilegais com bitcoins porque todas as transferências são gravadas e se sabe quem fez transferência e do que, é menos anônimo do que em dinheiro. Mas acredito que uma regulação das operações seja positiva para dar mais clareza ao uso dos bitcoins.

Qual o futuro do bitcoin?

Em 10 anos, ter bitcoins vai ser tedioso, todo mundo estará usando, não será tão excitante ter bitcoins como é hoje. Se tornará uma forma comum de transação. Pessoas mandando bitcoins para suas famílias em outros países, usando para consumo, compras na internet, doações. Hoje, 30 mil empresas no mundo aceitam bitcoins, e chegarão a centenas de milhares rapidamente.

Bit o quê?

O bitcoin é uma forma de pagamento que só existe no mundo virtual. Não há cédulas ou moedas, nem mesmo regulação de um banco central. O usuário cria uma carteira virtual hospedada em um site (há vários em diferentes países).

Há três formas de se obter os bitcoins

- Ganhar ou “minerar”, na linguagem dos usuários, é a mais difícil para os iniciantes: ganha quem decifrar códigos matemáticos em sites especializados.

- Comprar de quem tem ou em sites especializados.

- Vender produtos e serviços e receber em bitcoins. É possível fazer transferências eletrônicas. Lojas e bares também já começaram a receber bitcoins.

- O risco que se corre é que a plataforma na qual essa carteira está depositada tenha problemas, como ocorreu com a japonesa MtGox, recentemente.