Santa bagunça, com as bênçãos de Anchieta

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08 Mai 2014

O dia 2 de abril devia ser de festa no Brasil. O Papa Francisco – era o rumor – assinaria o decreto de canonização de José de Anchieta, jesuíta do século XVI já considerado santo pelo povo de Deus. Fogos de artifício prontos, igrejas decoradas, festas e gente pelas ruas. Mas Bergoglio não assinou naquele dia.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada na revista Jesus, 07-05-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no fim, emitiu um comunicado envergonhado para explicar que o missionário se tornaria santo não no dia 2, mas sim no dia 3 de abril. Fiéis desorientados. Festa adiada em 24 horas. Uma bela confusão.

A confusão, na era do Papa Francisco, no entanto, não é intencional, ao menos não sempre. "Façam barulho, façam bagunça, sacudam a Igreja", disse Bergoglio aos jovens da Jornada Mundial da Juventude no Rio. A Rádio Vaticano, naquele momento, não se atreveu a traduzir, mas depois o padre Federico Lombardi explicou: "Ele disse justamente lío, que traduzido do espanhol significa bagunça".

O mesmo conceito em uma missa na casa Santa Marta: "Hoje, podemos pedir ao Espírito Santo que nos dê a graça de incomodar as coisas que estão muito tranquilas na Igreja". Igreja que deve sair pelas ruas, rumo ao povo de Deus e às periferias: "Eu prefiro mil vezes uma Igreja acidentada do que uma Igreja doente". Mesmo às custas de algumas confusões.

O papa que desloca, quebra o protocolo, desmonta a corte vaticana sabe que as resistências são muitas. Em vez de desenhar nos mínimos detalhes a reforma da Igreja, ele escancara as portas, aprofunda transformações, inicia, talvez desordenadamente, processos irreversíveis.

Quando o padre Antonio Spadaro lhe fala das analogias com o Papa Marcelo II (1501-1555), ele comenta: "O seu pontificado durou apenas um mês e depois veio o cardeal Carafa". Isto é, a restauração. Isso não teria acontecido, talvez, se aquele papa também tivesse feito bagunça.