Cardeal Tagle na Congregação dos Religiosos e Religiosas pode ajudar a revitalizar a vida religiosa

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07 Abril 2014

O cardeal Luis Tagle, de Manila (Filipinas) tomou café junto de religiosas da região e de outros continentes após celebrar a missa que abriu o XVI Encontro das Religiosas da Oceania e Ásia, na cidade de Tagaytay em novembro de 2013. (N.J. Viehland)

A última nomeação do cardeal Tagle na Cúria Romana dá ao líder da Igreja filipina uma oportunidade de usar sua experiência e seus talentos em iniciativas para revitalizar a vida consagrada, disse um professor do Instituto Jesuíta da cidade de Quezon, nas Filipinas.

A reportagem é de N.J. Viehland, publicada por National Catholic Reporter, 02-04-2014.A tradução é de Isaque Gomes Correa.

O sacerdote maryknoll James Kroeger, que ensina Eclesiologia na Faculdade Loyola de Teologia e num curso especial sobre o Concílio Vaticano II no Instituto Pastoral do Leste Asiático, em Manila, disse que a nomeação do cardeal filipino para a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica acontece num momento importante.

Durante seu encontro em Roma com os superiores dos institutos religiosos masculinos, o Papa Francisco pediu aos padres, irmãos e irmãs das ordens religiosas católicas para “despertarem o mundo”.

Ao final do encontro, dedicou o ano de 2015 à vida consagrada.

Desafiar seus valores faz parte deste despertar, falou Kroeger. “Não é que a Igreja seja contra o mundo ou que nós não nos envolvemos nele, mas sim que precisamos dizer: ‘Ei, temos que dar atenção aos pobres, temos que reservar alguns momentos para oração e vermos que tipo de economia estamos praticando’”, explicou.

Na opinião de Kroeger, a experiência, o conhecimento, as qualidades e personalidade de Tagle vão “contribuir grandemente” para atender o desafio posto pelo papa aos religiosos e religiosas.

No sábado o Vaticano anunciou que Tagle estaria entre os membros da congregação responsável por todas as questões que envolvem os institutos de vida consagrada. Estes incluem ordens e congregações religiosas, masculinas e femininas, institutos seculares e sociedades de vida apostólica. A responsabilidade da congregação abarca assuntos de governo, disciplina, estudos, bens, direitos e privilégios dos grupos religiosos.

Kroeger disse que Tagle contribuirá muito na congregação porque ele tem interagido com os religiosos e religiosas desde sua infância e ao longo de seus anos como bispo.

“Ele entende bem o que envolve a vida consagrada e a vida religiosa”, declarou ao National Catholic Reporter.

Tagle cursou o ensino fundamental no Colégio Saint Andrew, na cidade de Paranaque, região sudeste de Manila, considerada como uma das “grandes contribuições” dos missionários da Congregação do Imaculado Coração de Maria. “A sua formação acadêmica e teológica se deu com um outro grupo religioso: os jesuítas aqui no Ateneu e no Seminário San Jose”, disse Kroeger.

Como bispo diocesano, Tagle trabalhou durante anos na Faculdade Loyola de Teologia, e enquanto foi bispo de Imus, na província de Cavite (Filipinas), ensinou no seminário da Sociedade do Divino Verbo.

Tagle trabalha em retiros para congregações femininas das Filipinas e do exterior. Em novembro, esteve junto de teólogas mulheres na cidade de Tagaytay, no XVI Encontro da Religiosas da Oceania e Ásia, sobre o tema “a dimensão místico-profética da vida religiosa”.

Na ocasião, a irmã beneditina Mary John Mananzan disse ao National Catholic Reporter que estava esperançosa com “a abertura” que o Papa Francisco oferece para a discussão de questões centrais sobre o papel das mulheres na Igreja, embora a teologia das mulheres precisa, aqui, ser articulada.

Tagle demostra este mesmo espírito de abertura, e ele escuta”, falou Mananzan.

Vida religiosa e renovação da Igreja

No fim de 2011, havia mais de 900 mil padres religiosos, irmãos e irmãs no mundo, incluindo os com votos temporários, dizem relatórios da Igreja que citam o Anuário Estatístico do Vaticano.

Entre 2008 e 2012, a congregação para a qual Tagle foi nomeado emitiu, em princípio, 11.805 dispensas que liberaram homens e mulheres de seus votos religiosos. Outros religiosos receberam suas dispensas da Congregação para a Doutrina da Fé, da Congregação para os Bispos e da Congregação para o Clero. A média de religiosos com votos permanentes que saíram alcançou 3.000 por ano. As razões para a saída não foram reveladas.

As vocações estão diminuindo em alguns lugares, mas aumentando em outros. A Irmã Aldana, da Ordem Franciscana da Imaculada Conceição, disse que “três ou quatro mulheres entram para a congregação todos os anos; às vezes apenas duas. Em parte isso acontece porque somos bastante exigentes na escolha das candidatas”.

Neste ano há cinco postulantes. Quando Aldana foi mestre das noviça, de 1996 a 2004, começou com 19 candidatas e, ao final, eram 9.

Ela atribui esta queda principalmente a razões econômicas.

“Muitas famílias não incentivam suas filhas a desenvolverem suas vocações porque precisam delas para ajudar na renda familiar”, falou.

Ela afirmou ainda que algumas das mulheres já em fase avançada de sua formação deixaram a vida religiosa por insistência dos pais.

“As noviças dizem que é difícil viver uma vida plena no convento e, ao mesmo tempo, ver seus familiares na pobreza”, declarou Aldana.

Disse que um grande desafio é ajudar estas candidatas a “equilibrar a vida de oração com o engajamento comunitário ou com a função profética delas”.

O equilíbrio também é uma preocupação do Ir. Bernard Roosendaal, missionário holandês da Ordem dos Carmelitas, nas Filipinas. Em sua opinião, um membro que trabalhar na diocese segue a sua própria orientação, porém deve usar a abordagem carmelita de envolver os pobres nas tomadas de decisão na paróquia.

“É um exercício de nossa voz profética”, falou Roosendaal.

Antes de sair para participar no último consistório em Roma, no mês de fevereiro, Tagle celebrou uma missa com membros de congregações religiosas masculinas e femininas que atuam na região de Manila.

Após a celebração, disse ao National Catholic Reporter reconhecer que um dos dons da vida religiosa à Igreja é “ser uma voz profética” não só para a sociedade, mas também para a Igreja.

“É por isso que muitos movimentos de renovação da Igreja estão relacionados com os religiosos, por exemplo, Francisco de Assis”, e outros, falou.

Tagle disse: “Enquanto pessoa, respeito este dom”. Enquanto bispo, ele gosta de “desenvolver um estilo de vida no qual haja comunicação constante e participação na missão comum”.

Declarou que isso melhor funciona quando se permite ao espírito comandar os encontros, as reuniões e os momentos de planejamento. Falou acreditar que as críticas podem ser resolvidas em grande parte e de forma sincera se feitas internamente entre o clero e os religiosos.

“Dentro das estruturas da Igreja, estamos encorajando o trabalho em conjunto, a aproximação, o respeito pelas diferentes vozes, pelos carismas e pontos de vista. Desse modo, fica-se purificado desde o início da divergência, em vez de se nutrirem ressentimentos”, disse Tagle.

Espera-se também que Tagle crie condições para que a voz dos religiosos em missão nos países em desenvolvimento sejam ouvidas em Roma.

“Ele está vindo de uma experiência não europeia ou norte-americana, mas da experiência de como a vida religiosa é vivida aqui na Ásia e Oceania e em outras partes do mundo às quais ele viaja”, apontou Kroeger.

Kroeger disse que Tagle pode igualmente contribuir como uma “pessoa alegre”. Citando a homilia do Papa Francisco durante o 18º Dia Mundial da Vida Consagrada, acrescentou: “Os religiosos e as religiosas devem mostrar alegria em ser cristãos e em viver a vida consagrada, e nós sabemos o quanto um cardeal pode iluminar um encontro”.

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