A humanidade e a Criação em risco por causa da industrialização e da corrupção

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Por: André | 02 Setembro 2015

“Oh, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!” Às 17h deste primeiro de setembro, o Papa Francisco entrou na Basílica de São Pedro para presidir a Liturgia da Palavra, por ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que ele mesmo instituiu em 06 de agosto passado. Durante o rito, a leitura consistiu em passagens da encíclica Laudato si’ do pontífice e do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Depois da proclamação do Evangelho Segundo São Mateus, o pregador da Casa Pontifícia, o Pe. Raniero Cantalamessa, pronunciou a homilia.

A reportagem é de Pablo Lombó e publicada por Vatican Insider, 01-09-2015. A tradução é de André Langer.

“Ninguém pode servir seriamente à causa da defesa da Criação se não tiver a coragem de apontar o dedo contra o acúmulo exagerado de riquezas nas mãos de poucos e contra o dinheiro, que é sua medida”, destacou na homilia o pregador da Casa Pontifícia, o Pe. Raniero Cantalamessa. “A fé em um Deus criador e no homem, criado à imagem de Deus, não é uma ameaça, mas antes uma garantia para a Criação, e a mais forte de todas. Diz que o homem não é o dono absoluto das outras criaturas; deve prestar conta daquilo que recebeu”, explicou o frei capuchinho.

“Uma prova de que não é a visão bíblica que favorece a prevaricação do homem sobre a Criação – afirmou – está no fato de que o mapa da poluição não coincide com o mapa da difusão da religião bíblica ou de outras religiões, mas, sim, coincide com o mapa de uma industrialização selvagem, voltada unicamente para o lucro, e com o mapa de uma corrupção que caça a boca de todos os protestos e que resiste a todos os poderes”.

Sobre o Cântico das Criaturas, que o Papa “escolheu como marco espiritual para a sua encíclica”, Cantalamessa disse que Francisco “é a prova viva da contribuição que a fé em Deus pode dar para o esforço comum para a defesa da Criação. Seu amor pelas criaturas é uma consequência direta de sua fé na paternidade universal de Deus. Ele não tem ainda as razões práticas que nós temos hoje para nos preocuparmos com o futuro do planeta: poluição atmosférica, falta de água potável... O seu ecologismo é puro, sem os utilitarismos, por quanto sejam legítimos, que temos hoje”.

Francisco não tinha a visão global e planetária do problema ecológico, mas uma visão local, imediata – explicou Cantalamessa. Pensava no que ele podia fazer e, eventualmente, o seu irmão. Mas também nisto ele nos ensina algo. Um ‘slogan’ na moda diz: ‘Think globally, act locally’ [Pensar globalmente e agir localmente]. Que sentido tem, por exemplo, irritar-se com quem polui a atmosfera, os oceanos e as florestas, se eu não penso duas vezes para jogar um saco plástico no córrego ou no mar, que permanecerá aí por séculos, se alguém não o recuperar e der um destino correto, se eu jogo na rua ou na floresta o que já não quero mais, ou se sujo os muros da minha cidade? O cuidado da Criação, assim como a paz, se faz, diria nosso Santo Padre Francisco, “artesanalmente”, começando imediatamente por nós mesmos. A paz começa contigo, repete-se muitas vezes nas mensagens para o Dia da Paz; também o cuidado da Criação começa contigo!”

Para o pregador pontifício, “Francisco nos indica o caminho para uma mudança radical na nossa relação com a Criação: consiste em substituir a posse pela contemplação. Ele descobriu uma maneira diferente para usufrir das coisas, que é a de contemplar, em vez de possuí-las. Pode usufruir de todas as coisas, porque renunciou a possuir nenhuma”.

“Creio que se vivesse hoje – concluiu Cantalamessa –, acrescentaria uma estrofe ao seu Cântico. ‘Louvado sejas, meu Senhor, por todos aqueles que trabalham para proteger a nossa irmã mãe Terra: cientistas, políticos, líderes de todas as religiões e homens de boa vontade. Louvado sejas, meu Senhor, por aquele que, com meu nome, tomou também a minha mensagem e a está levando a todo o mundo’”.

O Papa Francisco, poucas horas antes da celebração, escreveu em seu Twitter: “Hoje é o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. Rezemos e trabalhemos”.

Nota da IHU On-Line: a íntegra da Celebração Litúrgica no Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, na Basílica de São Pedro, ontem, dia 1o. de setembro, pode ser acessada aqui.

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