Ainda sem notícias do padre Jacques Mourad, sequestrado pelo jihadistas na Síria

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Por: André | 27 Mai 2015

Enquanto o governo sírio denuncia o massacre de centenas de civis – de funcionários do Estado, especialmente o enfermeiro chefe do hospital nacional de Palmira e todos os membros da sua família – perpetrado pelo Estado Islâmico, a Igreja síria ainda está sem notícias sobre o Pe. Jacques Mourad (foto), sequestrado pelos jihadistas no dia 21 de maio de 2015.

 
Fonte: http://bit.ly/1SAQ2QO  

A reportagem é de Jacques Berset e publicada por Cath, portal católico suíço, 25-05-2015. A tradução é de André Langer.

O padre foi raptado junto com o diácono Boutros Hanna no Mosteiro de Mar Elian (Saint Julien), do qual era o prior.

Oração nas igrejas sírio-católicas do mundo inteiro no domingo de Pentecostes

No domingo, 24 de maio, solenidade de Pentecostes, os fiéis rezaram em todas as igrejas sírio-católicas do mundo inteiro pela libertação do Pe. Jacques Mourad. O patriarca de Antioquia dos sírio-católicos Ignace Youssef III Younam convidou todos os fiéis sírio-católicos para manifestarem pela oração e por outros atos de devoção e penitência sua comunhão espiritual com os dois sequestrados.

“Vamos oferecer orações, missas, súplicas e jejuns – diz a mensagem enviada pelo patriarca às comunidades sírio-católicas do mundo – na esperança de que o Pe. Mourad seja libertado e retorne logo à sua paróquia”. No texto citado pela agência de informações vaticana Fides, o patriarca convida todos os fiéis para serem “firmes na fé, na esperança e na confiança no Senhor e nas promessas que não decepcionam, suplicando à Mãe de Deus e a todos os santos mártires e confessores pela libertação do Pe. Mourad”.

“Eles mataram muitas pessoas cortando-lhes a cabeça”

O Pe. Jacques Mourad foi sequestrado em Qaryatayn – pequena cidade do centro da Síria a cerca de 100 quilômetros de Palmira –, onde trabalhava 12 anos na paróquia católica local e morava no Mosteiro de Mar Elian. Pouco antes de ser sequestrado, o Pe. Mourad havia escrito o seguinte: “Nós vivemos neste momento um tempo difícil, muita tensão, porque os extremistas que se autodenominam de Estado Islâmico se aproximam da nossa cidade de Qaryatayn após dominaram Palmira, onde mataram muitas pessoas cortando-lhes a cabeça... Vivemos uma situação muito terrível... Hoje nós estamos aqui, amanhã não sabemos. A vida fica difícil. Rezem por nós S.V.P”.

O mosteiro de Mar Elian acolheu nos últimos dias muitas pessoas evacuadas de Palmira, cidade que caiu nas mãos do Estado Islâmico, e sempre ajudou muitos muçulmanos que vieram buscar apoio no mosteiro de Saint Elian, mosteiro gêmeo de Mar Musa (Deir Mar Musa al-Habachi), mas localizado mais a leste do país.

Roberto Simona acabava de se encontrar com o Pe. Jacques Mourad

O suíço Roberto Simona, responsável pela parte suíça romana e italiana da obra de assistência católica Ajuda à Igreja que Sofre, acaba de passar 10 dias na região ocidental da Síria, onde visitou o mosteiro de Mar Musa, na região do Qalamoun, mosteiro agora abandonado pelos hóspedes estrangeiros.

Ele lembra que o padre sírio sequestrado fez parte da comunidade monásticas de Mar Musa, cujo fundador, o padre jesuíta italiano Paolo Dall’Oglio, foi sequestrado pelo Estado Islâmico no dia 29 de julho de 2013 em Raqqa, no centro da Síria, sede do movimento terrorista islâmico.

Cristãos e muçulmanos temem a infiltração do Estado Islâmico

Em Mar Elian, os religiosos dão um apoio às vítimas dos combates. Normalmente, leva-se menos de uma hora para chegar em Mar Musa. No entanto, por razões de segurança, Roberto levou cerca de três horas. Os habitantes locais, muçulmanos sunitas, xiitas, alauitas ou cristãos, temem as infiltrações dos islamistas do Estado Islâmico que avançam na direção de Homs, após a tomada de Palmira.

Além do sequestro do Pe. Dall’Oglio, devemos lembrar que estamos sem notícias dos dois bispos de Aleppo, sequestrados no dia 22 de abril de 2013. Nesta data, homens armados sequestraram Boulos Yazigi, bispo greco-ortodoxo de Aleppo, segunda maior cidade da Síria, e Youhanna Ibrahim, metropolita da Igreja síria ortodoxa da mesma cidade, na localidade de Kafar Daël. Nenhuma nova informação foi dada, lembra por sua vez o Pe. Nawras Sammour, diretor regional do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) no Oriente Médio e da África do Norte.

O religioso jesuíta menciona também o assassinato do Pe. François Mourad, assassinado em Ghassanieh no dia 23 de junho de 2013, e do padre jesuíta Frans Van Der Lugt, assassinado a balas em Homs no dia 07 de abril do ano passado. “Nós estamos conscientes dos riscos que corremos como padres, mas não podemos deixar de ajudar e estar próximos dos sírios, cristãos e muçulmanos. Muitas vezes, nós somos o único apoio de referência”, destaca.

O desdobramento do Estado Islâmico, “uma catástrofe estratégica e moral”

A Oeuvre d’Orient, de Paris – uma associação francesa de ajuda aos cristãos do Oriente Médio –, por sua vez, solicita à França para que reavalie a sua ação na Síria. A organização de ajuda “constata com raiva o desdobramento do Estado Islâmico nas diferentes zonas do Iraque e da Síria”, na fronteira entre os dois países, na cidade de Ramadi no Iraque e de Palmira, na Síria. “A tomada desta última cidade é uma catástrofe cultural de amplitude mundial, mas também uma catástrofe estratégica e moral”.

A Oeuvre d’Orient destaca também que, nas zonas da planície de Nínive onde se encontram os cristãos, o Estado Islâmico “não recuou um só centímetro. É mais que urgente colocar em prática os meios necessários para neutralizá-los. A Oeuvre d’Orient espera que a reunião internacional, que deve acontecer no dia 02 de junho próximo, em Paris, implemente os meios necessários para agir de forma eficaz, e pede para que a ação da França na Síria seja “reavaliada”.

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