27 Março 2015
Perdón y olvido. Perdão e esquecimento. Esquecer. Para esconder. As violências, os mortos. As injustiças. O El Salvador que não consegue, não quer virar a página. O passado que não passa. Trinta e cinco anos depois do homicídio de Dom Romero. A 23 anos do "fim" da guerra civil. E da instituição da Comisión de la Verdad para El Salvador "morta" por uma amnistia muito apressada para ser verdadeira. Nenhum processo foi celebrado. Nenhum arquivo foi aberto. Filhos que permanecem desaparecidos para sempre. Mães que só terão uma foto desbotada para recordar. Um drama que nunca vai ter fim.
A reportagem é de Carlo Baroni, publicada no jornal Corriere della Sera, 26-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Porém, há outros países que conheceram a dor e encontraram a coragem de olhá-la na cara. Chamam-na justiça reparativa. Porque não tem a pretensão de vingança. Mas nem de colocar uma pedra sobre a vergonha.
A África do Sul do pós-apartheid conseguiu isso. "Tudo parece impossível até ser feito", dizia Nelson Mandela. O impossível era colocar vítimas e carnífices uns diante dos outros. Não para pedir condenações. E nem só perdão. Às vezes, basta contar. Ser ouvido.
Porque os mortos não voltam. Mas as feridas podem parar de sangrar, embora sempre permanecerá uma cicatriz. A Comissão para a Verdade e a Reconciliação na África do Sul abalou um povo inteiro.
El Salvador deve se contentar com iniciativas privadas. Como o Tribunal Internacional para la Aplicación de la Justicia Restaurativa desejado pelo Instituto para os Direitos Humanos da Universidade Centro-Americana "José Simeon Cañas" (Idhuca), a mesmo onde foram trucidados seis padres jesuítas e duas mulheres pelos esquadrões da morte.
É um órgão sem nenhum reconhecimento legal, mas de altíssimo valor moral. Um aviso para o Estado a aceitar as próprias responsabilidades, a admitir as próprias culpas.
As vítimas apenas pedem para ser ouvidas. A uma delas, José Cornelio Chicas, mataram a mãe, esposa e quatro filhos. "Às pessoas que cometeram isso, eu peço que, por favor, venham diante de nós e nos peçam desculpas. Estou disposto a perdoar essas pessoas, mas tenho que vê-las".
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As feridas nunca cicatrizadas no El Salvador de Romero - Instituto Humanitas Unisinos - IHU