Rumores sobre os planos de reforma da Cúria

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14 Fevereiro 2015

Há também um pouco de pré-Concílio entre os projetos de reforma da Cúria Romana sobre os quais todos os cardeais são chamados a discutir, incluindo aqueles que serão criados formalmente no sábado, no consistório de dois dias agendado para esta quinta-feira, 12, e sexta-feira, 13 de fevereiro.

A nota é de Sandro Magister, publicada no seu blog Settimo Cielo, 11-02-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No livreto distribuído aos participantes, redigido pelo secretário do "C9" – o bispo de Albano, Marcello Semeraro –, prefigura-se a hipótese de voltar aos tempos da Cúria de Pio XII, ao menos no que se refere aos secretários dos dicastérios, que, no passado, eram normalmente prelados sem consagração episcopal: seja para evitar tentações de carreirismo, seja para tornar menos problemáticas as suas transferências.

De fato, foi João XXIII – que tinha as mangas largas nas promoções eclesiásticas – que "episcopalizou" os cargos de secretário dos dicastérios.

O Papa Francisco não ficou por menos. Nos seus dois primeiros anos de governo, já tornou episcopal o cargo de secretário do Sínodo dos Bispos, que nunca o tinha sido, e fez bispo também o titular de um cargo eminentemente civil, como o do secretário-geral do Estado da Cidade do Vaticano.

E em ambos os casos ele considerou oportuno "justificar" as ordenações a bispo com cartas pontifícias específicas. Para o secretário da Cidade do Vaticano, ele idealizou a assistência espiritual aos empregados, uma espécie de papel de vice-pároco, já que o cuidado espiritual de todos aqueles que trabalham dentro dos muros é atribuído ao cardeal arcipreste de São Pedro, que também é vigário-geral do papa para a Cidade do Vaticano.

O livreto sobre a reforma da Cúria distribuído aos cardeais, entre várias coisas, além de colocar claramente no papel a hipótese de criação de duas novas congregações (uma para leigos e família e outra para justiça, paz e caridade), que fundiriam boa parte dos Pontifícios Conselhos existentes, fecha a porta para a ideia de criar um "moderador curiae", como havia circulado tempos atrás, o que implica a permanência do papel central do secretário de Estado e do seu sostituto na organização do trabalho curial.

Na reunião do "C9", que foi realizada de segunda-feira, 9, a quarta-feira, 11 de fevereiro, também foram ouvidos o cardeal Gianfranco Ravasi sobre o futuro do Pontifício Conselho para a Cultura por ele presidido, e Mons. Paul Tighe, secretário do comitê para a reforma das mídias vaticanas.

Segundo o que foi antecipado pela agência portuguesa Ecclesia, Ravasi propôs a criação de uma nova grande congregação que some a já existente para a Educação Católica ao Conselho para a Cultura e que tenha competência também sobre outros organismos, como as Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, os Museus, a Specola (agora sob a égide do Governatorato), além do Arquivo e da Biblioteca vaticanos (agora autônomos e historicamente liderados por um cardeal, tradição plurissecular que, contudo, o Papa Bergoglio já interrompeu).

Se isso acontecer, o candidato à frente desse superdicastério seria o próprio Ravasi, ainda mais porque o atual prefeito da Congregação para a Educação Católica, o polonês Zenon Grocholewski, já ultrapassou a idade de aposentadoria dos 75 anos.

Durante o "C9", também foram levadas novamente em consideração as questões relativas à Secretaria e ao Conselho para a Economia, tendo em vista a redação dos estatutos desses novos corpos, ainda em uma fase muito combatida de elaboração.

Não está certo se o cardeal George Pell será verdadeiramente o "czar" das finanças vaticanas ou se, ao invés, os "boiardos" da Cúria Romana levarão a melhor, para manter a analogia terminológica com a história russa. Isto é, se as várias administrações vaticanas que historicamente têm uma mais ou menos grande disponibilidade financeira própria (Secretaria de Estado, Propaganda Fide, Igrejas Orientais, Doutrina da Fé, APSA e Governatorato) conseguirão conservá-la em parte ou totalmente.

No momento, a hipótese mais provável parece ser esta última. Mas, para desfazer a dúvida, será preciso esperar o placet do papa aos novos estatutos da recém-criada Secretaria para a Economia.

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