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Monteiro Lobato. Um ativista da educação combatido pela Igreja. Entrevista especial com Eliana Yunes

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29 Novembro 2008

“Um pensador em ação, um ativista da educação, filosofando através da literatura, oferecendo à escola brasileira que o perseguia, coadjuvada pela igreja, os modos de aprender e ensinar com alegria.” É assim que Eliana Yunes, professora de Literatura da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), apresenta Monteiro Lobato, 60 anos após a sua morte. Nesta entrevista à IHU On-Line, realizada pela mestranda em Literatura Brasileira da PUC-Rio, Gilda Carvalho, Eliana fala sobre o lugar que Lobato merece ter na cultura brasileira, relembrando os embates e lutas pessoais nas quais o escritor se envolveu e como sua obra pode ser retomada nos dias de hoje. “O projeto estético e político de Lobato precisa de novo olhar e novos leitores podem certamente provocá-lo, se desligados de preconceitos e atentos ao conjunto de sua obra e de sua atuação pública, com foco em um Brasil que pensava também por outras vias a sua modernidade”, aconselha.

Eliana Yunes é professora de Literatura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e uma referência em pesquisas sobre a vida e obra de Monteiro Lobato. Influenciada pelos ideais lobatianos inscritos nos livros do escritor, ela realiza um extenso trabalho na divulgação de sua obra, o qual se intensificou neste ano em que se comemoram os 60 anos da morte de Lobato.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Qual o lugar de Lobato na cultura brasileira?

Eliana Yunes - Na história da literatura brasileira, Lobato ainda é apresentado numa clave de sugestões, que não incorporam os avanços críticos. Isto, apesar dos esforços de grupos de estudiosos, “filhos de Lobato”, de trabalhos mais sistemáticos que o apontam não só como o pai da literatura infantil brasileira, mas como um empreendedor, na área econômica e social, com envolvimento direto na pesquisa de minérios, de petróleo; seu compromisso com a saúde pública, a partir da autocrítica com relação ao Jeca; seu libelo desde Urupês contra as queimadas em defesa do solo e do meio ambiente; seu pioneirismo na iniciativa editorial, fundando empresas, modernizando revistas e jornais, atualizando projetos gráficos e redes de distribuição, ativo tradutor do que de melhor lhe parecia como fonte de imaginário de que se carece para buscar alternativas a práticas políticas ordinárias do cotidiano. Seu espaço na história da cultura e do pensamento brasileiro ainda estar por ser efetivamente desenhado.

IHU On-Line - A polêmica com os modernistas se resume ao episódio Malfatti?

Eliana Yunes - No relançamento das obras de Lobato, tanto as adultas como as infantis, surpreende a quantidade de resenhas que repetem as cantilenas de regionalismo, pré-modernismo, racismo, como se não houvesse releituras possíveis como a que “reinventou” nos anos 1960 o marco da semana de arte moderna para atualizar Mário e Oswald de Andrade enquanto vanguarda brasileira. Anos antes de Macunaíma,  a personagem de A menina do nariz arrebitado (1920), Lucia, já cedia espaço a uma boneca de pano precocemente macunaímica. Ou seria o contrário? Na personagem de Mário (1928), traços do caráter de Emília estariam presentes? Há uma diferença de tom crítico e uma divergência de enunciações que impedem um passo direto de Jeca Tatu a Macunaíma, mas a irreverência de Emília tem parentesco com o herói sem-caráter. O problema, porém reside grandemente no fato de que Lobato era uma voz poderosa e inconteste no cenário da vida social brasileira e paulista: seu peso arrastava a opinião pública. Sem uma tentativa de excluí-lo (ele que publicara na Revista do Brasil, de sua propriedade, muitos dos modernistas em gestação, mas não foi convidado para A Semana de arte Moderna), permanecia o temor de não se firmarem os valores de novos manifestos: em verdade, faltou mais polêmica no berço do modernismo.

IHU On-Line - Mas não há, neste momento, uma retomada de estudos sobre ele?

Eliana Yunes - No bojo da mudança de mãos dos direitos de publicação que passaram da Brasiliense à Editora Globo, muitas teses, sites, núcleos de estudo aparecem na rede e deixam entrever um escritor cidadão, homem público, polemista, visionário. Lobato, neste ano, assiste “de além-túmulo”, (como escreveu a Mário de Andrade que o declarara, anos antes, “morto”) o mar virar petróleo nas costas brasileiras e, um negro e uma mulher branca disputarem o cargo mais poderoso do planeta – como dissera em O presidente negro (1926). Um homem com projeto pessoal e coletivo, com uma utopia a guiá-lo, que enfrentava seus equívocos sem constrangimentos, que não se importava com o fato de as circunstâncias lhe demandarem foco, ora em Henri Ford, ora em Prestes, ora a rechaçar o cabloco, ora a defendê-lo. Era um pensador em ação, um ativista da educação, filosofando através da literatura, oferecendo à escola brasileira que o perseguia, coadjuvada pela igreja, os modos de aprender e ensinar com alegria, além de uma pedagogia avant la lettre de saber interdisciplinar e intertextual. Era vanguarda e o sabia, independente do que achassem os modernos.

IHU On-Line - Como se deu este embate com a Igreja?

Eliana Yunes - No final da década de trinta do século XX, Lobato já tinha uma obra impressionantemente bem distribuída para o público infantil, com sua estratégia de circulação de livros na escola e através de uma rede comercial que não se apoiava apenas em livrarias. Mas onde havia uma farmácia no Brasil, não faltaria uma igreja e já então uma escola. A audácia de Lobato de tratar crianças como interlocutores de respeito, de mimetizar-se em um alterego feminino, sob os panos de uma boneca perturbadora, chamaram a atenção de pedagogos como Anísio Teixeira e Fernando Azevedo, mas também de vigilantes da moral consolidada e aprovável pela igreja. O padre jesuíta Sales Brasil, atuando em Salvador, publica, então, A literatura infantil de Monteiro Lobato ou Comunismo para crianças.  A edição de 1958, das Edições Paulinas, traz cartas de apoio que vêm do Vaticano e um prefácio que clama como vinda desde 1936 a queixa contra “os grandes males que poderiam advir, para a fé e a educação cristã das crianças, da leitura das últimas obras de Monteiro Lobato”.

IHU On-Line - E que males seriam estes?

Eliana Yunes - Sob a forma de conferências feitas a princípio para rádio e para a tribuna, aparecem no livro as acusações genéricas de comunismo – o vilão ideológico daquelas décadas pós-revolução bolchevique – que incluem o desrespeito a valores como obediência, matrimônio, pátria em doze lições ou negações que rastreia na obra: negação à causa superior de todas as coisas, da divindade de Cristo, da hierarquia social, da civilização cristã,de moralidade do pudor, do respeito a superiores etc. Ele vê  sinais explícitos de materialismo, de darwinismo, de marxismo e, pior, de manipulação subliminar das crianças, para a adesão a valores profanos. Apóia-se nas doutrinas da Igreja, lidas com miopia estrita e ignora solenemente qualquer base “científica” da teoria da literatura. Confunde arte com doutrina, pedagogismo com pedagogia, moralismo com moral. Lobato, como já o fizera com os modernistas, não responde. Depois de sua morte sai a segunda edição do livro, ainda tentando desmoralizar e desqualificar sua contribuição à renovação da educação brasileira, pela discussão da cultura e desrepressão à infância.

IHU On-Line - A obra adulta de Lobato também não tem sido muito reconhecida. Por quê?

Eliana Yunes - Começa a ser relançada a obra adulta – Urupês (1918), Cidades mortas (1919) e Negrinha (1920) – e aí está uma oportunidade de reler Lobato, despindo-se dos preconceitos e leituras feitas. Considerados os estilos então dominantes, sua prosa é modernizante, com certeza. Mas, como olha a decadência do campo que experimentara enquanto fazendeiro, a crítica usando critérios cronológicos, o enquadra como regionalista – e deveras dá coragem aos que como ele enxergam uma literatura brasileira “nacional do Rio e de São Paulo” apenas, para saírem de seus nichos e mostrarem outros discursos; alguns chegarão sem adjetivos ao modernismo, na pena de um Guimarães Rosa  e de um Graciliano Ramos;  como trabalha com a crueza das relações humanas, entre “mortes trágicas” e narrativas carregadas de ignorância e insensibilidade, chamam-no naturalista. No entanto, ele não se limitava a descrever em minúcias uma cena ou personagem, mas sabia traduzir as relações implícitas no contexto. Em Problema vital, não se omite: “O jeca não é assim; o Jeca está assim”. Lobato, porém escapa continuamente aos enquadramentos.

IHU On-Line - Como ele começa a renovar a literatura brasileira adulta?

Eliana Yunes - Ele trabalhou em muitas frentes. Com a mitologia brasileira, acatou a oralidade e investiu na pesquisa do saci (1918), cujo inquérito sairia sob pseudônimo; em Cidades mortas atacou o nacionalismo estreito, a literatura acomodada e de chavões e sentiu-se à vontade para não rebater a ira do modernismo em curso, quando criticou a falta de comunicação popular da obra de Anita Malfatti, reconhecendo-lhe o talento, no entanto. O que ele cobra é “um estilo que se revele mais afim com o sentimento do país” em lugar do expressionismo importado. Negrinha, do conto escalado entre os “cem melhores” do país, terá sua defesa e seu contraponto na figura de Tia Nastácia, uma resposta à discussão do valor e da contribuição do negro naquele momento, para a formação cultural da criança brasileira. E Lobato tem humor, às vezes fustigante, outras irônico, feito de sutilezas que deixam o leitor em dúvidas – ou lhe dar a pensar? –, como em O choque das raças. Mas, sobretudo, tem público: Urupês esgota em dois meses uma tiragem de cinqüenta mil exemplares. E, muito antes de morrer (1943), soube que já tinha vendido mais de um milhão dos infantis.

IHU On-Line - Como um autor deste porte pode ser retomado, pensando-se no contexto modernista que o ignora?

Eliana Yunes - Lobato mantém sua máquina literária – segundo a expressão de teóricos pós-estruturalistas, a “máquina da escritura” – nas correspondências que troca, no jornalismo de retorno e não se afasta da adesão nietzcheana, pelo vade tecum: é-lhe impossível separar experiência e ficção. Exímio contador de histórias, afasta a estilística da subjetividade para dar passo à clareza que deve fazer o leitor pensar. Enquanto a crítica literária não ousar releituras anotando as diversidades e a multiplicidade dentro do sistema literatura, a historiografia vai se manter no modelo consolidado que deixa de fazer justiça a autores peculiares como Lobato e Lima Barreto, retomando lugares comuns ao invés das tensões de suas obras. O projeto estético e político de Lobato precisa de novo olhar e novos leitores podem certamente provocá-lo, se desligados de preconceitos e atentos ao conjunto de sua obra e de sua atuação pública, com foco em um Brasil que pensava também por outras vias a sua modernidade.


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