“Não conheci o Papa, mas um ser humano”, diz refugiado que almoçou com o Papa

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Por: André | 19 Abril 2016

Hamza Rashid (foto ao lado) é como você, como eu e como Jorge Bergoglio, o Papa Francisco. Nasceu na Síria há 20 anos, morou em Damasco, não conseguiu entrar em Cambridge em benefício do filho do coordenador do programa de bolsas, estudou engenharia em Aleppo durante a guerra e, no final do ano passado, teve que fugir porque, se terminasse ali seus estudos, seria recrutado à força. No sábado, teve “um grande dia”. Hamza almoçou com o Papa.

 
Fonte: http://bit.ly/1U4x7Qs  

A reportagem é de Lluís Miguel Hurtado e publicada por El Mundo, 18-04-2016. A tradução é de André Langer.

Mesa retangular (foto abaixo). O Papa ocupou o centro de um dos lados, flanqueado por dois tradutores. De um lado sentou-se o nosso jovem protagonista. Do outro, uma menina síria, com véu. Um pouco adiante, nos lados curtos da mesa, distribuíram-se uma família síria com duas meninas e dois afegãos. De frente para o Papa, estavam o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu e o Arcebispo de Atenas Jerônimo. No almoço, era servido para todos arroz com carne, suco de laranja e uma sobremesa.

O Santo Padre abençoou a mesa. Almoçaram. “Durante o almoço, pedimos para contar ao Papa a nossa história. Eu contei a minha”, explica Hamza, que conseguiu um lugar na mesa porque “trabalho com uma ONG, todos me conhecem e gostam de mim. Eu era o rapaz certo para ter esta oportunidade”. O Papa assentia, com rictus grave, a cada história. A comunicação, lamenta o rapaz, estava muito obstruída, porque cada palavra que pronunciava devia passar por dois tradutores.

“Após relatar-lhe a minha vida, pegou as minhas mãos e me prometeu que rezaria por nós”, explica. “Nesse momento senti algo muito especial. Não posso explicar”. Uma sensação compartilhada pelo resto dos comensais refugiados, todos muçulmanos. “Tínhamos a esperança de que o Papa pudesse nos ajudar. Se ele não pode, ninguém pode”, acredita Hamza, que pediu asilo na Grécia com o desejo de reencontrar-se com sua família que está na Alemanha. Segue sob ameaça de deportação para a Turquia.

Até o momento, o mais próximo do cristianismo que Hamza tinha estado era de “alguns amigos sírios de Damasco”. No campo de Kara Tepe de Lesbos, onde agora vive, missionários canadenses falam-lhe de Jesus. Mas no Papa viu algo mais que cristianismo. “Sua visita não tinha nada a ver com a religião, mas com a humanidade. Nosso encontro foi entre humanos. Um humano com poder ajudando um humano sem nada. Não conheci o Papa, mas um ser humano”.

Mas o almoço acabou, acredita ele, muito cedo. “Teria gostado de falar com ele de tu para tu. Desejava dizer-lhe que não é erro meu nascer no lado B do mundo. Que não é culpa minha ser de um país em guerra. Que não há direito que me prenda em Lesbos só por buscar minha liberdade. Ficar preso em uma ilha por um crime não cometido. Tua vida em suspenso, longe dos teus esperando já não sei o quê. Que pergunte aos presidentes europeus o que eles fariam no meu lugar”.

 
Fonte: http://bit.ly/1U4x7Qs