Convergências sobre a misericórdia

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17 Março 2016

A entrevista com o Papa Emérito Joseph Ratzinger-Bento XVI, editada e realizada pelo jesuíta belga e discípulo de Hans Urs von Balthasar, o teólogo Jacques Servais, foi apresentada no contexto do congresso intitulado "Por meio da fé. Doutrina da justificação e experiência de Deus na pregação dos Exercícios Espirituais", promovido pela Reitoria do Gesù, em Roma, entre os dias 8 e 10 de outubro de 2015.

A reportagem é de Filippo Rizzi, publicada no jornal Avvenire, 16-04-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A entrevista escrita e concedida na língua-mãe do pontífice, o alemão, foi lida no âmbito do congresso romano pelo prefeito da Casa Pontifícia e secretário particular de Bento XVI, o arcebispo Georg Gänswein.

O texto foi traduzido pelo próprio Jacques Servais e revisto pelo entrevistado. Nessa intervenção, o Papa Ratzinger volta com a mente aos estudos universitários e à sua pesquisa teológica, mas, acima de tudo, aos anos percorridos como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Bento XVI recorda a importância da Declaração Conjunta da Igreja Católica e da Federação Luterana Mundial sobre a doutrina da justificação, de 31 de outubro de 1999 (quando justamente Ratzinger era, então, cardeal prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé).

Na entrevista com Bento XVI, também são muitas as referências ao período do seu magistério como pontífice: são citados, dentre outros documentos, a encíclica Spe salvi e os três volumes sobre Jesus de Nazaré. De grande interesse também são as referências a Anselmo de Aosta e a Lutero, assim como aos teólogos contemporâneos Henri de Lubac, Karl Rahner e a sua tese sobre o "cristianismo anônimo", e a questões tipicamente teológicas no estilo do "Ratzinger professor": se a salvação eterna pode alcançar e se estender até mesmo àqueles que não foram batizados.

De grande interesse, à luz também deste Ano Santo, é a leitura sobre o tema da misericórdia que o Papa Bento XVI aborda, evidenciando os grandes pontos de convergência entre o magistério de João Paulo II, o seu e o de Francisco.

Outro aspecto de grande atualidade da reflexão, no rastro do magistério do Papa Bergoglio, é a importância que Bento XVI indica para a vida de cada cristão na prática do sacramento da Penitência (a Confissão) para nos fazer "moldar e transformar por Cristo".

O texto que aqui é apresentado tem um grande valor simbólico à luz das iminentes celebrações dos 500 anos (1517-2017) das teses sobre a justificação da fé de Martim Lutero. O texto faz parte, agora, de um livro, editado pelo reitor da Igreja do Gesù, o jesuíta Daniele Libanori, de Ferrara, recém-publicado pela San Paolo (200 páginas), que contém as atas do congresso e retoma o seu título: Per mezzo della fede. Dottrina della giustificazione ed esperienza di Dio nella predicazione della Chiesa e negli Esercizi Spirituali.

Nele também são relatadas as contribuições dos relatores: o lazarista Nicola Albanesi, professor da Universidade Católica ("O cur Deus homo de Santo Anselmo. A doutrina da justificação"), o jesuíta Roberto Del Riccio, professor da Faculdade Teológica da Itália Meridional, seção San Luigi em Nápoles ("Justificação do pecador e imagem de Deus"), o biblista padre Salvatore Maurizio Sessa, professor do Claretianum de Roma ("A justificação no Antigo Testamento para uma primeira orientação a partir do Livro de Jeremias"), Mons. Romano Penna, ex-professor de Novo Testamento na Pontifícia Universidade Lateranense ("A justificação do pecador segundo Paulo"), o jesuíta Giovanni Cucci, professor da Gregoriana e escritor da Civiltà Cattolica ("Aspectos antropológicos da experiência de Deus: entre medo e confiança") e Anton Witwer, também jesuíta e reitor do Instituto de Espiritualidade da Pontifícia Universidade Gregoriana ("A imagem de Deus salvador nos Exercícios de Santo Inácio de Loyola").