Fé, o traço mais marcante da população brasileira - Breves do Facebook

Círio de Nazaré, uma das mairores festas rligiosas do país | Foto: Agência Pará

13 Janeiro 2022

 

Rudá Guedes Ricci

 

SOBRE O ÓDIO NAS REDES SOCIAIS

Por Rudá Ricci

A violência verbal e a tentativa de cancelamento diário que vigoram nas redes sociais sugerem um certo adoecimento e extrema insegurança que se espraia neste século XXI. Não é algo normal. Mas, é algo frequente.

Chega a ser assustador como alguns poucos – felizmente não se tornou a regra – ingressam numa live ou comentam uma postagem com o nítido intuito de ofender e ameaçar (no caso, de cancelamento). Ameaçam, mas nada fazem além de vociferar.

A intenção é uma declarada desqualificação do outro que, muitas vezes, desconhece. Não se trata de crítica, mas de um jorro de humilhação para gerar desconforto e exclusão desse oponente imaginário. Para quem se expõe em lives e eventos virtuais, o clima tóxico é uma busca comum vinda de quem perdeu totalmente o autocontrole.

Jon Ronson já havia feito uma extensa lista de ataques virtuais em seu livro “Humilhado: como a Era da internet mudou o julgamento público”. Os casos relatados, mesmo que os acusados tivessem culpa ou não, revelam uma política de terra arrasada. Francisco Bosco escreveu um livro que vai na mesma direção. O título do livro, muito provocativo, “A vítima tem sempre razão?”, gerou incômodo, mas não muita polêmica. São inúmeros casos, como o de Mallu Magalhães que publicou um clipe onde negros dançam besuntados de óleo. O vídeo sofreu críticas sobre uma possível estética racista. Mallu reagiu e agradeceu quem a alertou, embora não tivesse sido a intenção na produção do vídeo. E não é que esta postagem tão singela gerou milhares de respostas? Nem todas ofensivas, mas ocorreram. Na prática, o que restaria à Mallu além do que fez?

Tento compreender o que motiva alguém permanecer num evento virtual e atacar o tempo todo em chats. Fico com a impressão que é gente que fica à espreita para se autoafirmar ou autopromover a partir da desmoralização de quem está se expondo. Tentarei uma ou outra explicação a respeito.

Imagino que seja uma espécie de idolatria invertida. Uma dependência emocional com o objeto de sua fúria para poder se afirmar. Richard Sennett fala em "substituição idealizada", ou seja, o medo de ficar solto, de não ter um ponto de referência. Então, o impulso é se vincular à uma figura externa para poder transformá-lo em saco de pancadas. A questão é que não adianta uma única surra. A ânsia de autoafirmação e de dependência emocional ao objeto do ataque leva o agressor a continuar a agir agressivamente. Mais e mais e mais sem esgotar a pulsão – de morte? – que o impele ao ato contínuo.

Sartre trabalhava a angústia advinda da liberdade: a responsabilidade de ser livre. A linguagem da rejeição é, assim, uma antecipação ao medo da sua própria responsabilidade na vida. O foco no cancelamento tem o condão de sugerir uma força de quem cancela que, na prática, é pífia. São mais atos simbólicos. Eu ataco para não me ver na minha responsabilidade pelo mundo ser como é. Eu ataco para dizer que sou correto, tão correto que atuo como RoboCop virtual diuturnamente, rondando as redes para fazer justiça com as próprias teclas.

Uso o termo cancelamento não como ato em si, mas como subjetividade. É comum o ataque nos chats (ou mesmo aqui no Twitter) não ter fim, sem que o agressor resolva abandonar a arena de ataque. Configura uma necessidade de agredir para se promover ou se afirmar.

Baumann analisou como a partir do final do século passado passamos a ter uma dupla personalidade: a física (off line) e a virtual (online). A virtual, muitas vezes, é uma construção imaginária, normalmente protegida por um avatar. Uma espécie de heterônimos de Fernando Pessoa. Ora, com tais possibilidades ao dispor do freguês, a agressão sem travas é facilitada ao extremo. Um convite ao fim do autocontrole. Chegamos ao Reino da Pulsão.

Em outras palavras, o fim da educação e da convivência social civilizada.

Nesse sentido, essa agressividade compulsiva que aparece nas redes sociais revela solidão e necessidade de autoafirmação.

Para que ficar num ambiente ouvindo alguém que lhe incomoda? Para projetar sua intenção que não é ouvida no seu cotidiano. Como chegamos a esse ponto?

 

ISER - Instituto de Estudos da Religião

 

Uma pesquisa divulgada pelo Observatório Febraban, realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), constatou que a maioria dos brasileiros acreditam que a é a característica mais marcante da nossa população.

Segundo os dados da pesquisa, para 30% dos entrevistados a é o primeiro traço citado em uma pergunta com múltiplas respostas. Seguidos por criatividade, com 20%, e capacidade de superação, com 15%.

O ISER contribuiu para a reportagem com o sociólogo Clemir Fernandes. Segundo ele, a pesquisa aponta que o brasileiro, pela formação de sua identidade, marcada por matrizes religiosas como cristãs, africanas e indígenas, tem a fé como componente importante da superação de problemas cotidianos, especialmente em uma sociedade desigual como a nossa.

Leia mais na matéria.


Em pesquisa, brasileiros apontam a fé como traço mais marcante da população, seguido pela criatividade

 

 

Apolo Heringer Lisboa

 

AMÉRICA LATINA SOLIDÁRIA

Eu vivi exilado no Chile e na Argentina antes de viver 5 anos na Argélia e depois 1 ano e 7 meses aprox. entre França e Bélgica. Para nós foi questão de vida ou morte. Por isso respeitamos e valorizamos o direito de asilo por razões politicas. Vejam a história a seguir.

(Da página de Fernando Morais no Facebook)

"A corajosa decisão de López Obrador de oferecer asilo político a Julian Assange reforça uma tradicional política de solidariedade do México. Foi o general Lázaro Cárdenas, então presidente da República, quem acolheu Leon Trotsky, perseguido por Stálin (e que acabaria assassinado na capital mexicana). Quando morreu exilada no México, dona Leocádia, mãe de Luis Carlos Prestes e sogra de Olga Benário, Cárdenas pediu ao STF brasileiro que autorizasse o filho, encarcerado no Brasil, a viajar ao México para o funeral da mãe. O Supremo negou o pedido. O presidente Cárdenas ofereceu-se para vir pessoalmente ao Brasil e permanecer na prisão durante o período em que Prestes sepultava dona Leocádia – uma garantia de que o Cavaleiro da Esperança não aproveitaria a viagem para escapar à pena a que fora condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional. O STF simplesmente ignorou a proposta. Em 2018, aos 84 anos, Cuauhtémoc Cárdenas, ex-governador do Distrito Federal mexicano e filho do general Cárdenas, viajou a Curitiba para visitar Lula na prisão da Polícia Federal."

 

Paulo Artaxo

 

Publicamos hoje na Science um paper que revela os processos e mecanismos do papel de nanopartículas no ciclo de vida de nuvens e na precipitação da Amazônia. Através de modelagem e medidas em aviões, o papel da poluição e das emissões naturais foram separados e quantificados. Importante para entender o papel da poluição urbana no clima em regiões remotas como a Amazônia.

Paper: Rapid growth of anthropogenic organic nanoparticles greatly alters cloud life cycle in the Amazon rainforest. de Zaveri, Artaxo, Machado et al., Science Advances. 

 

 

Antonio Spadaro SJ

 

Il Papa entra in un negozio di dischi di Roma, la titolare: «Emozione immensa» - Corriere TV

 

 

 

Paolo Gamberini

 

Alcune riflessioni dal prossimo mio libro che verrà pubblicato (spero!):

La rivelazione di Dio può essere compresa da due punti di vista differenti, a cui corrispondono due diverse interpretazioni di Dio.

La prima è il punto di vista antropocentrico, l’altro teocentrico.

Secondo la prospettiva antropocentrica, Dio si rivela a poco a poco, gradualmente, con sempre maggiore intensità, fino ad arrivare ad uno zenit. Dio si adatta al suo partner di alleanza (il popolo eletto) e modifica la sua pedagogia a seconda della risposta del suo interlocutore. In questa prospettiva, in cui Dio è il soggetto del divenire rivelativo, si dà una reale esperienza di Dio (genitivo oggettivo).

Secondo la prospettiva teocentrica, invece, non è più Dio o la sua rivelazione che cresce fino a raggiungere un compimento. Ciò che muta e cambia non è Dio o il suo rivelarsi ma l’accoglienza, cioè la ricezione umana, della rivelazione divina. In questa seconda prospettiva, è l’uomo il soggetto del divenire rivelativo. In Dio non c’è alcun mutamento, ma solo comunicazione continua di sé all’uomo che progressivamente nel tempo e nello spazio recepisce e accoglie.

In questa prospettiva teocentrica, è la verità o l’interpretazione dell’esperienza di Dio che è cambiata. Non è più Dio il soggetto del divenire rivelativo, ma l’uomo. In questa prospettiva teocentrica, si rende evidente l’esperienza di Dio (genitivo soggettivo) nel suo valore soggettivo e assoluto.

 

Algumas reflexões do meu próximo livro a ser publicado (eu espero!):

A revelação de Deus pode ser entendida de dois pontos de vista diferentes, que correspondem a duas interpretações diferentes de Deus.

O primeiro é o ponto de vista antropocêntrico, o outro teocêntrico.

Segundo a perspectiva antropocêntrica, Deus se revela pouco a pouco, gradualmente, com intensidade crescente, até chegarmos a um zênite. Deus se adapta ao Seu parceiro de aliança (o povo eleito) e modifica Sua pedagogia dependendo da resposta do Seu interlocutor. Nesta perspectiva, em que Deus é objeto de revelação, uma experiência real de Deus (genitivo objetivo) é dada.

Do ponto de vista teocêntrico, por outro lado, já não é Deus ou Sua revelação que cresce para a realização. O que muda e muda não é Deus ou sua revelação mas a recepção, isto é, a recepção humana, da revelação divina. Nesta segunda perspectiva, o homem é alvo de revelação. Em Deus não há mudança, mas apenas comunicação contínua de si mesma ao homem que gradualmente recebe e acolhe no tempo e no espaço.

Nesta perspectiva teocêntrica, é a verdade ou a interpretação da experiência de Deus que mudou. Deus já não é objeto de revelação, mas sim homem. Nesta perspectiva teocêntrica, a experiência de Deus (genitivo subjetivo) torna-se evidente em seu valor subjetivo e absoluto.

 

 

 

Rudá Guedes Ricci

 

 

 

Alonso Gonçalves

 

Tem gente “indignada” com a tal “Governe Conference”, que ocorreu semana passada e que foi organizada pela Igreja Batista Lagoinha (IBL) em Orlando (Flórida/EUA). Segue sem novidade coisas assim.

Na tal “Conference”, apenas homens, brancos, falando em uma igreja de classe média alta em outro país sobre teorias conspiratórias para legitimar um certo “messias” em 2022. Nada novo. Teremos mais do mesmo esse ano.

Na boa, essa gente está falando para uma bolha dentro de outra bolha. Um encontro de negacionistas, idólatras de um personagem político, sedentos por alimentar a própria claque.

É uma gente que está equidistante do Brasil e seus desafios prementes. O estado onde fica a IBL está mergulhado debaixo de água, e nada se ouviu dos participantes; os combustíveis aumentaram mais uma vez e tendem a subir mais, e nada se ouviu dos homens brancos do encontro; os preços nos supermercados estão cada vez mais corroendo a renda das famílias, mas o que se ouviu foi sobre conservadorismo; a inflação batendo patamares históricos, mas os iluminados não tem o que falar sobre isso, do contrário poderiam ser acusados de “esquerdistas”. E o principal tema deles: “comunismo”. Um assunto que a grande maioria dos pobres, periféricos e pretos deste país não estão nem um pouco interessados.

 

Alonso Gonçalves

 

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Em 2016 André Valadão recebeu o então procurador do MPF, Deltan Dallagnol, para falar na Igreja Batista da Lagoinha (IBL). À época Deltan era visto como uma espécie de "arcanjo Miguel" revivido.

Um anjo para derrotar as forças do mal no país.

Quando Deltan toma a palavra, a grande maioria dos presentes no auditório da IBL começaram a se levantar e sair do templo. Deixaram Deltan falando praticamente sozinho: uma situação vexatória.
Depois do ocorrido, Valadão ficou extremamente irritado e chamou os irmãos da sua comunidade de "tolos": "Os irmãos não tem ideia da vergonha que eu passei com a movimentação no culto de tantas pessoas indo embora na terça-feira passada. A atitude da falta de educação de vocês, falta de respeito, falta de interesse".

Esse caso continua sendo um espelho do Brasil evangélico. Isso demonstra que os membros das igrejas não seguem prontamente seus líderes nas suas posições políticas. Quem achar que a grande maioria das pessoas que frequentam as igrejas irão seguir cegamente a indicação política do líder se engana. Ao que parece até hoje Valadão não entendeu a posição da maioria dos membros da IBL quando viraram as costas para Deltan. Insisti no erro.

Esse ano muitos pastores e líderes (midiáticos principalmente) irão cometer o mesmo erro do Valadão: achar que os membros da igreja estão alinhados com uma posição política que ele, o pastor/líder, considera a mais "correta" para o Brasil. Ledo engano.

Enquanto o pastor estará fazendo campanha a partir de uma pauta de costumes (família e todo esse discurso que conhecemos); os membros estarão preocupados com a comida na mesa das famílias; enquanto o pastor estará fazendo ????? com os votos que "sua" igreja pode dar; os membros estarão preocupados com os preços nos supermercados e no posto de gasolina.

Esse ano o erro de Valadão será o mesmo de muitos midiáticos por aí. O fato é que a grande maioria dos evangélicos são periféricos, pobres e pretos e já perceberam que esse ano o que vai definir mesmo as coisas não será o tal "kit gay", mas o estômago vazio.

E não adianta pintar o candidato como "o escolhido do Senhor". Esse ano isso não cola mais. E já tem pastores de grandes denominações por aí que entenderam isso. Sabem que se insistirem nessa bobagem do "ungido do Senhor" irão ficar como o Valadão, falando para as paredes.

*Facebook, me lembre disso em janeiro de 2023*

 

Juremir Machado da Silva

 

Pergunta do Noites, o iluminista em busca do fim do túnel: onde foi parar a tal ponte para o futuro?

 

Oke Aro, Oxossi

 

Via Fernando Altemeyer Junior

 

 

 

Luiz Alexandre Rossi

 

A espiritualidade sadia é aquela que desce dos altares e caminha pelas periferias da vida.

 

Fernando Altemeyer Junior

 

Bolsonaro diz que Ômicron é 'bem-vinda'.

Comensal da morte.

Cavaleiro do apocalipse

 

Eliseu Wisniewski - CiberTeologando

 

“Por vezes, muitas leituras inadequadas do livro do Apocalipse jogam mais luzes no ‘dragão’ do que no ‘Cordeiro’ e, assim, não somente invertem o protagonismo de Jesus, como alçam ao papel principal um personagem que está derrotado desde o início. Uma leitura que desloca Jesus do centro jamais poderá edificar a nossa fé e, muito menos, alimentar a nossa esperança. Portanto, mais do que um livro que presumidamente relate o fim do mundo, o Apocalipse é um livro que busca apresentar, em todas as suas páginas, aquele que é o princípio e o fim de tudo”. “O nome ‘Apocalipse’ é uma palavra grega que significa ‘revelação’. Por isso, o Apocalipse é uma revelação, da parte de Deus, de algo que está oculto e que não pode ser compreendido por aqueles que não conhecem a mensagem cristã”. Neste livro, intitulado Apocalipse: a força de resistência dos pobres, Luiz Alexandre Solano Rossi e Ildo Perondi fornecem, com base no contexto da época em que foi escrito, uma chave de leitura do livro bíblico Apocalipse, cuja interpretação é considerada até hoje complexa, majoritariamente em virtude de seus simbolismos.
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Degustação aqui.

Outras informações aqui.

 

 

Vitor Hugo Mendes

 

 

 

Marta Gustave Coubert Bellini

 

 

 

Monica Rabelo

 

Da Hilde Angel

"Hoje é data do aniversario de meu irmão, Stuart Angel Jones, que nasceu em Salvador, Bahia, numa segunda quinta-feira de Janeiro, na hora da tradicional Lavagem da Escadaria da Igreja do Bonfim.

O médico parteiro disse a mamãe:"Seu filho é um predestinado, nasceu na hora da Lavagem". Mamãe ficou toda contente. E contava a todos o prognóstico, como se fosse uma coisa boa. Não imaginava que aquela era uma sentença de sofrimento, e ela seria uma mater dolorosa da Ditadura do Brasil.

Hoje, as mães doloridas se multiplicam, com filhos mortos pelas costas por fuzis de policiais militares. E não há justiça, não há culpa, não há punição.

O mau exemplo da impunidade dos governos militares se consolidou como prática e exemplo.

Um país sem Justica é um país marcado para morrer.

Vejam a homenagem que presta hoje a meu irmão nas redes sociais, junto com essa foto 3x4, o seu companheiro de militância, lutas e ideais, Samuel Aarão Reis ;

"Stuart. 11 de janeiro de 1946. Preso. Assassinado dentro de um quartel. Grande amigo. Está ao meu lado em vários momentos."

Stuart Angel, presente!

 

 

Antonio Riserio

 

Estou por fora. Sei apenas que na sexta e no sábado que passaram, houve um grande encontro de historiadores, filósofos e cientistas sociais na Sorbonne, em Paris, num evento de combate ao "wokismo", à incultura do cancelamento, à imposição do dogma moral contra o espírito crítico, enfim, a todas essas tremendas tolices reacionárias que o fundamentalismo fascista dos identitários quer nos vender como o revolucionarismo do dia. Título do colóquio - DEPOIS DA DESCONSTRUÇÃO: RECONSTRUIR A CIÊNCIA E A CULTURA. Disse que estou por fora porque até agora não sei no detalhe como a coisa rolou. Mas vi que, entre os palestrantes, esteve o cultíssimo e brilhante pensador canadense Mathieu Bock-Côté, autor do maravilhoso O MULTICULTURALISMO COMO RELIGIÃO POLÍTICA. É ótimo que coisas assim comecem a acontecer. E vamos ver se reitores e professores brasileiros também tomam vergonha e entram em campo - porque, até aqui, a maioria não tem feito mais do que enfiar a língua no próprio rabo.

 

Edward Neves Monteiro De Barros Guimarães

 

A JUSTIÇA DO REINO PASSA PELA MISERICÓRDIA

A postura dos fariseus e escribas
oh Profeta do Reino da Justiça,
revelam total desconhecimento
do rosto amoroso e misericordioso
de teu e nosso Abba querido.
Deus, para eles, é justiça implacável
e o que viria com Reino de Deus
seria abrangente condenação brutal,
dos pecadores e impuros perante a lei.
Tu, porém, ages de outra maneira,
oh Mestre do Caminho,
a tua pedagogia é libertadora,
tu revelas o rosto amoroso do Abba,
partilhas a mesa com pecadores e impuros,
anuncias aos pobres uma grande alegria:
a Boa Notícia da proximidade do Reino,
fonte de vida digna e de libertação,
e cuja justiça passa pela misericórdia,
e pela construção da fratersororidade.
Que teus discípulos e discípulas de hoje,
saibam dinamizar a tua Igreja e torná-la:
“casa da misericórdia”, “de portas abertas”
“hospital de campanha depois da batalha”,
“samaritana”, “em saída para as periferias”,
“pobre e para os pobres” e “poliédrica”,
na qual seus membros saibam “caminhar juntos”
na comunhão, na participação e na missão.

Edward Guimarães

Belo Horizonte, 12 de janeiro de 2022.

Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 5, 27-32).

Veja aqui.

 

Economia Ecológica

 

 

 

Faustino Teixeira

se não quisermos ser esmagados, precisamos de elevar tudo para o alto

Francisco

 

Giselle G. Silva

 

Via Cesar Benjamin

Tudo dentro dos conformes.

Cada um no seu lugar. Povo se arrasta no chão com a elite nas costas. "Muda tudo pra garantir não mudar nada"

 

Faustino Teixeira

 

Taí, gostei muito do filme, mesmo ficando desconfortável em algumas cenas. Mas é um tema fundamental, que envolve a questão tremenda do negacionismo. E aquela cena final, da "ceia" da despedida, onde estão aqueles que acreditam na realidade ameaçadora, enquanto os outros se despedaçam no desespero. E aquele fecho com a oração puxada pelo jovem de tradição evangélica foi significativa.

Não há como deixar de comparar com o maravilhoso filme de Laars von Trier, Melancolia...

Dentre os que comentaram o filme, destaco a excelente reflexão de Eduardo Losso na CULT e essa resenha que li no Estadão:

O filme ‘Não olhe para cima’ é um diagnóstico ferino do mal que vem comendo por dentro aquilo que já chamamos de civilização.

Eugênio Bucci, O Estado de S.Paulo
30 de dezembro de 2021 | 03h00

O Estado se ajoelha para o capital e ainda abana o rabinho. A ciência, para se fazer ouvir, precisa enviar representantes aos programas de celebridades na televisão, onde disputa espaço com o sensacionalismo mais torpe e as frivolidades mais fúteis. A política perdeu os laços que um dia teve com o argumento racional; agora, se quiser alcançar o público, tem de contratar cantores beócios, ainda que afinados, e empacotar sua mensagem em versos lacrimosos e melodias previsíveis. Assim caminha a humanidade – para a extinção.

Em poucas palavras, este é o recado essencial do filme Não olhe para cima, dirigido por Adam McKay, em cartaz no Netflix. Estamos falando, aqui, do assunto mais momentoso das festas de final de ano. Nestes tempos de amortecimento dos sentidos cívicos, as pessoas se entretêm umas às outras “postando” comentários sobre a superprodução. Trata-se de uma febre natalina, mais contagiosa que outras febres, para as quais a sociedade resolver fechar os olhos de uma vez.

Aqui mesmo, no Estadão, na página A6 da edição de ontem, Não olhe para cima apareceu com destaque como o “tema do dia”. Não é para menos. Na trama, dois cientistas (Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence) descobrem que um cometa – na verdade um bloco mineral com quase dez quilômetros de extensão – vai colidir com a Terra e destruir a vida no planeta. Eles tentam explicar o cataclismo para a presidente dos Estados Unidos (Merryl Streep), mas a conversa não prospera. A governante não disfarça o enfado e se declara cansada de gente que vai até ela anunciando o fim do mundo. Então, diz que precisa aguardar as eleições para decidir o que fazer.

Os dois astrônomos ficam atônitos, mas não desistem. Desobedecendo as instruções expressas da Casa Branca, resolvem dar uma entrevista a um telejornal que mescla amenidades e atrocidades para capturar a audiência. O resultado é um fiasco vexatório, motivo de chacota nacional.

O cometa vai se aproximando, com sua velocidade estonteante, enquanto o enredo evolui num andamento que mescla tragédia e comédia, romance e catástrofe, sátira e fábula, thriller e distopia. O espectador não desgruda. Talvez falte realismo aqui ou ali, talvez falte verossimilhança, mas o plano geral tem força, magnetismo e poder de convencimento. Se você ainda não viu, veja correndo, nem que seja para poder palpitar nas conversas de réveillon. (Não tenha dúvida de que, na noite da virada, em que as vendas sobre a vista sobrepujarão as máscaras sobre a boca e o nariz, o sucesso da temporada vai estar em pauta.)

Festividades à parte, Não olhe para cima é um dos mais ácidos retratos da cultura dos nossos dias. Merece ser visto com atenção redobrada. Mais do que um blockbuster, é um diagnóstico ferino do mal que vem comendo por dentro aquilo que já chamamos de civilização.

O problema do filme não tem nada que ver com cometas, asteroides ou meteoritos – esses corpos celestes servem apenas de pretexto cênico e dramático. O problema central é o enlouquecimento dos métodos pelos quais a sociedade democrática toma suas decisões. É como se as imagens espetaculares que se acendem em toda parte não nos abrissem a visão do que se passa na realidade, mas nos cegassem. É como se estivéssemos todos encerrados numa nova Caverna de Platão, cujas paredes são feitas de telas eletrônicas.

Gravemente enfermos, a sociedade e o Estado perderam a capacidade de escutar a ciência – esta só ganha crédito quando o pesquisador é sexy. O capital, de sua parte, só tem ouvidos para os seus próprios cientistas, aqueles que são pagos para dizer as “verdades científicas” que legitimam o lucro e a acumulação. Se acontece de essas “verdades” entrarem em choque com as condições mínimas de preservação da vida no planeta, ora, a vida que espere, mesmo morrendo.

Não olhe para cima vem para nos falar exatamente disso. A presidente dos EUA é tratada como subalterna pelo seu principal financiador de campanha, o magnata Peter Isherwell (Mark Rylance). Um misto de Tim Cook e Elon Musk, Peter Isherwell é um monopolista da superindústria dedicada à extração dos nossos dados pessoais. Entra quando bem entende em qualquer reunião na Casa Branca. Não tem limites. Dá ordens à chefe de Estado. Não admite nenhuma contestação. Na hora mais crítica, manda abortar uma missão espacial comandada diretamente pelo governo e determina que os “estudos” dos seus cientistas particulares prevaleçam sobre os planos da Nasa.

A política faliu. Só o que resta a quem queira criticar o imobilismo estatal e a ganância capitalista é apelar para os astros do showbusiness, retratados como alienados de rostinho bonito. A política não passa de um escaninho menor dentro da indústria do entretenimento. Fim de linha total.

Para terminar, vale registrar aqui uma autoironia caprichosa: Não olhe para cima critica o entretenimento, mas é também uma mercadoria lucrativa dentro dessa superindústria. Assim, e somente assim, a humanidade ainda consegue rir de si mesma. Feliz ano-novo.

 

 

 

André Vallias

 

Moro, o candidato coach

MARILIZ PEREIRA JORGE

Quando vejo gente disposta a votar em Sergio Moro para presidente entendo o sucesso do coach que convenceu 60 pessoas despreparadas a subir os 2.400 metros do Pico dos Marins, interior de São Paulo. A metade que chegou ao cume precisou ser resgatada, uma epopeia de nove horas, que evitou uma tragédia, segundo os bombeiros.

O curso vendido por Pablo Marçal, chamado de "O pior ano de suas vidas", incluía essa expedição. Marçal em sua conta no Instagram escreveu, "só conquista o topo dessa montanha quem está disposto a entregar todos os recursos durante o caminho. Sangue, suor, lágrimas e gordura. O que te impede de viver aventuras como essa?".

Não ser trouxa me parece uma boa razão. Isso inclui não cair no papo furado de coaches e não votar em aventureiros. Sergio Moro é um pré-candidato que se encaixa nas duas categorias. Curso de oratória e fonoaudiologia são parte do verniz. O despreparo ele tenta camuflar levando para o seu entorno nomes palatáveis a quem se deixa iludir. É a pegadinha do Posto Ipiranga. Cai quem quer.

Não há nada no histórico de Sergio Moro que o habilite à Presidência. Entendo que depois de Jair Bolsonaro haja quem considere qualquer coisa melhor. Moro não é melhor, e qualquer tentativa de um plano seu de governo poderia ser batizada de "Os piores anos de sua vida "" Parte 2". O Brasil não aguenta mais amadores. Não temos mais quatros anos para desperdiçar com aventureiros. Moro já deixou claro que é exatamente isto: amador e aventureiro.

O ex-juiz precisa dar um rumo na vida depois de ter encerrado sua carreira no Judiciário para integrar um governo fascista e incompetente. Mas o que ele oferece como candidato é uma jornada sem equipamentos de segurança por uma trilha com histórico de acidentes fatais, em que o eleitor tem que dar "sangue, suor, lágrimas" e o resgate só chegará depois de quatro anos.

Mariliz Pereira Jorge
Jornalista e roteirista de TV.
FSP 11.01.2021

 

Moisés Mendes

 

Me contaram que o Ministério Público baixou o relho numa turma que por acaso se chama Gangue do Relho de Bagé.