Carnificina na Favela: o espetáculo dos corpos tombados no Jacarezinho. Artigo de Pe. Gegê Natalino

Mais Lidos

  • “A saída da guerra na Ucrânia está na China”. Entrevista com Vijay Prashad

    LER MAIS
  • A doutrina cristã e o devir da sexualidade humana. Uma carta dos bispos escandinavos. Artigo de Andrea Grillo

    LER MAIS
  • A solução para o caos ambiental de Belo Monte está na mesa do Ibama

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

09 Mai 2021

 

"Os podres poderes querem fazer que pensemos que o estado de barbárie impetrados às favelas do Rio se reduza a uma "guerra particular" de policiais X bandidos. Essa é uma narrativa mentirosa e cínica", escreve em artigo Pe. Gegê Natalino, pároco da Igreja de São Daniel Profeta (Favela de Manguinhos), Rio de Janeiro.

 

Eis o artigo.

 

Como padre, no exercício do ministério sacerdotal, na igreja de São Daniel Profeta (Favela de Manguinhos), território vizinho ao Jacarezinho, manifesto publicamente meu protesto e repúdio à carnificina ocorrida em nosso território, historicamente violentado pela ausência do Estado.

Os podres poderes querem fazer que pensemos que o estado de barbárie impetrados às favelas do Rio se reduza a uma "guerra particular" de policiais X bandidos (ou cães X gatos).

Essa é uma narrativa mentirosa e cínica, uma armadilha explicativa que todas e todos sabemos ser enganosa. A propósito, em uma boa parte, policiais e os chamados bandidos, de forma diferenciada, fazem parte da mesma confraria: a dos pretos e pobres - os explorados e os descartáveis. Dessa feita os sangues desses se unem na vala comum dos "condenados da terra".

A questão é muitíssimo mais profunda, complexa e trágica que uma simplória guerra de mocinho e bandido.

A quem verdadeiramente interessa o espetáculo dos corpos dos favelados tombando (e de policiais também)?

Quem patrocina essa aparentemente guerra de mocinho e bandido?

Quem assiste, em gozo, a tal espetáculo fumando charuto e bebendo wisk em confortáveis e insensíveis sofás?

Que Estado se compraz e se abastece desse estado de barbárie?

A quem, de fato, interessa esses massacres com verniz de segurança pública?

O que de inteligência (humana) tem o espetáculo dos corpos tombados no Jacarezinho?

A quem interessa defender essa coisa bárbara, insana, genocida e burra?

De uma coisa sabemos (Conceição Evaristo nos contou):

"A terra está coberta de valas e a qualquer descuido da vida a morte é certa!
A bala não erra o alvo
no escuro um corpo negro bambeia e dança.
A certidão de óbito, os antigos sabem, veio lavrada desde os tumbeiros".

E isso é triste, isso existe… Isso é fato!

Faço minhas as palavras do Papa Francisco em Lampedusa: quem chorará esses sangues?

"Qual um sonho dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se satanás!... Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus, se eu deliro ou se é verdade tanto horror perante os céus?!...". ( Castro Alves). 

 

Leia mais

 

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Carnificina na Favela: o espetáculo dos corpos tombados no Jacarezinho. Artigo de Pe. Gegê Natalino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU