"Se expulsarmos os estrangeiros, só sobra futebol e MMA na TV", diz Streep

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09 Janeiro 2017

Em uma noite marcada por críticas e até piadas sobre Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, a atriz Meryl Streep foi responsável por um dos momentos mais emocionantes do Globo de Ouro 2017.

A reportagem é publicada por portal Uol, 09-01-2017.

Homenageada com o prêmio Cecil B. DeMille pelo conjunto de sua carreira, ela subiu ao palco para um discurso duro sobre a diversidade que Hollywood representa, a responsabilidade dos artistas e a irresponsabilidade do futuro mandatário do país mais poderoso do mundo.

"Obrigada, Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. Vocês e todos nós nessa sala pertencemos aos segmentos mais vilanizados na sociedade americana hoje. Pensem nisso. Hollywood, estrangeiros e a imprensa. Mas quem somos nós? E o que é Hollywood? Só um bando de pessoas de outros lugares. Eu nasci, fui criada e educada nas escolas públicas de Nova Jersey; Viola nasceu em uma cabana em uma plantação na Carolina do Sul; Sarah Paulson nasceu na Flórida e foi criada por uma mãe solteira no Brooklyn", lembrou ela, com a voz quase sumindo, antes de citar outros artistas que vieram de partes diferentes do mundo, como Natalie Portman (Israel) e Ryan Gosling (Canadá).

E continuou, referindo-se aos planos de Trump de expulsar estrangeiros do país: "Hollywood está cheia de forasteiros e estrangeiros, e se expulsarmos todos eles, vocês não vão ter nada para assistir além de futebol americano e Artes Marciais Mistas (MMA), que, aliás, não são arte".

Em seguida, ela se referiu ainda mais diretamente a Trump. Leia o restante do discurso de Meryl, que ainda lembrou a morte de Carrie Fisher.

O único trabalho de um ator é entrar nas vidas de pessoas que são diferentes de nós e fazer vocês sentirem como é isso. E tivemos muitas interpretações poderosas esse ano que fizeram exatamente isso. Trabalhos de tirar o fôlego e cheios de compaixão. Mas houve uma interpretação esse ano que me deixou atordoada, afundou suas garras no meu coração, mas não porque fosse boa --não havia nada de bom nela. Mas foi eficaz e cumpriu sua função. Fez seu público-alvo rir e colocar as garras de fora. Foi aquele momento em que a pessoa pedindo para sentar no lugar mais respeitado do nosso país, imitou um repórter deficiente, alguém a quem ele [Trump] superava em privilégio, poder e capacidade de revidar. Partiu meu coração quando vi isso, e ainda não consegui tirar da minha cabeça, porque não era um filme.

E esse instinto para humilhar, quando é demonstrado por uma figura pública, por alguém poderoso, afeta as vidas de todo mundo, porque dá permissão para que outras pessoas façam o mesmo. Desrespeito convida a mais desrespeito, violência incita violência. Quando os poderosos usam sua posição para fazer bullying, nós todos perdemos.

O que me traz à imprensa. Precisamos que uma imprensa de princípios que cobre os poderosos, que os condene por cada ofensa. Foi para isso que nossos fundadores garantiram liberdade à imprensa em nossa Constituição. Então eu somente peço que a famosa e afluente Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood e todos em nossa comunidade para apoiar um comitê para apoiar jornalistas, porque vamos precisar deles agora e eles vão precisar de nós para proteger a verdade.

Uma vez em que eu estava no set, reclamando sobre algo como trabalhar na hora do jantar ou longas horas de filmagem, Tommy Lee Jones disse para mim: 'Não é um privilégio enorme, Meryl, ser ator?'. Sim, é, e temos que lembrar uns aos outros do privilégio e responsabilidade do ato de empatia. Devemos ficar muito orgulhosos do trabalho que Hollywood honra esta noite.

Como minha amiga, a querida falecida princesa Leia me disse uma vez: 'Pegue seu coração partido e transforme em arte'.

Obrigada.

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