"A Pátria nunca pode ser vendida", afirma Papa Francisco por ocasião do Bicentenário da Independência da Argentina

Mais Lidos

  • Milhares de pessoas foram resgatadas de trabalho escravo contemporâneo em 2023 no Brasil. Entrevista com Frei Xavier Plassat

    LER MAIS
  • Um histórico encontro de oração entre protestantes, ortodoxos e católicos na Roma papal

    LER MAIS
  • Polícias do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco cometeram 331 chacinas em sete anos

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

Por: André | 11 Julho 2016

"Celebramos 200 anos de caminho de uma Pátria que, em seus desejos e ânsias de irmandade, projeta-se para além dos limites do país: para a Pátria Grande, aquela sonhada por San Martín e Bolívar. Esta realidade nos une em uma família de horizontes amplos e lealdade de irmãos. Por essa Pátria Grande rezamos também hoje em nossa celebração: que o Senhor a cuide, a faça forte, mais fraterna e a defenda de todo tipo de colonização", afirma o Papa Francisco em carta à Argentina por ocasião da celebração do Bicentenário da Independência, hoje, nove de julho.

A carta é publicada por Conferencia Episcopal Argentina, 08-07-2016. A tradução é de André Langer.

Eis a íntegra da carta do Papa Francisco:

Conferência Episcopal da Argentina

Cidade do Vaticano, 8 de julho de 2016.

S. E.R Mons. José María Arancedo

Presidente da Conferência Episcopal Argentina

Buenos Aires

Querido irmão:

Às vésperas da celebração do Bicentenário da Independência, quero fazer chegar a você, aos irmãos bispos, às autoridades nacionais e a todo o povo argentino uma cordial saudação. Desejo que esta celebração nos faça mais fortes no caminho empreendido por nossos pais já há 200 anos. Com tais augúrios expresso a todos os argentinos minha proximidade e a segurança da minha oração.

De maneira especial, quero estar próximo daqueles que sofrem: dos doentes, dos que vivem na indigência, dos presos, dos que se sentem sós, dos que não têm trabalho e passam todo tipo de necessidade, dos que são ou foram vítimas do tráfico, do comércio humano e da exploração de pessoas, dos menores vítimas de abusos e de tantos jovens que sofrem o flagelo da droga. Todos eles carregam o duro peso de situações, muitas vezes, limites. São os filhos mais chagados da Pátria.

Sim, filhos da Pátria. Na escola nos ensinavam a falar da  Mãe Pátria, a amar a Mãe Pátria. Aqui precisamente se enraíza o sentido patriótico da pertença: no amor à Mãe Pátria. Nós, argentinos, usamos uma expressão, atrevida e pitoresca ao mesmo tempo, quando nos referimos a pessoas inescrupulosas: "este é capaz até de vender a mãe"; mas sabemos e sentimos profundamente no coração que Mãe não se vende, não se pode vender... e tampouco a Mãe Pátria.

Celebramos 200 anos de caminho de uma Pátria que, em seus desejos e ânsias de irmandade, projeta-se para além dos limites do país: para a Pátria Grande, aquela sonhada por San Martín e Bolívar. Esta realidade nos une em uma família de horizontes amplos e lealdade de irmãos. Por essa Pátria Grande rezamos também hoje em nossa celebração: que o Senhor a cuide, a faça forte, mais fraterna e a defenda de todo tipo de colonização.

Com estes 200 anos de respaldo, pede-se a nós continuar caminhando, olhar para frente. Para isso, penso – de maneira especial – nos idosos e nos jovens e sinto a necessidade de pedir a eles ajuda para continuar andando nosso destino.

Peço aos idosos, aos “memoriosos” da história, que, sobrepondo-se a esta “cultura do descarte” que mundialmente nos é imposta, se animem a sonhar. Temos necessidade dos seus sonhos, fonte de inspiração.

Aos jovens peço que não aposentem sua existência no quietismo burocrático para o qual foram escanteados por tantas propostas carentes de esperança e de heroísmo.

Estou convencido de que a nossa Pátria necessita fazer viva a profecia de Joel (Cf. Jl 4, 1). Somente se nossos avós se animarem a sonhar e os nossos jovens a profetizar coisas grandes, a Pátria poderá ser livre. Necessitamos de avós sonhadores que empurrem e de jovens que – inspirados nesses mesmos sonhos – corram com a criatividade da profecia.

Querido irmão, peço a Deus, nosso Pai e Senhor, que abençoe a nossa Pátria, abençoe a todos nós; e à Virgem de Luján que, como mãe, cuide de todos nós em nosso caminho. E, por favor, não se esqueça de rezar por mim.

Fraternalmente,

Francisco

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

"A Pátria nunca pode ser vendida", afirma Papa Francisco por ocasião do Bicentenário da Independência da Argentina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU