Frei franciscano corre risco de excomunhão por participar de liturgia presidida por mulher

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04 Dezembro 2011

Apesar dos rumores de que o padre franciscano Jerry Zawada seria excomungado e expulso da sua ordem por ter participado de uma liturgia presidida por uma sacerdotisa, Zawada e as lideranças de sua ordem disseram que isso ainda será discutido.

A reportagem é de Brian Roewe, publicada no sítio National Catholic Reporter, publicação dos bispos italianos, 30-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Zawada participou da celebração litúrgica no dia 19 de novembro, enquanto visitava o School of Americas Watch [SOA Watch, Observatório da Escola de Américas], em Fort Benning, na Geórgia, EUA.

O Pe. John Puodziunas, ministro provincial dos freis franciscanos da Província de Assumption BVM , disse ao NCR que ele não recebeu nenhum contato do Vaticano sobre o assunto. "Não houve nenhum contato oficial de ninguém", disse Puodziunas. Na tarde de quarta-feira, Zawada e seu advogado também disseram que não havia sido feito nenhum contato.

Zawada, um ativista da paz bem conhecido, disse ao NCR que havia se reunido com Puodziunas no dia 29 de novembro, no convento franciscano de Franklin, Wisconsin, e disse que algumas das discussões se centraram na liturgia realizada durante o fim de semana promovido pelo SOA Watch.

"[Puodziunas] me tranquilizou de muitas formas", disse Zawada. "Ele não foi severo, ele não foi antagônico de forma alguma. Ele foi muito respeitoso, muito gentil e muito compreensivo". O advogado de Zawada, Bill Quigley, também descreveu as conversas como um "diálogo muito recíproco e respeitoso".

Puodziunas se recusou a comentar sobre o assunto.

Zawada se uniu a Janice Sevre-Duszynska (foto) – que foi ordenada sacerdotisa em 2008 na Association of Roman Catholic Women Priests – na presidência de uma celebração litúrgica para mais de 300 pessoas na reunião anual do SOA Watch, em Columbus, Geórgia, ao norte de Fort Benning.

Zawada disse que ponderou sobre a questão da ordenação de mulheres por "muito tempo", acrescentando que há "algo injusto" na estrutura atual. "A nossa estrutura precisa de uma remodelação", acrescentou.

Para ele, a oportunidade de seguir a sua consciência e se unir a outros para "apoiar o movimento" pela ordenação feminina se apresentou na liturgia do SOA Watch. "É o que o Espírito Santo está nos chamando a fazer", disse Zawada.

Casos anteriores envolvendo o apoio a sacerdotisas resultaram em latae sententiae, ou excomunhão automática. A tentativa de ordenação de uma mulher foi acrescentada à lista de "crimes graves" do Vaticano em 2010.

Quigley, professor de direito da Loyola University New Orleans, disse que Zawada e outras pessoas na Igreja têm direito ao devido processo legal e a uma audiência. Quigley disse que Zawada não queria provocar uma situação adversa, mas queria, sim, um processo transparente.

Quando perguntado sobre a possibilidade de excomunhão, Zawada disse que pensar nisso era "doloroso em muitos níveis", mas disse ao NCR que ele não planeja contestar qualquer ação disciplinar.

"Sejam quais forem as consequências para mim, estou disposto a aceitá-las", afirmou, acrescentando que não tem intenção de retratar a sua opinião nem de "deixar a Igreja Católica."

Zawada sempre se envolveu em muitas causas de justiça social. Ele foi preso diversas vezes por invadir propriedades privadas em protestos anteriores do SOA Watch , assim como por invasão de propriedades privadas quando protestava contra a construção de uma fábrica de armas nucleares em Kansas City, Missouri, em 2010.

Em 2009, ele era membro da Creech 14, que protestava pacificamente contra o uso das Forças Armadas dos EUA de aviões teleguiados para ataque automatizado, o que levou à sua prisão na Base Aérea de Creech, perto de Las Vegas. Em julho desse mesmo ano, oficiais  do órgão de pesca e vida selvagem dos EUA acusaram Zawada e outras pessoas por terem provocado confusão ao supostamente terem deixado galões de água ao longo das trilhas usadas por migrantes ilegais.

Nos últimos anos, a Igreja tomou medidas contra diversas figuras eclesiais que apoiavam a ordenação de mulheres. Em maio, o papa removeu o bispo William M. Morris da Austrália por causa de uma carta pastoral de 2006 que indicava a sua abertura à ordenação de mulheres e também de homens casados.

O Pe. Roy Bourgeois continua lutando para permanecer como membro dos Padres e Irmãos Maryknoll, depois de ter participado da ordenação de Sevre-Duszynska em 2008. Bourgeois é amigo de Zawada. "Acho que o que Roy fez foi corajoso e eu o admiro até hoje", disse Zawada.

Zawada também disse que espera retornar no dia 10 de dezembro à sua casa em Tucson, Arizona, onde ele e dois coirmãos ajudam os trabalhadores migrantes. É possível que ele se encontro com o bispo Gerald Kicanas, de Tucson, depois do seu retorno.

O frei disse ainda que não vai lutar contra quaisquer encargos possíveis acusações e afirmou que planeja continuar trabalhando por aqueles que precisam de ajuda.

"Eu acredito na luta pela verdade e pela justiça para as pessoas", disse. "Eu quero cura. Eu quero esperança. Eu quero compaixão".

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