24 Dezembro 2025
Este é o título do livro recentemente publicado por Dirceu Benincá. Terra Sem Males dos Males da Terra pretende ser uma reflexão sobre a dinâmica de construção e reconstrução permanente desta utopia que nos conecta com outros mundos sonhados. Busca colocar em sintonia a cosmovisão judaica sobre o paraíso (Gn 1 e 2) – o qual foi perdido, mas pode ser reconfigurado –, com a proposta do Reino de Deus, apresentada por Jesus de Nazaré. Igualmente, estabelece uma aproximação com o mito Guarani da Terra Sem Males (Yvy Marã E’Ỹ) e com o paradigma do Bem-viver, este nutrido pelos povos indígenas da região dos Andes.
A informação é de Dirceu Benincá, enviada diretamente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
A obra incorpora uma releitura de alguns aspectos da prática de Jesus em seu tempo histórico. Defende que a sua ação não se reduz ao plano social, econômico, político e cultural, mas passa necessariamente por essas instâncias. Sua proposta é o Reino de Deus, que se realiza no curso da história e a transcende. É realidade que se faz no aqui e agora, embora não de modo pronto e pleno. É gratuidade divina e compromisso humano. Um projeto com força para transformar o mundo, romper com todos os tipos de opressão, exclusão, injustiça e outras maldades.
Na introdução do livro Terra Sem Males dos Males da Terra, Benincá afirma: “Os tempos andam estranhos. Os ventos da globalização fragmentada e da modernidade líquida e vaporosa sopram sem cessar. Em confronto com a vida humana, estraçalham muitos sonhos e utopias. Trazem nuvens de instabilidade na economia, na política, na cultura e na religião. Ora produzem tempestades e inundações, outras vezes tornam o chão ressecado. Aridez de justiça social, de paz e democracia. Estiagem também feita de indiferença e individualismo. A empatia e a cooperação parecem ter-se encolhido, reduzindo as condições da possibilidade de uma nova sociedade”.
"Terra Sem Males dos Males da Terra", de Dirceu Benincá.
E prossegue: “ Seguimos intensamente conectados à internet e inebriados pelas redes sociais; tontos de informações e pisoteados pela velocidade de acontecimentos catastróficos. A terra treme de vergonha das injustiças, da cultura do ódio, da intolerância étnico-racial, religiosa e política. O terrorismo e a guerra explodem aqui e acolá. Pandemia, eventos climáticos extremos, aumento de doenças mentais, degradação do solo, das águas doces e dos mares, extinção da biodiversidade, etc. São diferentes expressões de uma mesma crise civilizatória. Pessoas e grupos vulneráveis sempre sofrem mais do que os demais. E a sociedade em geral passa a achar normal o repetitivo, só pelo fato de se repetir. Esqueceu-se do poeta alemão Bertolt Brecht (1898 – 1956) que advertiu: ‘Pedimos, por favor, não achem natural o que muito se repete!’”
O autor ainda acrescenta: “Além de proporcionar reflexões instigantes em torno de três visões de mundo com suas respectivas culturas, modos de crer, viver e almejar o futuro, o livro instiga para ações coletivas e inadiáveis do nosso tempo. Entre elas, a promoção da justiça socioeconômica e socioambiental, da democracia, da paz, do amor fraterno e da sustentabilidade planetária. Em comum, os sonhos da Terra Sem Males, do Reino de Deus e do Bem-Viver não se desmancham no ar e nem se deixam consumir pelo capitalismo ultraneoliberal. Permanecem como grandes ideais, carregados de mística, inquietações e desafios para o nosso agir na história e no mundo”.
Interessados na obra podem fazer pedido por e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
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