Gaza afunda sem socorro e proteção. Em Tel Aviv, há quem comemore

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16 Dezembro 2025

A tempestade de chuva e vento prevista para quinta e sexta-feira por fim atingiu Gaza. Milhares de pessoas se deslocaram nos últimos dias, na esperança de encontrar mais abrigo, mas centenas de milhares de famílias permaneceram nos campos de refugiados no litoral, onde as rajadas de vento atingiram os 50 km por hora.

A informação é de Eliana Riva, publicado em O Manifesto, 12-12-2025. A tradução é de Luisa Rabolini

Rahaf Abu Jazar morreu de frio em sua tenda. Ela tinha apenas oito meses. Em um relato angustiante, sua mãe disse que a alimentou na noite anterior, que ela estava bem, sem problemas de saúde, mas na manhã seguinte estava sem vida. Não havia sido possível impedir a entrada de água e vento no abrigo improvisado com plástico e trapos. A Defesa Civil de Gaza recebeu mais de 2.500 pedidos de ajuda em questão de horas. As Nações Unidas anunciaram que estão trabalhando para realocar famílias das áreas costeiras para o interior. Nos acampamentos, estão sendo feitas tentativas de erguer barreiras de areia para conter o avanço da água e, durante a emergência, sacos de farinha também foram distribuídos para esse fim.

No sul da Faixa de Gaza, a situação é catastrófica, especialmente em al-Mawasi: o gigantesco acampamento para deslocados internos se transformou em uma enorme poça. Onde a água não forma poças, a terra vira lama, e todos estão mergulhados nela até os tornozelos. O vento arrancou dezenas de barracas e o peso da chuva fez desabar as coberturas. Pelo menos três casas danificadas por bombardeios desabaram sob a água na Cidade de Gaza. A Defesa Civil alertou a população para não buscar abrigo em prédios inseguros, mas muitas famílias não têm outra escolha: nessas condições, não é possível acender fogueiras ao ar livre, necessárias para se aquecer e para cozinhar. Chegar aos refeitórios comunitários para conseguir uma refeição quente ou um pouco de pão está difícil, e não se sabe quantas famílias foram dormir sem comer ontem, ou se conseguirão comer hoje. Muitas pessoas deslocadas haviam armado suas tendas justamente na área portuária da Cidade de Gaza, sustentadas por estacas finas, cordas e lonas plásticas, mas o vento ali sopra ainda mais forte, obrigando-as a buscar abrigo nas casas danificadas e superlotadas.

Apesar do cenário apocalíptico, há pessoas na emissora pública de televisão de Tel Aviv que expressam, ao vivo, a esperança de que a tempestade piore até “afogar” Gaza e sua população. “Não restará uma única tenda no lugar”, comentou ontem, entre risadas, o meteorologista do Canal 14 da televisão israelense. “Isso nos deixa felizes”, respondeu o âncora. “Sim, e não me importo se não sobrar uma única pessoa”, esclareceu o especialista, acrescentando que “a chuva fará limpeza em Gaza nos próximos dias, eu garanto”.

O Hamas pediu aos mediadores que pressionem Israel a abrir a passagem de Rafah e permitir a entrada de materiais para abrigo, acusando o Estado ocupante de não respeitar os acordos de cessar-fogo. O grupo palestino também rejeitou o último relatório da Anistia Internacional, que o acusa de cometer crimes contra a humanidade, incluindo estupros e torturas, durante e após o ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel. Enquanto isso, nem mesmo a tempestade Byron conseguiu impedir os bombardeios, que ontem atingiram o campo de refugiados de Jabalia, no sul da Faixa de Gaza, onde uma mulher foi morta e várias outras ficaram feridas.

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