Os Estados Unidos planejam revisar até cinco anos do histórico de mídias sociais de viajantes estrangeiros

Foto: Connor McManus/Pexels

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11 Dezembro 2025

A proposta do governo Trump se aplicaria a visitantes de países incluídos no Programa de Isenção de Vistos.

A reportagem é de Alonso Martínez, publicada por El País, 10-12-2025.

Viajantes estrangeiros que desejam entrar nos Estados Unidos podem ser obrigados a divulgar até cinco anos de seu histórico de mídias sociais antes de entrar no país, de acordo com uma proposta apresentada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) e pelo Departamento de Segurança Interna (DHS). Os dados seriam “obrigatórios” para visitantes, independentemente de serem de países que exigem visto, segundo um aviso publicado na terça-feira no Diário Oficial Federal.

Essa mudança no controle de fronteiras ampliaria significativamente as informações coletadas de visitantes que chegam ao país sem visto, ao abrigo do Programa de Isenção de Vistos. Atualmente, cidadãos de cerca de 40 países, incluindo grande parte da Europa, Austrália, Japão, Coreia do Sul e Israel, podem entrar nos Estados Unidos por até 90 dias sem visto, preenchendo o Sistema Eletrônico para Autorização de Viagem (ESTA).

O processo exige dados biográficos básicos, informações de contato e uma taxa de US$ 40, e a autorização geralmente é válida por dois anos. Isso afetaria viajantes de todo o mundo, incluindo da Espanha.

De acordo com a nova proposta, as redes sociais se tornariam um “elemento de dados obrigatório” no pedido de ESTA. Os candidatos teriam que fornecer detalhes sobre sua atividade nas redes sociais nos últimos cinco anos, embora a proposta não especifique quais plataformas ou tipos de informação seriam solicitados.

Além disso, os viajantes poderiam ser solicitados a fornecer seus números de telefone usados ​​nos últimos cinco anos, endereços de e-mail dos últimos 10 anos e informações mais detalhadas sobre seus familiares, incluindo nomes, datas de nascimento, endereços e informações de contato.

A medida também inclui planos para coletar dados técnicos e biométricos adicionais dos viajantes. Isso pode incluir endereços IP, metadados de fotos enviadas e identificadores biométricos, como imagens faciais, impressões digitais, DNA e escaneamento de íris.

A CBP também sugeriu exigir que os solicitantes enviem uma selfie como parte do processo ESTA. Embora os dados faciais e de impressões digitais já sejam coletados na chegada às fronteiras dos EUA, a proposta transferiria essa parte do processo para a fase pré-viagem.

Outra mudança proposta é transferir os pedidos do ESTA exclusivamente para um aplicativo móvel do governo, eliminando a opção de solicitação por meio de um site. A CBP estima que mais de 14 milhões de pessoas por ano usariam o aplicativo móvel do ESTA se as mudanças forem implementadas.

A proposta foi publicada no Diário Oficial da União e está aberta para consulta pública por 60 dias. Autoridades afirmam que as medidas fazem parte de um esforço mais amplo para fortalecer a segurança da fronteira e combater ameaças à segurança nacional e à segurança pública, citando uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump logo após o início de seu segundo mandato.

O governo Trump adotou uma postura mais rigorosa em relação à imigração e às viagens ao longo do último ano. As autoridades ampliaram a verificação de redes sociais para vistos de estudante e vistos H-1B para trabalhadores altamente qualificados, exigindo que os candidatos tornem seus perfis públicos.

Desde 2019, todos os solicitantes de vistos de imigrante e não imigrante são obrigados a divulgar seus perfis em redes sociais, uma política implementada durante o governo anterior de Trump.

A proposta surge depois de a administração republicana ter suspendido, na semana passada, todo o processamento de imigração para pessoas de 19 países atualmente sujeitos a proibição de viagens, em resposta ao ataque à Guarda Nacional no final de novembro em Washington, D.C., perpetrado por um cidadão afegão, que matou um oficial e feriu gravemente outro.

Os defensores da medida argumentam que uma triagem mais rigorosa é necessária para identificar indivíduos que possam representar um risco à segurança, incluindo aqueles que promovem violência ou terrorismo.

No entanto, a proposta também recebeu críticas de defensores dos direitos digitais e advogados de imigração, que alertam que ela pode dissuadir visitantes e levantar preocupações quanto às liberdades civis.

Alguns argumentam que a divulgação obrigatória do histórico de mídias sociais pode levar os viajantes a autocensurarem seus comentários online ou a evitarem viajar para os Estados Unidos, além de prejudicar a reputação global do país.

Há também preocupações com as consequências práticas, como o aumento do tempo de processamento para aprovações do ESTA. Especialistas em imigração alertam que a expansão da coleta de dados pode atrasar as aprovações e gerar incerteza para viajantes que planejam visitas curtas.

Além disso, a proposta surge pouco antes de os Estados Unidos sediarem grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo da FIFA de 2026 e as Olimpíadas de Los Angeles de 2028, o que pode impactar o número de visitantes estrangeiros presentes.

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo afirmou que os Estados Unidos são a única das 184 economias analisadas que deverá sofrer uma queda nos gastos de visitantes internacionais até 2025.

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