Exército americano apreende um petroleiro em frente à costa da Venezuela: “Vamos ficar com ele, suponho”

Foto: Andreas Lehner/Flickr

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11 Dezembro 2025

“Acabamos de confiscar um petroleiro na costa da Venezuela. Um petroleiro grande, muito grande, o maior que já se viu, e outras coisas estão acontecendo que vocês verão mais tarde”, disse Trump.

A informação é de Andrés Gil, publicada por El Salto, 11-12-2025. 

Um novo passo na escalada de tensão dos EUA contra a Venezuela. O Exército americano interceptou e confiscou um petroleiro em frente à costa venezuelana nesta quarta-feira, segundo anunciou o presidente dos EUA na Casa Branca: “Acabamos de confiscar um petroleiro na costa da Venezuela. Um petroleiro grande, muito grande, o maior que já se viu, e outras coisas estão acontecendo que vocês verão mais tarde”.

E o que acontecerá com esse petróleo? “Vamos ficar com ele, suponho”, respondeu Trump.

“Ao longo de hoje, o FBI, o Departamento de Segurança Interna e a Guarda Costeira dos Estados Unidos, com apoio do Departamento de Guerra, executaram uma ordem de apreensão de um petroleiro usado para transportar petróleo bruto sancionado da Venezuela e do Irã”, afirmou a procuradora-geral, Pam Bondi, no X: “Durante vários anos, o petroleiro esteve sob sanções dos Estados Unidos devido à sua participação em uma rede ilícita de transporte de petróleo que apoia organizações terroristas estrangeiras. Esta apreensão, realizada em frente à costa da Venezuela, foi executada de forma segura e protegida, e nossa investigação continua junto com o Departamento de Segurança Interna para impedir o transporte de petróleo sancionado”.

Segundo informa a Bloomberg, os EUA realizaram uma “ação judicial contra um navio sem bandeira” que havia atracado na Venezuela. A estatal Petróleos de Venezuela S.A. e os ministérios do Petróleo e da Informação não responderam aos pedidos de comentário.

A medida dos Estados Unidos, mais um passo no aumento da tensão com o governo de Nicolás Maduro, implica bloquear a exportação de petróleo venezuelano. A maior parte do petróleo do país é destinada à China, informa a Bloomberg.

Em discurso após uma marcha de agricultores em Caracas, Maduro declarou que o país está preparado “para quebrar os dentes do império norte-americano se necessário”. “As mesmas mãos produtivas que temos são as mãos que empunham os fuzis, os tanques, os mísseis para defender esta terra sagrada de qualquer império invasor, de qualquer império agressor”.

A apreensão do petroleiro foi anunciada no mesmo dia em que María Corina Machado, líder da oposição venezuelana e defensora de intervenção estrangeira para derrubar o presidente, foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz.

“Petro será o próximo”

O presidente dos EUA também lançou ameaças ao presidente colombiano, Gustavo Petro: “Ele tem sido bastante hostil com os Estados Unidos. Terá grandes problemas se não entrar na linha. Produz muitas drogas, têm fábricas que produzem cocaína e vendem diretamente nos Estados Unidos. Então é melhor que ele entre na linha, ou será o próximo. Será o próximo. Espero que ele esteja escutando. Vai ser o próximo.”

Assassinatos extrajudiciais e pressão do Congresso

“O que vi naquela sala foi uma das coisas mais perturbadoras que vi na minha carreira pública.” Assim se expressou o deputado por Connecticut Jim Himes, líder democrata do Comitê de Inteligência da Câmara, após assistir ao vídeo do ataque de 2 de setembro apresentado pelo Pentágono a portas fechadas, no qual se vê soldados americanos executando dois sobreviventes: “Há duas pessoas claramente vulneráveis, em uma embarcação destruída, que foram assassinadas pelos Estados Unidos.”

No mesmo dia em que o almirante Frank Bradley comparecia ao Congresso para dar explicações sobre esse ataque, o Exército comunicou um novo afundamento no Pacífico Oriental: “No dia 4 de dezembro, sob a direção do secretário de Guerra, Pete Hegseth, a Força-Tarefa Conjunta Southern Spear realizou um ataque letal contra uma embarcação em águas internacionais operada por uma organização designada como terrorista. Os serviços de inteligência confirmaram que transportava narcóticos ilícitos e transitava por uma rota conhecida de narcotráfico no Pacífico Oriental. Quatro narcoterroristas do sexo masculino a bordo morreram.”

Assim, o número total chega a 87 assassinatos extrajudiciais. Sem processo, sem provas, contra civis indefesos.

Os ataques contra supostas “narcolanchas”, iniciados em 2 de setembro no Caribe e no Pacífico Oriental, começam a gerar desgaste no governo Trump. O secretário de Guerra, Pete Hegseth, está sob intensa pressão do Senado e da Câmara por ter ordenado a execução de dois sobreviventes no primeiro ataque, que resultou em 11 mortes extrajudiciais.

Republicanos e democratas no Congresso abriram investigações, pois o ato pode constituir crime de guerra, já que envolveu a execução de pessoas à deriva. Nesta quinta-feira, compareceu ao Capitólio o comandante que, segundo o atual governo, ordenou o segundo ataque, o almirante Brad­­ley.

Um ataque posterior, no final de setembro, levou a família de um colombiano a apresentar uma denúncia formal à principal entidade de vigilância de direitos humanos do continente. A petição da família de Alejandro Carranza afirma que o exército bombardeou seu barco de pesca em 15 de setembro, violando convenções de direitos humanos.

A Câmara ficou quase dois meses paralisada porque os republicanos não queriam pressão política durante o fechamento do governo. Mas, uma vez superado esse período, acumularam-se as resoluções apresentadas para evitar um ataque à Venezuela que Trump vem sinalizando desde setembro.

A mais recente, registrada na última terça-feira, afirma: “O Congresso ordena ao presidente que retire as Forças Armadas dos Estados Unidos das hostilidades dentro da Venezuela ou contra este país, a menos que isso seja explicitamente autorizado por uma declaração de guerra ou por uma autorização legal específica para o uso da força militar.”

A iniciativa foi apresentada pelo democrata James McGovern (Massachusetts) e apoiada pelo republicano Thomas Massie (Kentucky).

Na quarta-feira passada, democratas do Senado, junto com o senador Rand Paul (republicano por Kentucky), apresentaram outra resolução sobre poderes de guerra para impedir que a Casa Branca utilize as Forças Armadas em hostilidades contra a Venezuela sem aprovação do Congresso.

A resolução, apresentada por Paul e pelos senadores Tim Kaine (democrata por Virgínia), Adam Schiff (democrata por Califórnia) e Chuck Schumer (líder democrata no Senado), ordena que Trump deixe de usar o Exército “a menos que esteja especificamente autorizado por uma declaração de guerra ou por uma autorização específica para o uso da força militar”.

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