04 Novembro 2025
Antropóloga especialista em segurança pública, foi alvo de ataques e perseguição após criticar a Operação Contenção
A reportagem é de Ricardo Villa Verde, publicada por Agenda do Poder, 03-11-2025.
A professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, pediu para ingressar no Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos, após sofrer uma série de ameaças e ataques virtuais. A informação é da coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Muniz foi alvo de uma campanha de intimidação nas redes sociais e de críticas de parlamentares depois de se manifestar contra a Operação Contenção, que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.
Em entrevista à Folha, a professora afirmou que “há três décadas a cidade usa a guerra contra o crime para ganhar a eleição. Foi marketing político, uma cloroquina para a segurança e deve, sim, fortalecer o bolsonarismo para o próximo ano”.
O pedido de proteção foi protocolado pelo gabinete do vereador Leonel de Esquerda (PT), que preside a Comissão de Favelas da Câmara Municipal do Rio, e pelo advogado Carlos Nicodemos, integrante do Conselho Nacional de Direitos Humanos.
Nas redes sociais, Muniz relatou ter sido fotografada em um restaurante e alvo de mensagens com incitação à violência, como “dá uma pedrada nela”. Ela atribui as ameaças à mobilização de parlamentares bolsonaristas, entre eles os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO).
A UFF divulgou nota de solidariedade à docente, repudiando os ataques e classificando-os como tentativas de intimidação. A universidade reafirmou seu compromisso com a liberdade acadêmica e o combate aos discursos de ódio e misoginia.
Criado em 2019, o Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos tem como objetivo oferecer segurança a pessoas ameaçadas em razão de sua atuação na defesa dos direitos fundamentais.