28 Outubro 2025
Trump iniciou o processo de retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, mas o país ainda permanece como parte da Convenção do Clima.
A informação é publicada por ClimaInfo, 27-10-2025.
Com o recente diálogo surpreendentemente positivo entre os presidentes Lula e Donald Trump, a possibilidade do “agente laranja” ir à COP30 ganhou sobrevida. Mas se a presença do presidente dos EUA na Conferência do Clima preocupa pela ameaça de tumultuar as negociações, também desagrada sua base política.
Por isso, procuradores-gerais do Partido Republicano de 17 estados dos EUA pediram ao governo federal que não compareça ao evento, informam Bloomberg, Folha, SBT News, Poder 360 e Metrópoles. O grupo argumenta que a participação legitimaria políticas contrárias à agenda de Trump, negacionista e anticlimática, como se sabe.
Em uma carta endereçada aos secretários do Interior, Doug Burgum, e de Energia, Chris Wright, e ao administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Lee Zeldin, o procurador-geral da Virgínia Ocidental, John McCuskey, afirmou que os EUA deveriam se opor às “políticas anticarvão, antigás e antipetróleo que a COP promove”. Para ele, são políticas baseadas em “teorias climáticas frequentemente contestadas”.
McCuskey escreveu que o carvão, o gás e o petróleo são essenciais para que os EUA atendam à crescente demanda de eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e data centers. E criticou as energias solar e eólica como não confiáveis e mais caras do que as fontes tradicionais. Mas uma análise da BloombergNEF de fevereiro mostra que novas fazendas eólicas e solares superam as novas usinas de carvão e gás em custo de produção em quase todo o mundo.
Também assinam a carta os procuradores-gerais de Alabama, Arkansas, Flórida, Geórgia, Idaho, Iowa, Kansas, Louisiana, Missouri, Montana, Nebraska, Oklahoma, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Texas e Wyoming. E assim como no atual documento, o gabinete de McCuskey liderou ou se juntou a uma série de batalhas contra políticas ambientais nos últimos anos.
No início do ano, a Procuradoria-Geral da Virgínia Ocidental processou o estado de Nova York por sua lei sobre fundos para mudanças climáticas. Em 2024, processou a SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, por sua regra que exige que as empresas públicas divulguem riscos relacionados ao clima. E o estado foi o principal autor no caso histórico no qual a Suprema Corte decidiu limitar a autoridade da agência federal para regulamentar as emissões de usinas de energia.
A “fome” de McCuskey encontrou-se com a “vontade de comer” das políticas climáticas e ambientais de Trump – que, quando tomou posse, iniciou o processo de retirada dos EUA do Acordo de Paris. Mas o país permanece como parte do acordo, pelo menos por enquanto. Daí o receio com o que Trump possa provocar em Belém.
Para o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, a chegada de Trump à presidência dos EUA teve impactos diretos e indiretos sobre o financiamento climático, informam CNN Brasil e Vero Notícias. Segundo ele, o cenário internacional é de incerteza, mas o compromisso multilateral em torno do clima permanece, mesmo com tensões econômicas e geopolíticas, avalia Corrêa do Lago.
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