24 Outubro 2025
A pouco mais de duas semanas da COP30, André Corrêa do Lago coloca adaptação climática no centro da agenda de negociações em Belém.
A informação é publicada por ClimaInfo, 24-10-2025.
Em um mundo que sai da era dos alertas e entra na era das consequências, a adaptação climática é imperativa, afirma o embaixador André Corrêa do Lago em sua oitava carta da Presidência da COP30, divulgada na 5a feira (23/10). A adaptação deve ser tratada não só como tema central da conferência, mas também como “próximo passo da evolução humana”.
O embaixador enfatiza que a cooperação internacional é fundamental para a implementação dos mecanismos de adaptação do Acordo de Paris, em especial para proteção dos mais vulneráveis à crise climática, destaca o UOL. “A adaptação climática deixou de ser uma escolha que sucede a mitigação; ela é a primeira parte de nossa sobrevivência”, disse Corrêa do Lago.
“Para além das negociações, a Agenda de Ação Climática da COP30 deve apresentar soluções concretas, para que Belém também seja lembrada como a COP da implementação da adaptação. Convidamos todas as iniciativas a trazerem suas melhores soluções e o mais alto nível de ambição para fechar lacunas em políticas e práticas – por exemplo, em saúde, segurança alimentar, gestão da água, financiamento para adaptação, cidades e regiões, infraestrutura, micro e pequenas empresas, entre outros”, explica o documento.
O presidente da COP30 reforçou que o fortalecimento do multilateralismo, a proximidade entre o regime climático e a vida cotidiana das pessoas e a aceleração da implementação dos acordos internacionais serão prioridades na conferência. E ressaltou que gostaria que as pessoas se lembrassem do evento como uma COP de adaptação – que deve ser tratada como investimento, não caridade, destaca a InfoAmazonia.
Corrêa do Lago foi enfático nos custos de inação, citando dados do Índice Global de Pobreza Multidimensional 2025 que mostram que 887 milhões de pessoas em pobreza extrema já enfrentam “ao menos um grande risco climático”. Ele usa o termo “necropolítica”, lógica que decide quais vidas serão protegidas, explica o Pará Terra Boa.
Segundo Ana Toni, diretora-executiva da COP30, países em desenvolvimento demandam que a verba para adaptação seja triplicada. Entretanto, ela ressalta que o desafio inicial é que os recursos sejam implementados primeiramente, para depois conseguir aumentar o valor financiado.
“Não é só um problema de quantidade, é um problema de acesso. Os países em desenvolvimento têm falado muito, porque não adianta ter muito recurso para adaptação. Se é recurso, por exemplo, do setor privado que tenha que pagar com dívidas muito altas”, disse ao UOL.
Em tempo
Para André Corrêa do Lago, a licença dada pelo Ibama para a Petrobras explorar petróleo no Bloco 59, na Foz do Amazonas, não deve mudar os debates na COP30. Segundo ele, em vez de afetar negativamente as negociações sobre a eliminação de combustíveis fósseis no mundo, a autorização reforça que o tema deve ser tratado com responsabilidade. Folha e Poder360 repercutem o tema.
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