02 Outubro 2025
Objetivos políticos incluem atrasar ações contra a crise global e melar a imagem da conferência, do Brasil e da capital paraense.
A reportagem é de Aldem Bourscheit, publicada por ((o))eco, 01-10-2025.
Não só as temperaturas planetárias vêm batendo recordes, as taxas de desinformação também explodiram e ameaçam perturbar a COP30, em novembro, em Belém (PA), apontada pelo governo para ser a conferência da implantação, de planos e acordos para conter essa crise global.
Um levantamento de agosto mostra que cada postagem enganosa sobre a COP30 alcançou uma média de 1,2 milhão de usuários — 149% acima da média de janeiro a julho (486 mil) deste ano. O pico coincide com a conferência entrando mais no radar do público e da política.
Os dados são de um levantamento feito pela coalizão internacional Climate Action Against Disinformation e pelo Observatório de Integridade da Informação, baseados em análises nas plataformas X, Instagram, Facebook, YouTube, Reddit e LinkedIn.
As peças mais disseminadas usaram vídeos antigos como se atuais fossem, montagens com IA e cenas gravadas fora de Belém. Nesse roldão, circularam imagens da Geórgia – país entre a Europa e a Ásia – como se rumo à uma “hospedagem da COP” e urubus no mercado Ver-o-Peso feitos, mas em maio de 2023. Tudo sugerindo caos e abandono.
Os alvos preferenciais são a conferência e a imagem do Brasil e da capital paraense, com foco em supostos problemas de hospedagem, infraestrutura e segurança. Só em agosto, foram contadas 14 mil menções pejorativas ao evento, numa estratégia para desacreditar a COP e a crise climática.
De acordo com a análise, as plataformas de redes sociais reagiram à avalanche desinformadora com respostas genéricas ou silêncio.
Já a Presidência da COP pôs a integridade da informação na pauta, e o governo brasileiro articula, com as Nações Unidas e outros países, uma iniciativa para conter essa onda, com medidas como monitoramento contínuo, resposta rápida e checagem desde o nível local.
Tudo isso é crucial para reverter o quadro descrito num artigo por Melissa Fleming, subsecretária-geral da ONU para Comunicação Global. Apesar do consenso científico sobre as causas e os impactos da crise climática, a desinformação continua a minar e atrasar perigosamente as ações necessárias
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