01 Outubro 2025
Iniciativa foi oficializada no México e busca fortalecer região em negociações climáticas, mas Venezuela e Argentina são entraves.
A informação é publicada por ClimaInfo, 30-09-2025.
O governo brasileiro tenta abrir novas frentes para obter resultados efetivos na COP30, em Belém. Com o México, o Brasil tenta construir uma coalizão não formalizada de países da América Latina e Caribe para tentar driblar temas de discórdia dentro da região nas negociações climáticas. O país ainda articula com a China e outras nações do mundo para integrar os mercados de carbono globais. E busca endosso de governos para um compromisso de elevar em quatro vezes a produção e consumo de combustíveis sustentáveis até 2035.
A frente latino-americana e caribenha pretende criar consensos e acordos para avançar com pautas na conferência, segundo a Folha. A ideia nasceu da percepção de que a região vive uma escalada de divisões internas, que geram enfrentamentos diretos no alto nível da diplomacia. E ao contrário da África, com o Grupo de Negociadores Africanos (AGN, sigla em Inglês), a América Latina não tem um grupo regional e está dividida em diversos coletivos.
A frente começou a atuar no México durante encontro de países da região, em agosto, que gerou uma declaração conjunta de apoio à presidência brasileira da COP30. Mas a carta tem duas notas de rodapé. Uma, da Argentina, é contrária a tratar de questões de gênero. A outra veio da Venezuela, que resiste em tratar da redução do uso de petróleo. Os negociadores também citam a Bolívia como um dos mais descrentes com a frente e pouco ativo nas conversas.
Em outra ação, o governo brasileiro prepara para a COP30 um plano ambicioso para integrar os mercados de carbono de todo o mundo. O objetivo é criar uma coalizão com a participação voluntária de países ou blocos para inicialmente substituir taxações de fronteira unilaterais como o CBAM, da União Europeia, que entra em vigor em janeiro. Como ocorreu com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), na COP28, em Dubai, há dois anos, o conceito será descrito em linhas gerais em Belém para buscar a adesão de outros países e avançar em um desenho prático, explica o Capital Reset.
A coalizão já foi discutida com China, União Europeia e outros países. A proposta quer estabelecer inicialmente um preço comum de carbono para quatro setores da indústria responsáveis por cerca de 20% das emissões de gases de efeito estufa: aço, alumínio, cimento e fertilizantes. Os países que não fizerem parte do grupo teriam de pagar um ajuste de fronteira para exportar esses produtos ou seus derivados aos que integram a coalizão.
Quanto à transição energética, o Brasil prepara uma proposta para os líderes da COP30 em busca de apoio ao compromisso de elevar quatro vezes a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, segundo a eixos. Há duas semanas, um grupo de 34 países coliderados por Brasil e Japão divulgou a intenção de quadruplicar a produção de etanol, biodiesel, biometano, SAF (aviões), amônia (navios), entre outros, para acelerar a descarbonização dos transportes.
De acordo com a presidência da COP30, o lançamento oficial da declaração está previsto para ocorrer na Pré-COP, em Brasília, no dia 14 de outubro. A partir daí, o documento estará aberto a adesões.
Em tempo
Os aviões também sofrem com “hospedagem” em Belém na COP30. A Casa Civil e o Ministério de Relações Exteriores fizeram um levantamento para pressionar a Líder, empresa que faz táxi aéreo no aeroporto da capital paraense, a baixar o preço do pacote para as delegações estrangeiras que vierem com aviões particulares para a conferência, informa a Folha. A empresa está cobrando US$ 400 mil para "hospedar" aeronaves em seu hangar, o valor mais caro do mundo, segundo o levantamento. Consultada, a Líder não confirmou os valores e disse que sua precificação reflete os custos envolvidos.
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