23 Setembro 2025
- "Sou especialmente grato a esses cristãos que revitalizam nossas paróquias e nos permitem crescer em espírito missionário", observou o arcebispo, acrescentando que a Igreja na Bélgica está passando por uma transformação comparável à do resto da Europa, "passando de uma instituição consolidada para uma comunidade missionária alegre e ousada".
- "Não me sinto menos bispo por ter mulheres ao meu lado; pelo contrário. Não funcionamos da mesma forma num concílio quando há mulheres presentes, e isso é para melhor", acrescentando que seria necessário "aprofundar constantemente" essa complementaridade entre padres, diáconos e leigos.
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 21-09-2025.
A Bélgica é uma Igreja numa encruzilhada, cheia de desafios, e a Arquidiocese de Malines-Bruxelas não é exceção a esta situação, já que o seu arcebispo, Dom Luc Terlinden (1968), dedicou a sua participação no programa da KTO La Vie des Dioceses à análise da missão de evangelização, do acolhimento dos mais vulneráveis, do papel dos leigos e das mulheres ou da questão dos abusos.
Um cruzamento de culturas e línguas ao qual sua diocese não está imune, que Terlinden observou que "é o que enriquece a Igreja hoje", e que não é um obstáculo, mas uma oportunidade, como ele indicou: "Sou especialmente grato a esses cristãos que revitalizam nossas paróquias e nos permitem crescer em espírito missionário", acrescentando que a Igreja na Bélgica está passando por uma transformação comparável à do resto da Europa, "passando de uma instituição consolidada a uma comunidade missionária alegre e ousada".
O arcebispo também se referiu à nomeação de Rebecca Alsberge como delegada episcopal para o Brabante Valão, o que, segundo informações coletadas pela Cathobel, é um sinal forte para Terlinden: "Rebecca está lá por suas qualidades e seu carisma. Isso demonstra a complementaridade entre carismas e ministérios", acrescentando que "não me sinto menos bispo por ter mulheres ao meu lado, pelo contrário. Não trabalhamos da mesma forma em um conselho quando há mulheres presentes, e isso é o melhor", acrescentando que seria necessário "aprofundar constantemente" essa complementaridade entre padres, diáconos e leigos.
Ele também se referiu à série documental "De nonnen" (As freiras), que investiga a violência sofrida contra crianças entre 1950 e 1990 em orfanatos administrados por instituições católicas: "É muito chocante ouvir esses testemunhos. Eu mesmo tive a oportunidade de conhecer pessoalmente algumas pessoas que foram adotadas e separadas de suas mães praticamente ao nascer. Hoje nos perguntamos como isso é possível."
Nesse ponto, ele enfatizou a responsabilidade contínua da Igreja nessas questões, que têm gerado grande descontentamento social: "Em nome do Evangelho, devemos ser capazes de denunciar situações indignas da humanidade. Não queremos mais colaborar com esse tipo de prática", afirmou Terlinden.
En #Belgique aussi, le nombre de baptêmes d'adolescents et de jeunes adultes augmente !
— KTOTV (@KTOTV) September 16, 2025
Un phénomène sur lequel revient Mgr Luc Terlinden, archevêque de Malines-Bruxelles.
👉 #LaViedesDiocèses : https://t.co/H0OXptslud@ktobelgique @cathobel pic.twitter.com/20SZ0WJBpd
Diante deles, expressou seu desejo por uma Igreja hospitaleira e fraterna. "Nesta transformação que vivemos, a Igreja é chamada a ser cada vez mais missionária. Isso implica hospitalidade, acolhendo aqueles que batem à nossa porta ou aqueles que encontramos nas periferias", indicou.
E, por fim, ele ofereceu sinais de esperança ao destacar o aumento dos batismos, especialmente entre jovens adultos, o que, segundo ele, significa que "há uma geração em busca, sedenta. O desafio é acolhê-los, mas também receber deles. Eles renovarão a nossa Igreja".
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