23 Agosto 2025
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 22-08-2025.
"Uma grande semana" para os lefebvristas, que, 25 anos depois, retornam oficialmente ao Vaticano para participar dos eventos do Jubileu da Esperança de 2025, convocado pelo falecido Papa Francisco. Foi em 2000, por ocasião do Jubileu do Milênio, que os membros da cismática Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), fundada por Dom Marcel Lefebvre em 1970, pisaram pela última vez, em procissão, em meio a uma multidão tão grande, pelas ruas da Cidade Eterna até a Basílica de São Pedro.
E, embora na sua peregrinação particular não tenham sido recebidos – como outros grupos – pelo Papa, neste caso Leão XIV, que não quer enredar-se nas primeiras etapas do seu pontificado com esta confusão canônica, para os seguidores do arcebispo francês o fato de a sua presença ter sido incluída nos atos oficiais do Jubileu, soube-lhes algo muito semelhante a um certo “reconhecimento” vaticano.
Desde aquela última peregrinação do Milênio até a desta semana, que reuniu cerca de 4 mil participantes ("poderia triplicar o do Jubileu do ano 2000", reconhece a FSSPX), algumas coisas mudaram em sua relação com Roma, com a qual romperam por causa do Vaticano II, sendo a mais significativa a suspensão da pena de excomunhão pelo Papa Bento XVI em 2009.
No entanto, as coisas permaneceram congeladas, e naquele mesmo ano — quando o Papa Ratzinger se aproximava da próspera FSSPX — a negação do Holocausto por Richard Williamson, um dos quatro bispos (dos quais restam apenas dois) ordenados por Lefebvre em 1988 sem a permissão de Roma, não ajudou. Desde então, houve apenas olhares de soslaio... Até agora, com o novo jubileu...
De fato, o anúncio oficial da "Pellegrinaggio della Fraternità Sacerdotale San Pio X" em 21 de agosto, "embora mínimo, é bem-vindo", observam. "A Fraternidade São Pio X não é desconhecida em Roma e, certamente — é difícil imaginar o contrário —, a autorização das autoridades do Jubileu foi necessária para autorizar essa menção", acrescentam em um comunicado.
Assim, "esta inscrição, que em certa medida soa como um reconhecimento da Fraternidade São Pio X, não pode ser ignorada. Especialmente porque a participação anunciada da FSSPX nesta peregrinação parece impressionante".
“Uma participação”, acrescentam, “que não pode ser ignorada pelos responsáveis pela logística do Jubileu, já que todos os participantes devem se registrar, por razões de segurança, mas também para facilitar o acesso aos locais de peregrinação, em particular às basílicas”.
E, evidentemente, o Vaticano não ignorou sua participação e presença neste dia, embora a FSSPX tenha ficado decepcionada porque seu anúncio apareceu apenas em italiano, quando as informações no site oficial do Jubileu estão disponíveis em outros oito idiomas.
E a Santa Sé não poderia ignorá-los, pois marcaram presença significativa a partir de terça-feira, 19 de agosto, na Basílica de Santa Maria Maggiore, onde Francisco está sepultado; e na quarta-feira, 20 de agosto, com uma missa no Parco di Colle Oppio, presidida pelo atual superior-geral, Davide Pagliarani, seguida de uma peregrinação à outra basílica papal, a de São João de Latrão. E, nesta quinta-feira, com a peregrinação do Castelo de Santo Ângelo à Basílica de São Pedro.
Mas essa presença em Roma também deve ser entendida como um gesto de reaproximação da FSSPX com a Santa Sé. A Fraternidade parece continuar a crescer em número de seminaristas, mas seus bispos são cada vez menos numerosos, após as recentes mortes de Bernard Tissier de Mallerais e Richard Williamson (este último expulso em 2012).
Portanto, daquela "colheita episcopal" restam apenas o suíço Bernard Fellay e o espanhol Alfonso de Galarreta, excomungados em sua época e reabilitados no pontificado de Ratzinger, os únicos que, em linha direta com o fundador, podiam ordenar novos bispos para a manutenção da fraternidade, mas é duvidoso que queiram arriscar agora, dada a possibilidade certa de uma nova excomunhão.
Por isso, esta peregrinação, que os levou à Basílica de São Pedro, mas também à Basílica de Latrão, sede do Bispo de Roma, tem um certo aroma de mais um passo rumo à reaproximação mútua. Por enquanto, já rezam por Leão XIV, para que "o novo Sumo Pontífice seja dócil às inspirações do Espírito Santo e guie a barca da Igreja ao Porto da Salvação, para que possa cumprir a Vontade de Deus para a Igreja".