14 Agosto 2025
A geração de energia solar em escala comercial avançou rapidamente no Brasil nos últimos anos e já ocupa 35,3 mil hectares — área superior a 43 mil campos de futebol e maior que a do município de Belo Horizonte (MG). Metade dessa área foi ocupada nos últimos dois anos.
A reportagem é publicada por Repórter Brasil, 13-08-2025.
Os dados fazem parte da 10ª edição de mapas anuais de cobertura e uso da terra do MapBiomas, lançada nesta quarta-feira (13) em Brasília. Pela primeira vez, a coleção anual mapeou usinas fotovoltaicas de médio e grande porte.
De acordo com o levantamento, o crescimento se deu a partir de 2016, quando havia 822 hectares ocupados por parques de geração de energia solar. Em 2022, a área ocupada era de 16,8 mil hectares, avançando até 35,3 mil hectares em 2024.
Quase dois terços (62%) da área ocupada por essas instalações estão na Caatinga, e cerca de um terço (32%) fica no Cerrado.
Minas Gerais lidera com folga, concentrando 13,1 mil hectares ocupados pelas usinas fotovoltaicas (37% do total). Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte aparecem na sequência. Juntos, esses quatro estados reúnem 74% da área ocupada por usinas solares no país.
No sertão da Bahia está situado um dos maiores projetos de energia renovável do país, o Complexo Manacá, da Quinto Energy, que prevê instalar 405 aerogeradores e 476 mil placas solares. O projeto é tratado pelo governo da Bahia como de baixo impacto, mas coloca em risco nascentes e áreas sensíveis da região, como mostrou a Repórter Brasil.
O novo levantamento do MapBiomas integra uma análise que cobre quatro décadas de transformações no território brasileiro. De 1985 a 2024, o país perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais — o equivalente a 13% do território nacional, mais do que a área da Bolívia. Ao mesmo tempo, o percentual de municípios onde a agropecuária predomina passou de 47% para 59%.
“Até 1985, ao longo de quase cinco séculos de expansão agrícola, o Brasil converteu 60% de toda a área hoje ocupada por agropecuária, mineração, cidades e infraestrutura. Os 40% restantes dessa conversão ocorreram em apenas quatro décadas”, afirma Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.
A pesquisa mostra que o auge da conversão de florestas para agropecuária ocorreu entre 1995 e 2004. Já a década seguinte registrou a menor perda líquida de vegetação nativa desde 1985. Nos últimos dez anos, porém, a tendência se inverteu, com aumento da degradação, impactos climáticos e novas frentes de desmatamento na Amazônia.
Os dados completos estão disponíveis aqui.