08 Agosto 2025
O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), de 59 anos, recebeu duas medalhas por bravura em duas guerras. Ele era considerado um fervoroso apoiador do primeiro-ministro, mas agora se opõe à decisão de ocupar a Faixa de Gaza.
A informação é de Enrico Franceschini, publicada por La Repubblica, 08-08-2025.
Israel tem uma longa tradição de generais rebeldes: oficiais superiores que discordam das ordens do primeiro-ministro ou agem por iniciativa própria. Em alguns casos, a "rebelião" termina com a renúncia, como aconteceu com o ministro da Defesa, general Yoav Gallant. Em outros, a desobediência pode até mesmo lançar uma carreira política, como quando o general Ariel Sharon virou o jogo na Guerra do Yom Kippur com uma missão arriscada que surpreendeu o inimigo e o levou às portas do Cairo. Às vezes, porém, apesar da dissidência, os generais obedecem às ordens.
O mais recente da série é o general Eyal Zamir, chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês), as forças armadas israelenses. Segundo rumores que circulam em Jerusalém, ele se opõe à decisão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, posteriormente apoiada por todo o gabinete, de ocupar a Cidade de Gaza e as demais áreas da Faixa ainda não sob o controle do exército do Estado judaico: no total, menos de 20% do território do enclave, a parte até então parcialmente poupada pelo conflito rua a rua e majoritariamente bombardeada pelo ar. Esta é a área onde a maioria dos quase dois milhões de palestinos deslocados se refugiou. E onde os serviços de segurança israelenses acreditam que os 50 reféns, 20 dos quais se presume vivos, estejam detidos, ainda em poder do Hamas.
Zamir nasceu há 59 anos em Eilat, a cidade portuária e balneário israelense no Mar Vermelho. Judeu sefardita, seus avós emigraram do Iêmen e da Síria para a Palestina Britânica. Após completar três anos de serviço militar obrigatório, optou por permanecer no exército, matriculando-se na academia militar de Tel Aviv e ingressando nas forças blindadas. Rapidamente ascendeu a comandante de um tanque, depois a comandante de pelotão e, por fim, a comandante da 500ª Brigada. Promovido a major e coronel em rápida sucessão, em 1997 foi estudar por um ano na renomada École Militaire, na França.
Em 2003, tornou-se general, iniciando suas funções como diretor da academia militar israelense e de programas de treinamento, paralelamente às suas funções operacionais em campo. Em 2012, foi nomeado conselheiro militar do primeiro-ministro Netanyahu, cargo que ocupou por dois anos. Em 2018, foi nomeado vice-chefe do Estado-Maior. E em fevereiro de 2025, tornou-se chefe do Estado-Maior, substituindo Herzi Halevi, que havia renunciado devido a divergências com as decisões do primeiro-ministro na guerra de Gaza. Zamir recebeu duas medalhas por bravura em duas guerras. Ele era considerado um aliado de Netanyahu. Mas agora, também, o rótulo de "general rebelde" se aplica a ele.