31 Julho 2025
O que aconteceu na noite de sábado para domingo no setor nordeste da República Democrática do Congo (RDC) é aterrorizante. Quarenta e três jovens do Movimento Eucarístico da Juventude (MEJ) foram massacrados por um grupo armado islamista enquanto estavam reunidos para celebrar o 25º aniversário do grupo na paróquia dedicada à Beata Anuarite de Komanda, diocese de Bunia (província de Ituri). O que deveria ser um tempo de graça se transformou em um inferno de dor. Os perpetradores dessa carnificina foram os rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF).
A informação é de Giulio Albanese, publicada por Avvenire, 29-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Fontes da sociedade civil local relataram que esse não foi um episódio isolado, pois naquelas regiões, especialmente ao longo da fronteira entre Kivu do Norte e a província de Ituri, ocorrem um ou dois ataques por semana, verdadeiros massacres perpetrados com armas brancas ou fuzis kalashnikov em aldeias ou campos, às vezes até em estradas de chão batido.
Os rebeldes matam, incendeiam e sequestram impunemente jovens cristãos ou animistas que, em seguida, são submetidos a sessões invasivas de doutrinação: uma espécie de lavagem cerebral que transforma esses recrutas em autômatos capazes de cometer atrocidades indizíveis, também graças à administração de substâncias químicas.
Seria enganoso, no entanto, pensar que essa espiral de violência esteja isolada do contexto geopolítico daquela parte conturbada do antigo Zaire. Estamos falando de uma terra que por muitos anos continuou a ser banhada em sangue inocente, razão pela qual é frequentemente noticiada por este jornal, mas inexplicavelmente e vergonhosamente ignorada por grande parte da imprensa internacional.
Estima-se que mais de cem grupos armados estejam ativos na região — em alguns casos gangues dedicadas ao banditismo, em outros, grupos rebeldes —, totalizando mais de 20 mil combatentes. O mais recente a chegar aos noticiários é o movimento pró-Ruanda M23, embora o grupo que pode ser considerado mais imprevisível e feroz seja aquele das ADF, grupo rebelde islamista de matriz ugandense, considerado uma organização terrorista pelo governo de Kampala.
Esse grupo subversivo estava originalmente baseado no oeste de Uganda, mas desde então se inseriu de forma permanente na vizinha República Democrática do Congo. As ADF consideram como seu fundador um certo Jamil Mukulu. Nascido em uma família cristã em 1964, ele posteriormente se converteu ao islamismo. Desde 2015, as ADF radicalizaram sua agenda política, após a prisão de Jamil Mukulu e a ascensão de outro ugandense, Musa Baluku, em seu lugar. Desde 2019, as ADF se dividiram, com uma minoria permanecendo fiel a Mukulu, enquanto a outra, que assumiu o controle, teria se unido a Baluku, na Província da África Central do Estado Islâmico, mais conhecida pela sigla IS-CAP.
Sua ferocidade, midiatizada por meio de uma estratégia de comunicação delirante, centra-se na provocação, uma das marcas registradas da ideologia salafista, a ideologia na qual se baseiam as células subversivas de origem islamista. O objetivo desses jihadistas é instrumentalizar a religião para fins subversivos, culpando o Ocidente pela degradação mundial e aniquilando qualquer um que se oponha ao seu delírio de onipotência.
Enquanto escrevemos, a população local é forçada a fugir devido à pressão constante desses fanáticos. No nordeste da RDC, o controle das terras e a exploração sistemática dos recursos naturais, juntamente com o fornecimento constante de armas e munições, permitem que milicianos, traficantes e mercenários atuem numa apropriação e venda/liquidação massiva e devastadora de um bem comum jamais compartilhado. É por isso que o Papa Francisco gritou de Kinshasa em 2023: "Tirem as mãos da África!" Um apelo que infelizmente permanece ignorado até hoje.