25 Julho 2025
"A hipótese é direta: estamos tentando curar com produtividade o que talvez seja uma crise de significado. O objetivo não é oferecer respostas fáceis, mas abrir espaço para uma pergunta urgente: o que sustenta nossas escolhas quando tudo ao redor parece instável?", escreve Luanna França, terapeuta integrativa e analista comportamental, com formação anterior em Direito e mais de uma década de atuação como advogada.
A liberdade, tão celebrada em discursos públicos, ganha contornos mais ambíguos quando olhada pela lente existencial de Jean‑Paul Sartre: “condenados a ser livres”, carregamos o peso de escolhas incessantes e da angústia que as acompanha.
Partindo dessa premissa, o ensaio examina como a ausência de destino ou essência prévia transforma cada indivíduo num projeto aberto, potencialmente criativo, mas também vulnerável ao desamparo em um mundo saturado de possibilidades. A partir do pensamento de Viktor Frankl, o texto propõe uma inflexão: talvez não se trate de fugir da angústia, mas de preenchê-la com sentido. Em vez de tentar silenciar o vazio, o que aconteceria se a gente o escutasse com honestidade? Seria possível atribuir à angústia e ao sofrimento certa dignidade? Para ilustrar, o ensaio traz a história de Nicholas Winton, o “Schindler britânico” que salvou 669 crianças judias sem qualquer expectativa de reconhecimento, mostrando que decisões éticas fundamentadas em propósito transformam não só quem age, mas também o tecido coletivo.
Ao final, o texto se debruça sobre o adoecimento psíquico contemporâneo, esse mal-estar difuso que chamamos de ansiedade, depressão, burnout, propondo que parte desse sofrimento é, na verdade, uma “neurose do vazio” provocada pela ausência de sentido. A hipótese é direta: estamos tentando curar com produtividade o que talvez seja uma crise de significado. O objetivo não é oferecer respostas fáceis, mas abrir espaço para uma pergunta urgente: o que sustenta nossas escolhas quando tudo ao redor parece instável?
Entre o peso da liberdade e o risco da paralisia, talvez o que nos salve não seja o controle, e sim o Sentido. Em apertada síntese, ao sugerir que a ressignificação da angústia existencial via propósito pode funcionar como antídoto social, o texto oferece ao leitor uma análise que une densidade teórica, narrativa inspiradora e urgência contemporânea, alinhada ao compromisso com reflexão crítica e impacto público.