16 Julho 2025
Devido à falta de combustível causada pelo bloqueio israelense ao território, várias instalações de distribuição de água estão fora de serviço. No domingo (13) várias pessoas, incluindo crianças, foram mortas por um bombardeio israelense perto de uma usina de dessalinização, no acampamento de Nuiserat, no centro de Gaza.
A reportagem é de Aabla Jounaïdi, publicada por RFI, 15-07-2025.
De volta de Gaza há alguns dias, Scott Lea, diretor nacional da ONG International Rescue Committee (Comitê Internacional de Resgate), descreve um sistema de abastecimento destruído. Segundo ele, os acampamentos de deslocados e tendas estão por toda parte, ao longo das estradas, na praia e até mesmo em um antigo parque de diversões, como no caso do acampamento Asdaa. “As pessoas são forçadas a viver em áreas desprovidas de serviços básicos como água ou esgoto. Essas pessoas não têm outra escolha”, lamenta.
A ONU estima que 85% das instalações estão inacessíveis ou destruídas. Isso significa que o sistema depende dos 15% restantes, que estão operando em um ritmo mais lento. "Em uma situação de crise, uma pessoa precisa de 15 litros de água por dia. Mas em Gaza, a situação é tão grave que o padrão foi estabelecido em seis litros por dia. E, muitas vezes, as pessoas nem sequer têm acesso a esse mínimo", explica Lea.
Em pleno verão na região, o acesso à água potável é particularmente importante. “Estamos presenciando um aumento de casos de diarreia, especialmente em crianças, cujo sistema imunológico já está enfraquecido pela desnutrição e cujo acesso a tratamento médico é muito difícil. Ninguém deve correr o risco de ser morto ao buscar água”, sublinha.
"A situação está piorando cada vez mais, simplesmente porque as organizações humanitárias não têm permissão para operar as usinas de dessalinização ou os poços, porque não há combustível suficiente ou porque não há peças de reposição necessárias”, diz.
Pela entrega irrestrita de ajuda humanitária
Há vários meses, organizações humanitárias fornecem água por meio de unidades de dessalinização, caminhões-tanque e kits para garantir um nível mínimo de higiene. Mas, com o bloqueio em vigor desde março, esse trabalho se tornou cada vez mais difícil.
Para Scott Lea, o fornecimento irrestrito de ajuda é a única solução. Sua organização conseguiu recentemente entregar 20.000 litros de água ao campo de Shati, na Cidade de Gaza, uma área afetada por ordens de deslocamento da população e bombardeios.
A Defesa Civil anunciou no domingo que os ataques israelenses na Faixa de Gaza mataram 43 palestinos, principalmente perto de um ponto de distribuição de água. Na segunda-feira (14), 22 pessoas morreram na Cidade de Gaza, no norte do território, e em Khan Younis, no sul, ambas ainda sob bombardeio do exército israelense.
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