O comentário é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 9,51-62, que corresponde ao 13º Tempo Comum ciclo C do Ano Litúrgico, 29 de junho, publicado por Religión Digital, 23-06-2025.
"Seguir" a Jesus é uma metáfora que os discípulos aprenderam pelas estradas da Galileia. Para eles, significava especificamente: não perder Jesus de vista; não ficar parado longe dele; caminhar, mover-se e dar passos atrás dele. Seguir a Jesus exige uma dinâmica de movimento. Por isso, o imobilismo dentro da Igreja é uma doença mortal: ele mata a paixão de seguir Jesus, compartilhando sua vida, sua causa e seu destino.
As primeiras gerações cristãs nunca esqueceram que ser cristão é "seguir" Jesus e viver como ele. Isso é o fundamental. Por essa razão, Lucas dá tanta importância a três ditos de Jesus.
O primeiro dito de Jesus, dirigido a alguém que se aproximou decidido a segui-lo, é um alerta: "O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça". Nosso instinto de sobrevivência na sociedade moderna tem levado os cristãos a buscar segurança. A hierarquia se esforça para recuperar um apoio social que diminui. As comunidades cristãs perdem peso e força para influenciar o ambiente. Não sabemos "onde reclinar a cabeça". Este é o momento de aprender a seguir Jesus de forma mais humilde e vulnerável, mas também mais autêntica e real.
Segundo dito. A um que lhe pede para ir antes enterrar seu pai, Jesus diz: "Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; tu, porém, vai anunciar o Reino de Deus". Na Igreja, frequentemente vivemos distraídos por costumes e obrigações que vêm do passado, mas não ajudam a gerar hoje vida evangélica. Há pastores que se sentem como "mortos que se dedicam a enterrar mortos". É o momento de voltar a Jesus e buscar primeiro o Reino de Deus. Só assim nos colocaremos na verdadeira perspectiva para entender e viver a fé como Ele queria.
Terceiro dito. A outro, Ele diz: "Aquele que põe a mão no arado e continua a olhar para trás não é apto para o Reino de Deus". Olhando apenas para trás não é possível anunciar o Reino de Deus. Quando a criatividade é sufocada ou a imaginação evangélica é morta, quando toda novidade é controlada como perigosa e se promove uma religião estática, estamos impedindo o seguimento vivo a Jesus. É o momento de buscar, mais uma vez, "vinho novo em odres novos". Jesus pedia isso.