25 Junho 2025
Fórum ocorrerá no Rio de Janeiro e visa discutir políticas locais de mitigação e adaptação.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 25-06-2025.
Uma semana antes da COP30, a presidência da conferência e a Bloomberg Philanthropies realizarão o Fórum de Líderes Locais no Rio de Janeiro, entre 3 e 5 de novembro. O encontro reunirá prefeitos, governadores e representantes subnacionais para discutir soluções climáticas concretas e acelerar o cumprimento das metas globais, informou O Globo.
O anúncio foi feito durante a Climate Action Week de Londres (Reino Unido), com a participação de Michael Bloomberg, enviado climático da ONU, e Ana Toni, CEO da COP30. A intenção é que o Fórum dê espaço para políticas locais que combinem desenvolvimento e redução de emissões, seguindo o espírito de colaboração – ou mutirão – proposto pela presidência brasileira.
Também em Londres, nesta 3ª feira (24/6), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva participou do primeiro Diálogo Europeu do Balanço Ético Global (BEG), iniciativa liderada pelo presidente Lula e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Realizado no Jardim Botânico Real de Kew, o encontro reuniu líderes religiosos, indígenas, jovens, cientistas e outros atores para debater as implicações éticas das mudanças climáticas, complementando as avaliações técnicas do Acordo de Paris.
Já em Paris (França), o g1 noticiou o encontro de prefeitos de quatro continentes na prefeitura da capital francesa para discutir o fortalecimento de ações locais contra as mudanças climáticas, em preparação para a COP30 no Brasil.
Integrantes do grupo C40, que reúne cerca de 100 cidades, discutiram soluções urbanas como transporte sustentável e expansão de áreas verdes. A anfitriã, Anne Hidalgo, prefeita de Paris há dez anos, destacou que a capital francesa reduziu a poluição em 60% com medidas como restrição a carros, mostrando que mudanças são possíveis mesmo em cidades complexas.
O encontro contou com a participação do prefeito do RJ, Eduardo Paes (PSD). Questionado sobre a COP30 em Belém, ele afirmou que o evento será um sucesso, apesar do “negativismo brasileiro”. Comparando com a organização da Olimpíada de 2016 e da Copa de 2014 no Rio, Paes destacou à Folha que eventos anteriores também foram cercados de ceticismo, mas “caminharam superbem”, expressando confiança no mesmo êxito para a conferência climática de novembro no Pará.
O negativismo citado por Eduardo Paes vai além dos brasileiros, e tem lastro nos questionamentos levantados durante as negociações preparatórias em Bonn, na Alemanha, sobretudo sobre a exorbitância dos preços para hospedagem. Segundo o Capital Reset, a questão começa a ganhar ares de crise diplomática. Já o Valor, pontuou que a situação tornou-se um delicado desafio político para o governo Lula, que vê na COP30 uma oportunidade estratégica um ano antes das eleições presidenciais e uma forma de fortalecer sua aliança com o governador do Pará, Helder Barbalho.
No entanto, representantes de países sul-americanos e caribenhos, liderados pelo Chile, já sinalizaram possibilidade de boicote caso os problemas persistam, posição compartilhada pela União Europeia, que expressou forte preocupação com a situação.
Ambientalistas reconhecem o valor simbólico da escolha de Belém, mas alertam que os obstáculos logísticos podem comprometer o princípio fundamental de inclusão que deveria guiar a conferência, num momento em que o mundo precisa urgentemente avançar nas ações climáticas para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
O Sumaúma ressaltou que, apesar dos esforços do governo em apresentar soluções logísticas – incluindo alimentação sustentável com produtos da agricultura familiar e opções vegetarianas -, as críticas persistem em encontros fechados.
Países em desenvolvimento cobram subsídios para suas delegações, demanda que o Brasil estuda atender. As autoridades brasileiras insistem no potencial acolhedor de Belém e na importância simbólica de sediar a COP na Amazônia, mas enfrentam crescente ceticismo internacional sobre a capacidade operacional da cidade para um evento deste porte.
Mas, para quem olha Belém de longe, seja de outro país ou apenas de outro estado, como Rio de Janeiro ou São Paulo, o arquiteto Lucas Nassar convida, no Amazônia Vox, a um olhar analítico menos preconceituoso e mais alinhado com os desafios e potenciais da capital paraense como epicentro das discussões climáticas.
Tasneem Essop, diretora da Climate Action Network, alerta que as discussões sobre mudança climática estão desconectadas das crises geopolíticas atuais, como as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, comparando a abordagem atual a "estar em outro planeta". A ativista sul-africana, com histórico no movimento anti-apartheid, denuncia a erosão do direito internacional e critica a censura da ONU a manifestações sobre os conflitos durante as negociações climáticas, argumentando que ignorar esses contextos torna a agenda ambiental irrelevante. A entrevista completa com a ativista pode ser lida no Valor.