No início deste mês, publicamos um edital aberto para inscrições, pedindo a católicos LGBTQ+ de todo o mundo que apresentassem suas reflexões sobre o Mês do Orgulho como uma Peregrinação de Esperança. Ficamos profundamente comovidos com as respostas que recebemos. Na semana passada, compartilhamos quatro dessas histórias. Hoje, compartilhamos mais quatro. Publicaremos mais nos próximos dias.
A reportagem é de Francis DeBernardo, publicada por New Ways Ministry, 20-06-2025.
Esses quatro católicos vêm dos Estados Unidos, Holanda e Colômbia.
Já fui religiosa, mas não espiritual, e espiritual, mas não religiosa. O trabalho de teólogos queer me ajudou a integrar essas identidades e a encontrar a beleza nas nuances. Há tanto poder em ser capaz de ver além da realidade presente. A afinidade católica pelo mistério e a afinidade queer por quebrar binários me ensinaram a ter esperança e a lutar por mais do que parece possível. Na minha experiência, não há comunidade como a comunidade católica queer. O amor que vi e senti de estranhos e amigos, em sua determinação, altruísmo e abertura, exemplifica verdadeiramente o amor radical de Deus. Essa abertura de mente e coração não conhece fronteiras. A luta interseccional pela dignidade humana liderada por comunidades queer, católicas e, especialmente, católicas queer me impulsiona e me dá esperança. A teologia queer não salvou apenas minha fé católica de berço, mas também minha crença no futuro.
Rachel Esser (Foto: Divulgação/New Ways Ministry).
Vinte anos atrás, eu disse a minha verdade e perdi tudo — minha comunidade de fé, minhas certezas. E, no entanto, uma canção ecoava dentro de mim, uma melodia de graça que continuava a me chamar, mesmo em meio à rejeição.
Durante uma viagem de férias, fui inesperadamente tocado por duas senhoras idosas ajoelhadas diante de um ícone mariano. Algo naquele momento me tocou profundamente. Ao refletir, ficou claro: antes de meus pais se tornarem Testemunhas de Jeová, eles me batizaram no dia de Natal. Aquela água nunca secou. Ela ainda flui. Ela me lembra quem eu sou — eu sou católico.
Minha queerness não se opõe à minha fé: é o limiar através do qual a graça se torna carne. Acredito que as margens não são o limite da história, mas o seu começo. Os excluídos são frequentemente os primeiros a ver a ascensão. É por isso que fico: para testemunhar com ternura, coragem e fogo.
Raymond Hintjes (Foto: Divulgação/Linkedin)
O Orgulho é uma revolta. É um espaço político, cultural, artístico e dissidente de libertação. Nele, há liturgias, rituais e performances que sacralizam a existência LGBTI+. Algo sobre o Orgulho ecoa o que aconteceu no dia de Pentecostes. A primeira vez que participei de uma Parada do Orgulho, cheguei cheio de medo, sobrecarregado de vergonha. Mas aquela multidão me inundou de vida e paixão. Palavras — como línguas de fogo do arco-íris — começaram a jorrar de mim, como se uma chama divina estivesse queimando dentro de mim. Algo em mim mudou: parei de me sentir sozinho. Senti-me parte de algo maior, algo universal. E sei que muitos outros sentiram o mesmo.
Em junho, pessoas de diferentes línguas e lugares ao redor do mundo vão às ruas para dançar, cantar e gritar uma verdade que não pode ser silenciada: nós existimos, somos queer e estamos aqui. Mesmo que queiram que a gente vá embora, mesmo que tentem nos silenciar, nos perseguir ou nos criminalizar — nós estivemos, estamos e estaremos aqui. O orgulho é uma força comunitária e universal. É profecia: um grito coletivo por salvação que nos lembra que nos unir é, em si, um ato sagrado.
Anderson (and) Santos Meza (Foto: Divulgação/Instagram).
Ainda me lembro de uma das minhas primeiras missas dominicais, que assisti na Paróquia de Santa Maria da Universidade Central de Michigan, em 2005, menos de um ano depois de Michigan ter alterado sua constituição para proibir casamentos entre pessoas do mesmo sexo – graças, em grande parte, à hierarquia católica do estado. Eu era um calouro que sabia que era gay, mas não estava pronto para aceitar esse fato.
O padre associado, Joe Frankenfield, dava as boas-vindas aos novos alunos e nos informava sobre ministérios e outras oportunidades. Vinte anos depois, tudo o que me lembro dele dizendo era que todos éramos bem-vindos, independentemente de sermos gays ou heterossexuais.
Scott Urbanowski (Foto: Divulgação/Facebook).
Esse trecho das observações de Joe transformou minha visão do amor de Deus por todos. Sua palestra deu início a uma longa série de eventos que me levaram não apenas a aceitar minha própria identidade, mas também a me assumir publicamente pela primeira vez nos comentários de uma publicação do Padre James Martin no Facebook, vários anos depois.
Obrigado, Joe.