17 Junho 2025
Quem acredita que o mal pode ser erradicado aspira à mudança de regime, e o faz tanto em Teerã quanto no mundo árabe. O caminho do "eixo de resistência" é representado pela maioria dos árabes que raciocinam assim como uma extensão de escombros. Quem não acredita que o mal possa ser erradicado duvida, teme. Como expressar essa ideia em termos políticos? Talvez dizendo que "o mal precisa ser contido".
O artigo é de Riccardo Cristiano, jornalista italiano, publicado por Settimana News, 16-06-2025.
O Papa Leão XIV, ao intervir no dramático capítulo da guerra no Oriente Médio, fez um apelo por um diálogo sincero. Para que esse diálogo seja verdadeiramente eficaz, considero crucial a disposição de ouvir e compreender todas as dores, as diversas esperanças e, consequentemente, as diferentes narrativas. Por isso, este texto busca apresentar uma dessas narrativas: a daqueles no mundo árabe (e, em pequena medida, em vozes iranianas) que veem o regime dos aiatolás e seu "eixo de resistência" como inimigos.
Para essa narrativa árabe, o "eixo" "eliminou classes dirigentes árabes inteiras". Definindo-o como "filho de um pensamento apocalíptico", essa narrativa não o considerou um "eixo" antagonista, mas sim imperialista. Este é o primeiro ponto de interesse, mesmo que um imperialismo não exclua outros. Como todas as perspectivas, esta também não é "a verdadeira", mas ajuda a compreender a complexidade dos ressentimentos no Oriente Médio. A divisão entre bons e maus, como sempre, também pode ser encontrada nesse ponto de vista, e, como sempre, aqui também há pontos que merecem a atenção indispensável para o diálogo.
Podemos começar com uma observação que não se refere diretamente a isso; encontrei-a no melhor site de análise do Oriente Médio, o Al-Monitor: nas últimas horas, ele escreveu que, entre tantas coisas, a ostentação e a riqueza em que viviam os chefes do regime iraniano e seus onipresentes ramos militares – responsáveis por décadas de repressão – devem ter impressionado os iranianos. Uma ostentação e riqueza que as ações militares contra eles realçaram, em contraste com as condições de pobreza em que vive a população comum. Podemos começar por aqui porque, por anos, essa acusação foi o cavalo de batalha khomeinista contra as coroas árabes; agora Teerã deve temê-la?
É preciso reiterar que não se pretende representar tudo aqui, por exemplo, o surgimento repentino, no lugar da paz quase anunciada por Trump, da guerra contra o Irã para pôr fim ao seu projeto nuclear, ao seu "eixo de resistência" e, para alguns, para tentar mudar o regime. O que pensam os círculos árabes mais evidentemente hostis aos aiatolás? A frente é variada; o governo será mencionado apenas no final: essas opiniões emergem das opiniões de algumas elites.
O campo árabe hostil aos aiatolás e ao seu "eixo de resistência" parte frequentemente da extensão dessa constelação de milícias pró-iranianas, mas quase exclusivamente árabes (com exceção de seu promotor, o corpo revolucionário dos Pasdaran iranianos), fundadas na militarização de grande parte das comunidades árabes xiitas. Os xiitas, deve-se acrescentar, são pessoas como as outras, mas sofreram discriminação nos séculos passados no espaço otomano. Isso facilitou o empreendimento que transformou essas comunidades em espaços milicianos e os partidos a elas ligados em partidos com uma agenda iraniana, não nacional.
Do que se trata? De que milícias estamos falando? Lideradas por anos pelo Hezbollah libanês, um autêntico Estado no frágil Estado libanês, foram criadas no Iraque – cerca de sessenta milícias reunidas no cartel denominado "Forças de Mobilização Popular" –, na Síria, sob a crescente proteção do regime de Bashar al-Assad enquanto ele esteve no poder, e, posteriormente, no Iêmen, onde justamente nestas horas seu líder foi eliminado; normalmente os chamamos de "Houthi". Mas esse "eixo" não se resume a isso.
Surge, então, uma característica: "O eixo de resistência foi construído pelos khomeinistas iranianos, xiitas teocráticos, baseando-se em xiitas árabes, como se fossem xiitas mais facilmente sacrificáveis". Isso indica a hostilidade, antiga, entre persas e árabes. Isso, deve-se ainda acrescentar para ser completo, surgiu, no entanto, após a guerra movida pelo Iraque contra o Irã em 1980, com muitos apoios e que terminou apenas em 1988. É isso, para outros comentaristas, que teria levado o khomeinismo a maior agressividade.
Uma narrativa árabe, porém, afirma que quando Khomeini se instalou em Teerã, no final dos anos setenta ou logo depois, recebeu Yasser Arafat. Embora Khomeini falasse árabe, dirigiu-se a Arafat em farsi, com um intérprete, e disse-lhe para chamar sua luta não de "palestina", mas de "islâmica". Arafat teria respondido que sua luta abrangia todos os palestinos, tanto cristãos quanto muçulmanos, e que, portanto, continuaria a ser chamada assim. O episódio indicaria que o expansionismo, teocrático e islamista, era fundacional para Khomeini.
Prosseguindo: em 16 de novembro de 1992, o governo israelense expulsou centenas de militantes do Hamas, baseados principalmente na Cisjordânia, para o sul do Líbano. Isso, na opinião de alguns, teria facilitado o encontro inesperado entre os sunitas do Hamas e os xiitas do Hezbollah, organização teocrático-khomeinista que, como mencionado, se tornaria a cabeça do "eixo de resistência". Estamos diante de sujeitos pertencentes a dois campos religiosos divididos por uma acidez plurissecular. Em tempos posteriores, o Hamas foi citado, inserido ou associado ao "eixo de resistência". Uma novidade surpreendente, se lembrarmos o que acontecia poucos anos antes.
Muitas vezes se escreve, corretamente, que a fatwa contra Salman Rushdie foi emitida pelo aiatolá Khomeini em 1989. Isso está certo. Mas é ainda mais correto escrever que essa fatwa foi emitida em 14 de fevereiro de 1989. A importância histórica dessa precisão foi explicada por Gilles Kepel, lembrando-nos que em 15 de fevereiro de 1989 o exército soviético completaria sua retirada do Afeganistão, entregando a vitória "política" aos mujahidin do povo, extremistas islamistas de rito sunita, enquanto Khomeini era um extremista islamista de rito xiita. Em suma, para Kepel, Khomeini agiu antecipadamente, tirou de seus contendores a palma da vitória, o título de líder da revolução islamista: o enorme eco que essa fatwa teve permitiu-lhe afirmar, de fato, que o vencedor global era ele, não eles.
O caminho do khomeinismo como "revolução a ser exportada" havia começado uma década antes, com o autêntico golpe de Khomeini, como ouvi de um estudioso iraniano, quando teve início a crise dos reféns americanos, que envolveu 52 diplomatas americanos, mantidos como reféns de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981. Se a ação ocorreu em 4 de novembro, em 5 de novembro de 1979, o chefe do governo provisório em Teerã, Mehdi Bazargan, renunciou: um islamo-democrata respeitável, ele havia entendido que as reformas democráticas que propunha haviam sido declaradas impossíveis. À revolução iraniana, fenômeno muito articulado e com muitas faces, sucedeu a revolução teocrática, e os Pasdaran teriam a tarefa de exportá-la.
Essa exportação, que sempre teve em Israel e nos Estados Unidos seus inimigos declarados, visava, no entanto, à conquista do islã, derrubando a liderança árabe, definida como inepta e corrupta, além de vendida ao inimigo americano. Conquistar o islã significava conquistar a "terra do islã"; a conquista abrangia o Iraque, com sua sede califal, Bagdá; a Síria, com sua sede califal, Damasco; o Líbano, saída existencial para o Mediterrâneo, terminal do sempre almejado gasoduto que deveria conectar Teerã ao Mare Nostrum. Um projeto concreto, imperial, de refazer o império persa, sobrepunha-se a um projeto político-religioso, teocrático. Uma empreitada semelhante exigia uma bandeira ideológica sob a qual buscar legitimidade: e se a questão palestina fosse resolvida, essa bandeira desapareceria.
Um acordo israelense-palestino tiraria do Irã e de seu "eixo de resistência" o próprio objeto da resistência, "islâmica". Enquanto isso, lutava-se para eliminar os moderados, portadores de outra visão, com uma série de crimes políticos, como o assassinato, em 2005, do ex-primeiro-ministro libanês, o sunita Rafiq Hariri. Uma sentença do Tribunal Internacional reconheceu como culpados desse crime operadores do Hezbollah, a cabeça do "eixo de resistência". Foi o episódio mais marcante dos tantos ocorridos.
Nesses anos de ascensão, o eixo da resistência se apresentou como o "sujeito do resgate", e recentemente sofreu golpes duríssimos, e agora a guerra contra o Irã produz o obscurecimento objetivo da guerra de Gaza; com o novo conflito, fala-se muito pouco dele, a iniciativa franco-saudita para relançar a proposta "dois povos, dois estados" foi adiada justamente pela explosão desse novo conflito que impedia o príncipe saudita Bin Salman de voar: além disso, o voto pelo cessar-fogo imediato que pela primeira vez obteve o sim europeu, na presença do veto estadunidense, desapareceu por ter ocorrido nas horas imediatamente anteriores ao ataque israelense.
Aqui se representa apenas a percepção árabe de um projeto iraniano muito semelhante ao de seus inimigos: desenhar um Novo Oriente Médio. Em seu projeto, as relações que mudavam prioritariamente eram as islâmicas: um grande acadêmico árabe, libanês, viu em sua base a vingança pela derrota sofrida nos tempos de Alexandre, o Grande, a derrota do império persa, que agora se pretendia refazer. Quem falou sobre isso em nossos jornais muitas vezes se referiu a ela como a "meia-lua xiita", dada também a forma territorial que esse espaço imperial iraniano viria a assumir.
Esse projeto teve na ameaça nuclear um objetivo declarado, Israel, e um menos citado: as monarquias árabes do Golfo, elas também, obviamente, no raio nuclear.
Assim, esses círculos árabes criticam a escolha de Obama: ele optou por negociar com o Irã sobre o nuclear, mas sem incluir na negociação o expansionismo territorial, a reconstrução em curso do império informal, de Teerã a Beirute. Um expoente dessa tendência árabe recentemente explicou assim o erro de Obama: diante dos sunitas da Al-Qaeda e dos sunitas do ISIS, ele concluiu que havia um problema com os sunitas, decidindo que era melhor negociar com os xiitas. Mas as interferências transversais, em sua opinião, Obama não soube ler. Tenho certeza de que ele se referia à "cloaca obscura" de serviços desviados e vários mercadores que, para o Padre Dall'Oglio, gravitavam em torno desses e de outros terrorismos. Este capítulo, porém, seria muito complexo para resumir.
Chegamos assim ao presente. Em 10-03-2023, sauditas e iranianos, com o restabelecimento das relações diplomáticas em Pequim após anos de frieza, passaram ao diálogo: a iniciativa, inicialmente cercada de ceticismo, estava produzindo resultados, e a chave final para alguns poderia ser um centro regional para produzir energia nuclear civil para todos: sauditas, iranianos e emiradenses. Seria essa a ideia central das negociações entre iranianos e americanos? Não sei. Mas é possível que essa intenção visasse a expandir-se na região para "aproximar a paz", ampliando-a.
Essa via ainda é possível? Parece que não, visto que as conversas em Omã foram canceladas. Restaria a outra opção, a que é chamada de "cortar a cabeça da serpente". As palavras do príncipe saudita Bin Salman, para quem Israel violou o direito internacional, a rejeitam, apesar das hostilidades entre sauditas e iranianos.
As coroas do Golfo detestam a desestabilização regional. Aqui se fala de governos, não de outras opiniões como as até agora representadas: esses governos, para alguns, temem a semente da revolta contra os regimes, retórica usada contra eles por anos por Teerã e que hoje atinge Teerã, mas eles poderiam temer uma nova difusão, como aconteceu em 2011. Depois, há a retaliação mais simples que Teerã poderia usar contra eles: fechar o estreito de Ormuz, por onde passa muito petróleo árabe.
Para alguns, a ideia de "cortar a cabeça da serpente" pode satisfazer o desejo de acabar de uma vez por todas com o khomeinismo e suas consequências, mas assusta os governos, ao menos na ausência de uma perspectiva de estabilidade que, para eles, deveria incluir Gaza. Seria a perspectiva política, aquela que hoje não se vê.
Quem acredita que o mal pode ser erradicado aspira à mudança de regime, e o faz tanto em Teerã quanto no mundo árabe. O caminho do "eixo de resistência" é representado pela maioria dos árabes que raciocinam assim como uma extensão de escombros. Quem não acredita que o mal possa ser erradicado duvida, teme. Como expressar essa ideia em termos políticos? Talvez dizendo que "o mal precisa ser contido".
Sob anonimato, um iraniano aceitou dar sua opinião ao portal de informações Ytali, uma avaliação do estado atual das coisas no Irã que me impressionou: "Não há apoio ao regime. Mas isso não implica um apoio automático a uma mudança de regime com a marca Netanyahu. Especialmente se acompanhada do habitual excedente de mortes colaterais entre civis. Pelo menos cem, senão mais até agora. Não há uma oposição coerente e já em campo que possa dar um empurrão. Não estamos na reta final de uma rebelião".